Caminhão é sinônimo de acidentes

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Caminhão é sinônimo de acidentes

São Paulo, 7.8.06 – Não só as estradas esburacadas e o mau tempo são responsáveis por acidentes nas rodovias brasileiras. A maioria dos casos envolvendo veículos de carga é provocada por falta de atenção do motorista, excesso de velocidade, ultrapassagens proibidas e sono. Os acidentes ocorrem em pistas bem conservadas, à noite, e com tempo bom, segundo pesquisa do Centro de Estudos em Logística do Instituto Coppead, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Todo ano, 34 mil pessoas morrem nas rodovias do País.
?O trabalho mostra que não adianta ter boa malha rodoviária se a sinalização não for adequada e a fiscalização, rígida?, avalia o professor Paulo Fleury, responsável pelo estudo Custos de Acidentes e Mortes no Transporte Rodoviário de Carga, que será apresentado no 12º Fórum Nacional de Logística, entre os dias 14 e 16, no Rio.
Segundo Fleury, em pistas de melhor qualidade, os motoristas abusam da velocidade para aumentar a produção. Algumas vezes, tentam recuperar o tempo perdido em estradas mais precárias, onde a velocidade é reduzida. Resultado é que 66% dos acidentes ocorrem por falha humana, principalmente imprudência (43%). A má condição das estradas é apontada em 47% dos casos. O estudo coletou dados de acidentes – que podem ter mais de uma causa, por isso a soma ultrapassa 100% – ocorridos no Brasil em 2005.
O levantamento compara as estatísticas nacionais com outros países e, mais uma vez, o Brasil está no topo do ranking mundial de mortes em estradas. Enquanto nos Estados Unidos morrem 6,56 pessoas a cada mil quilômetros de rodovias, aqui o número é quase nove vezes maior: 65,75. Nos EUA existem 6,4 milhões de quilômetros de estradas, enquanto no Brasil há apenas 1,7 milhão.
Na malha brasileira, estima-se que ocorrem 280 mil acidentes anuais. Os veículos de carga são responsáveis por 91 mil casos e prejuízo de R$ 7,3 bilhões. Esse valor inclui R$ 3,6 bilhões com perda de rendimento futuro da vítima; R$ 1,2 bilhão de custos médico-hospitalares; R$ 1,7 bilhão de perda de carga; R$ 450 milhões com danos ao veículo, e R$ 407 milhões adicionais.
O acidente mais comum nas estradas brasileiras é o tombamento, com 47% do total, resultado da imprudência de motoristas que andam em alta velocidade e com carga acima do permitido. Essa situação ocorre pela ausência de balanças nas rodovias, como a BR-116. Há cerca de dois meses, os 50 mil quilômetros de rodovias federais do País contavam com só 15 balanças fixas em operação.
O estudo mostra que o Sudeste concentra 42,6% dos acidentes. Das ocorrências em rodovias federais, 40% ocorreram na BR-116 (23%) e na BR-101 (17%).
Na avaliação do presidente da Federação das Empresas Transportadoras de Cargas do Estado de São Paulo (Fetcesp), Flávio Benatti, vários fatores contribuem para deteriorar o quadro de violência nas estradas. O primeiro é que pelas rodovias passam 60% das cargas transportadas no País. Além disso, o setor não tem regra própria. ?Qualquer um pode entrar?, Benatti explicou que há um projeto de lei, travado no Congresso, para definir regras e obrigações.
Para o coordenador do SOS Estradas, Rodolfo Rizzotto, o principal problema é a jornada dos caminhoneiros, que trabalham sete dias por semana. Para profissionais autônomos, as empresas pagam bonificação se a carga for entregue no prazo. ?Isso faz eles dobrarem o dia dirigindo à base de rebite e com excesso de carga?.
Fonte: O Estado de São Paulo

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