BR-101 Sul: Corredor de oportunidades

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BR-101 Sul: Corredor de oportunidades

Tubaṛo, 7.7.08 РAl̩m de um gigantesco canteiro de obras, com a duplica̤̣o, o trecho Sul da BR-101 em Santa Catarina tornou-se um corredor de oportunidades, que impulsiona o crescimento econ̫mico, gera renda e cria novos empregos.
Os terrenos às margens da rodovia triplicaram de valor. Em busca de logística ou visibilidade, mais empresas se instalam nos municípios cortados pela 101. E as praias do Sul estão recebendo mais investimentos, numa aposta de que a movimentação turística também será duplicada.
As obras na rodovia ainda estão pela metade, e a mudança de perfil é nítida na região. São vários os projetos e oportunidades de emprego: shoppings, paradouros, hotéis, autopostos, galpões, lojas de varejo e atacado, condomínios residenciais e industriais, loteamentos, bares, restaurantes, pontos turísticos.
– A duplicação da BR-101 vai mudar o perfil do Sul do Estado – garante o secretário de Desenvolvimento de Laguna, Natanael Wisintainer.

Visibilidade fortalece novas marcas em SC

Por conta do otimismo na região, há mais de um ano os terrenos às margens da rodovia tiveram alta valorização. Segundo Vitor Basso, proprietário do Restaurante Japonês, em Sombrio, o terreno que comprou para implantar novo negócio em São João do Sul dobrou de preço de um ano para o outro.
РEm alguns locais, a valoriza̤̣o ̩ exagerada. Em alguns casos, chega a 500%, mas, no geral, os terrenos triplicaram de pre̤o Рdiz Ant̫nio Carlos Rodrigues Pereira, que tenta vender por R$ 400 mil um terreno de 60 mil metros quadrados em Capivari de Baixo.
Diretor da distribuidora gaúcha de combustíveis RodOil, Roberto Tonietto diz que instalar postos na 101 Sul garantirá a visibilidade necessária para a marca se consolidar no Estado.
Já são 40 postos em SC e o objetivo é implantar mais 20 em 12 meses, com investimento de R$ 10 milhões. Na semana passada, a RodOil inaugurou um posto em Laguna. Em Sombrio há outro em construção. E em Araranguá, serão mais dois novos estabelecimentos num futuro próximo.

Araranguá

Em Araranguá, as obras de duplicação da BR-101 vão tirar a rodovia de dentro da cidade. Para se manter no ramo em que atua há 46 anos, a família Becker, proprietária do restaurante e hotel Becker, vai implantar dois novos paradouros às margens do futuro traçado da estrada, com investimentos de quase R$ 5 milhões e geração de empregos.
De acordo com Elvis Becker, o projeto está pronto, e o terreno, de 1,6 mil metros quadrados, comprado. As obras ainda não começaram porque faltam licenças ambientais, já que o empreendimento vai contar com postos de gasolina, restaurante, hotel e lojas.
– O estabelecimento nem saiu do papel e das 12 salas para alugar que teremos, oito já estão reservadas – diz ele.
Becker aguarda o desfecho da BR-101 na região, a liberação dos recursos e as licenças para dar início às obras, previstas para durar 11 meses. Segundo ele, a duplicação interessa tanto que não faltaram parceiros.
– A distribuidora RodOil será nossa parceira, responsável pelo abastecimento dos dois postos, um de cada lado da rodovia. A duplicação também será boa para os nossos negócios. O atual hotel vai deixar de ser de beira de estrada para ficar na cidade. Estamos investindo R$ 200 mil em melhorias e o ampliando em 40 quartos.
Na etapa inicial do projeto – posto, restaurante e lojas no lado do sentido Sul/Norte – , serão investidos R$ 1,6 milhão. O montante total, de R$ 4,9 milhões, só será viabilizado com a construção do hotel em estilo germânico na margem do sentido Norte/Sul.
– Vão subir mais gaúchos com a duplicação. E os paulistas vão descer às praias do Sul com a rodovia pronta.
O reflexo da duplicação, diz Becker, pode ser sentido em toda Araranguá, onde há um boom imobiliário e interesse de investidores de fora de SC.

São João do Sul e Sombrio

Um dos paradouros às margens da BR-101 mais movimentados do Sul do Estado, o Restaurante Japonês prevê ampliações para atender a maior demanda com a duplicação.
O proprietário do estabelecimento, Vitor Basso, também vai investir em novas instalações em São João do Sul, para implantar o primeiro ponto de parada ao Sul de Santa Catarina.
Por enquanto, o Bela América é apenas uma placa no trevo de acesso de São João do Sul, no Km 457.
– Inicialmente, terá posto de gasolina e restaurante. Mas, no futuro, queremos fazer um pórtico turístico, com shopping para aproveitar a localização estratégica do terreno, e implantar o primeiro ponto de parada para quem vem do Rio Grande do Sul e entra no Estado – diz.
Basso também está investindo na ampliação do shopping de atacado e varejo, junto ao Restaurante Japonês, já consolidado no trevo de Sombrio. A área atual, que comporta 34 lojas e uma praça de alimentação com 400 metros quadrados, vai dobrar de tamanho.
Uma nova praça está sendo construída e onde a antiga ficava ficarão mais nove lojas. O pavilhão de vendas em atacado também será ampliado na sua área em 40%.

