Trânsito: morte a granel

Florianópolis, 18.12.07 – No primeiro final de semana de funcionamento da Operação Verão, que tem por finalidade garantir mais segurança nas estradas que cortam o Estado, durante a temporada de turismo, 14 pessoas morreram em acidentes de trânsito. Dezenas de outras ficaram feridas.
Nosso trânsito continua a ser uma chacina de ação continuada, e tem resistido a todas as tentativas e a todos os meios acionados para fazer com que regridam as estatísticas da morte e da mutilação. Como costuma ocorrer, na maioria dos acidentes registrados neste fim de semana, as causas foram as de sempre a julgar pelos primeiros levantamentos: excesso de velocidade, ultrapassagens proibidas ou de alto risco, comportamento temerário e violento ao volante. Dos 14 óbitos, cinco decorreram de acidentes com motos. A participação cada vez maior desses veículos é uma das recentes características das estatísticas letais do trânsito catarinense, que também registra um número crescente de mortes de jovens entre 16 e 25 anos. Além disso, constata-se também ser cada vez maior tanto o número de motoristas flagrados bêbados ao volante quanto o daqueles que não utilizam o cinto de segurança e dirigem falando em telefones celulares ou cometendo ouras infrações.
Elaborado com a expectativa de ser o instrumento adequado para reduzir o número de acidentes no país, o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) completou este ano seu 10º aniversário sem que – à exceção de uma pequena redução nos três primeiros anos de sua vigência, entre 1997 e 2000 – se operasse a diminuição dos números da violência do trânsito. Hoje, registram-se mais de 35 mil mortes por ano em acidentes envolvendo veículos nas estradas e ruas do país. Como lembrou, recentemente, o diretor do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), a cada dois dias morre nas vias públicas do país o equivalente ao acidente com o Airbus da TAM, que explodiu no Aeroporto de Congonhas (SP), matando 199 pessoas. A criminosa imprudência dos condutores é a causa de mais de 90% dos acidentes de trânsito no Brasil. Imprudência estimulada pela quase certeza da impunidade dos infratores, seja pela falta de fiscalização mais efetiva, seja pela tolerância com que costumam ser tratados pela Justiça.
Não por outras razões, estima-se que em Santa Catarina, atualmente, mais de 20 mil condutores de veículos que já perderam 20 pontos na carteira de habilitação continuam à solta, cometendo as mesmas tropelias e com a mesma agressividade, prontinhos para se transformarem em homicidas do trânsito. Campanhas educativas e apelos publicitários à paz no trânsito, com os quais já foram despendidos substanciais recursos públicos, pouco ou quase nada têm adiantado. Vale crer que a matança só diminuirá quando a lei for aplicada em todo o seu rigor, igualmente para todos. Fonte: Editorial Diário Catarinense

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