Florianópolis, 11.107 – Primeiro. a informação; depois a dúvida. A ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, chegou a afirmar que o governo teria desistido das privatizações e poderia criar uma estatal para administrar praças de pedágios federais em todo o PaÃs. Ontem recuou: “Não há nada certo”, disse.
Proposta
Para o presidente da Fetrancesc, Pedro Lopes, anúncio é o inÃcio de diálogo necessário para o tema
Segundo Dilma, as parcerias público-privadas (PPPs) devem ser mantidas. “Elas (as privatizações) podem sair dentro de um novo modelo. Ainda não sabemos qual.” O governo federal alega que vários trechos receberam investimentos públicos nos últimos anos e que seria injusto repassar estas estradas para a iniciativa privada.
A proposta já provocou repercussão no paÃs e em Santa Catarina. Na sinuosa discussão, as entidades se dividem. A Federação das Empresas de Transportes de Cargas do Estado de Santa Catarina (Fetrancesc) considera ótima a proposta. Para a Associação de Engenheiros e Arquitetos do Médio Vale do ItajaÃ, a idéia é péssima. O Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea-SC) diz que o importante é a qualidade do serviço.
Com parte das rodovias federais restauradas e em estado razoável, Pedro Lopes, presidente da Fetrancesc, acredita que o governo deve seguir adiante com a proposta. Para Lopes, com o governo no comando, o pedágio seria mais acessÃvel. Ele afirma que as concessionárias estabelecem os preços com base em rodovias que precisam ser construÃdas, e não apenas mantidas, como é o caso do trecho Norte da BR-101. “Esse é o diálogo que todos nós estávamos aguardando e cobrando há algum tempo. Acho que o processo será mais transparente se formos lidar com o governo”, prossegue.
Segundo a Fetrancesc, é importante também discutir o modelo de pedágio a ser implantado. Na Europa e em paÃses latinos como México e Chile, há pedágios em que se paga por quilômetro rodado. Essa tecnologia pode perfeitamente ser implantada aqui. Nosso Estado tem plenas condições”, diz. Nesse procedimento, o usuário paga quando sai da rodovia. O pagamento é feito por débito em conta ou mesmo cartão de crédito.
Para engenheiros, o importante é a qualidade
A Associação de Engenheiros e Arquitetos do Médio Vale do ItajaÃ, uma das mais atuantes no assunto rodovias, diz que o modelo privado ainda é o menos pior. “Já temos exemplos de estradas privatizadas no Rio Grande do Sul e no Paraná que estão péssimas. E o valor cobrado é alto”, diz o presidente Juliano Gonçalves.
Ele acredita que a cobrança do governo não seria revertida para a melhoria das estradas. “Já há tributos sobre automóveis, já existe a Cide. PagarÃamos mais isso?” questiona. Para Gonçalves, o governo deve primeiro apresentar uma proposta sólida de infra-estrutura, para depois pensar em cobrar.
O Crea-SC afirma que o importante é a qualidade das rodovias. “A participação do governo é importante, especialmente como agente regulador. As parcerias público-privadas (PPPs) devem ser valorizadas”, diz o presidente Raul Zucatto. Para ele, é fundamental criar mecanismos de fiscalização de aplicação dos recursos dos pedágios. Fonte: A NotÃcia