Imbituba

Além de impulsionar o comércio de varejo e atacado de confecção já existente às margens da 101 em Imbituba, a duplicação da rodovia deve ajudar a ressuscitar a Zona de Processamento de Exportação (ZPE), há anos paralisada no trevo de acesso ao porto local.
O presidente da ZPE, Manoel Vitor Cavalcanti, diz que a aprovação de acordo no Congresso, que aguarda a sanção presidencial nas próximas semanas, garantiu a reativação da ZPE, mas o impacto da obra da BR-101 e do novo terminal do Porto de Imbituba auxiliaram a criar interesse nas empresas de exportação.
No pólo de confecção localizado na rodovia, as obras de duplicação estão acelerando as ampliações e instalações de novos empreendimentos. Na Ferju, tradicional ponto de parada, a expectativa é de que o fluxo de turistas também duplique.
– Vamos fazer uma sala de espera com internet, televisão e espaço para as crianças, assim os adultos têm mais tempo para as compras. Vamos ampliar o mix de produtos e construir uma área maior. O projeto está pronto e começa a ser executado nas próximas semanas – afirma a dona da loja, Maria da Rosa. A região ainda conta com os centros de compras Feirão e World.

Garopaba

Praia preferida dos gaúchos que visitam SC na alta temporada de verão, Garopaba aposta na significativa redução no tempo de viagem que a duplicação da BR-101 vai proporcionar aos vizinhos do RS para se tornar o terceiro principal destino turístico do Estado. E já se prepara para isso.
O presidente da Associação Comercial e Industrial de Garopaba (Acig), Douglas Beltrão, afirma que, pela primeira vez na história do município, foi formado um cluster de turismo para que os vários segmentos do setor possam ampliar as opções aos visitantes.
– Antes tínhamos praia e pousadas. Agora, mudou a postura de encarar o turismo. Há quatro anos, os turistas deixavam aqui US$ 22 milhões por temporada e estávamos em sétimo lugar no ranking do Estado. No último verão, foram US$ 42 milhões, que colocaram o município como quarto destino turístico de SC. Com a duplicação da BR-101, vamos ultrapassar Bombinhas. Lá não há espaço geográfico para expansão. Aqui temos muita área ainda – explica.
A perspectiva dos empresários da região é que dos 150 mil turistas de verão, o município passe a receber 250 mil.
Os preparativos para tanto incluem ampliações na rede hoteleira, criação de mais opções de lazer e novos empreendimentos com investimento de fora do Estado.
– Os loteamentos se multiplicam para atender à procura.

Laguna e Içara

Embora ainda sem modificações visíveis, Laguna deposita todas as expectativas na duplicação da BR-101 Sul para alavancar o seu crescimento econômico.
Em Içara, muitas obras já estão prontas. Cortado pela rodovia, o município recebe empresas que buscam facilidades de distribuição dos seus produtos e serviços. Em cidades menores, a duplicação é atrativo para conquistar novos investimentos.
Um estaleiro naval negocia a sua instalação no porto de Laguna. A perspectiva é que o porto pesqueiro também tenha incremento com o final das obras nos molhes Sul e maior logística de escoamento da produção com a duplicação.
– A área imobiliária está crescendo com investimentos de fora da cidade. A gaúcha Tedesco está construindo um campo de golfe no município e novas indústrias de pescados pretendem se instalar em Laguna – diz o secretário de Desenvolvimento, Natanael Wisintainer.
Em Içara, o movimento de empresas que deixam o interior da cidade para ampliar as instalações no distrito industrial às margens da 101 é grande. Novas empresas de outros municípios também buscam a proximidade com a rodovia.
A empresa Mime, distribuidora de combustíveis, realiza obras numa área de mais de 10 mil metros quadrados a poucos metros da rodovia, onde pretende instalar um centro de distribuição. Conforme o diretor da empresa, Wander Zapella, o objetivo é distribuir, a a partir de Içara, 4 milhões de litros de combustíveis por mês.

