Álcool e direção

Florianópolis, 2.1.08 – Conduzir um veículo constitui ato de extrema responsabilidade. Quem estiver disposto a dirigir deve estar ciente de que não basta estar devidamente habilitado, conhecer as regras de trânsito, andar na velocidade compatível com a pista. É preciso muito mais do que executar tais obrigações mínimas. É fundamental que o motorista conscientize-se de que o ato aparentemente trivial encerra um sem-número de desdobramentos que podem incorrer em funestas conseqüências para si próprio e para terceiros. Que se tome como exemplo o caso da ingestão excessiva de bebidas alcoólicas. A legislação estipula o limite de consumo em 0,6 grama de álcool por litro de sangue, o equivalente ao consumo de três latinhas de cerveja. Se para alguém disposto a se divertir essa quantidade pareça irrisórias, para quem conduz um veículo ela pode representar a fronteira entre o domínio sobre uma máquina possante e o descontrole fatal. Eis porque é tão preocupante a constatação de que o consumo abusivo de álcool por motoristas vem aumentando.
A Polícia Rodoviária Federal identificou em 2007, em Santa Catarina, um número de motoristas embriagados 33% superior ao de flagrados no ano anterior – 612 condutores, contra 458. Se levarmos em consideração que as polícias rodoviárias vêm atuando com parcos recursos e pessoal insuficiente, chegaremos à conclusão de que os identificados representam apenas uma parte mínima do universo de infratores. Confirma este raciocínio um estudo do Instituto Médico Legal de São Paulo segundo o qual 56% dos motoristas mortos em 2005 na capital paulista em acidentes de trânsito estavam alcoolizados. Importante frisar que a pesquisa não computou os que morreram vítimas de acidentes provocados por bêbados e os embriagados que se acidentaram mas não vieram a óbito.

Essa infantilidade cultural brasileira – como muitos especialistas definem a facilidade com que no país se aceita a embriaguez ao volante – pode ser aferida nos finais de semana. Entre os jovens, é comum a idéia de que o consumo de algumas doses pode até potencializar os reflexos. Nada mais errado. Assim, a falta de consciência, a escassez de pessoal para fiscalização nas cidades e rodovias e a impunidade formam uma combinação que faz do Brasil um dos campeões mundiais em mortos e mutilados no trânsito. Um dado eloqüente: em São Paulo, a Associação de Assistência à Criança Deficiente viu-se obrigada a expandir sua atuação, tal o número de vítimas de acidentes de trânsito que a procuravam. Naquela instituição, no primeiro semestre de 2007, os acidentes de trânsito foram responsáveis por 42% dos casos de paraplegia e tetraplegia registrados, contra 28% dos casos determinados por disparos de arma de fogo.
Diante de tamanho descalabro no trânsito nacional, o poder público deve ser mais rigoroso com os infratores. Trata-se de salvar vidas. Fonte: Editorial Diário Catarinense

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