Mãos à obra em Tubarão

Segundo maior município do Sul do Estado e pólo econômico da região por sua localização estratégica e dividido pela BR-101, Tubarão é a cidade onde mais se percebe a transformação que a duplicação da rodovia está promovendo. No período de um ano, as principais concessionárias de veículos saíram do Centro da cidade para se instalar às margens da 101, que também abrigam as obras de um shopping de decoração, restaurante e centro de compras.
O gerente de vendas da concessionária Volkswagen Kolina, Rogério Lenz, explica que a sua empresa optou por focar na BR-101 para abrir a mais recente filial porque ali se formou um pólo automobilístico que garante visibilidade para as marcas, além de clientela para as oficinas mecânicas.
– Várias concessionárias migraram para cá. As pioneiras foram Chevrolet e Ford. Neste último ano, vieram Fiat, Volkswagen, Peugeot e Honda. E se ouve falar que a Toyota está buscando um terreno para se instalar também – diz Lenz.
O interesse de vários lojistas criou uma oportunidade que começa a tomar forma como o Centro Comercial Tubarão, empreendimento ainda em obras, mas que deve abrir as portas em outubro.
Administradora do futuro centro de compras, Mônica Gonçalves, ressalta que o local é estratégico, situado entre o trevo do acesso Norte e o trevo principal da cidade, e vai abrigar 48 salas numa área construída de 3,5 mil metros quadrados.
– Nosso foco é o turista de compras. Teremos estacionamento com 200 vagas, inclusive para ônibus, churrascaria, cafeteria e um mix de produtos variado, desde confecção e calçados até acessórios e cama, mesa e banho. A movimentação financeira deve ficar em torno R$ 1 milhão por mês – explica Mônica.

Dono de loja amplia estabelecimento

Há 20 anos no Km 342 da BR-101, a empresa Aquasol já começa a receber vizinhos. O proprietário da Aquasol, Adori Pereira dos Santos, viu na duplicação uma oportunidade imperdível de expandir os negócios. O empresário aproveitou o terreno que possui e ampliou as instalações, criando um shopping focado em decoração e acabamento.
– Já fechamos com uma loja de metais, temos a Janela Bonita já instalada e, no andar de cima, teremos um restaurante. Existe apenas uma churrascaria num raio de 50 quilômetros – conta.
A dona da Janela Bonita, Jucelane Oliveira, afirma que decidiu abrir uma filial às margens da BR-101 (a matriz fica no Centro de Tubarão) porque atende a uma clientela de toda a região Sul.
РAssim os clientes ṇo perdem tempo entrando na cidade Рexplica.

Ofertas por todo o caminho

As placas de venda de terrenos multiplicam-se ao longo do trecho Sul da BR-101 em SC, assim como as oportunidades de aluguel e compra de galpões para a instalação de empresas.

Os preços e metragem são os mais variados. A única coisa em comum a todos é a valorização.

Conforme a corretora de Içara Daniela Santos, a procura por imóveis às margens da rodovia é muito grande e maior do que a oferta. Entretanto, os preços estão supervalorizados. Um terreno anunciado pela imobiliária custa R$ 1 milhão.
– A cidade está em crescimento e a duplicação é um atrativo. Mas a valorização dos preços é absurda. Passa de 500% em poucos anos nos terrenos com localização mais privilegiada – diz a corretora.
Em Sombrio, o corretor Anero Kozuchovski, da imobiliária Imav, afirma que apenas este ano o preço de alguns terrenos aumentou 50%. Principalmente os mais próximos aos trevos.
– Isso que as obras de duplicação entre Sombrio e Araranguá estão atrasadas – observa.
Valmira Heber, da empresa Raquel Imóveis, destaca que a procura é maior do que a oferta de imóveis na BR-101. E o aumento no preço dos aluguéis de galpões passa de 30%. Um imóvel com 600 metros quadrados, em Içara, está para alugar por R$ 2,35 mil mensais.

Palhoça

O município de Palhoça, na Grande Florianópolis, colhe os benefícios da duplicação desde que os primeiros seis quilômetros foram duplicados juntamente com o trecho Norte da BR-101.
Mas a previsão da conclusão total da rodovia abriu um leque ainda maior de oportunidades e empregos. Centros de distribuição, distritos industriais e condomínios se multiplicam na cidade.
O prefeito Ronério Heiderscheidt acredita que Palhoça é a bola da vez por causa da duplicação da BR-101, da sua proximidade da Capital e do aeroporto internacional, além de ser cortada também pela BR-282 e ter vários portos num raio de apenas 70 quilômetros.
– Recebemos investidores diariamente pela posição estratégica de logística e em função da duplicação. Já são cerca de R$ 5 bilhões em investimentos, que devem se consolidar dentro de mais dois anos – afirma Heiderscheidt.
Tanto a Lojas Renner quanto a Ambev, duas marcas fortes, instalaram centros de distribuição no município. O grupo paulista Rodobens Negócios Imobiliários vai investir, em três anos, cerca de R$ 540 milhões na construção de um condomínio numa área de 1,8 milhão de metros quadrados. O empreendimento vai gerar 600 empregos.
Um shopping e um hotel devem ser erguidos no loteamento Pagani, numa área de 61,5 mil metros quadrados. O município ainda prevê um pólo náutico com investimento de R$ 50 milhões e estimativa de gerar 5 mil novos empregos, através da atração de 60 empresas, como estaleiros, marinas, hotéis e restaurantes. Fonte: Diário Catarinense

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