Florianópolis, 3.3.06 – A caravana do Ministério dos Transportes, epartamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (DNIT), polÃticos e entidades empresariais vistoriou ontem as obras de uplicação do trecho Sul da BR-101 e avaliou que o ritmo está num nÃvel aceitável. José Augusto Valente, secretário de PolÃtica Nacional de Transportes, viu uma certa dificuldade geográfica no trecho catarinense, porém, garantiu que o cronograma de entrega está mantido para meados de 2008. A equipe vistoria hoje as obra emergenciais nas BRs 470 e 280.
A primeira parada da comitiva foi em Palhoça, na Grande Florianópolis, um dos trechos mais atrasados em relação aos demais lotes. Depois, o grupo seguiu até Araranguá. O coordenador do DNIT em Santa Catarina, João José dos Santos, informou que a expectativa é concluir o serviço de terraplenagem no trecho catarinense até julho de 2007. “Não adianta obra rápida sem técnica e qualidade”, rebateu ao ser questionado sobre a suposta lentidão da duplicação, que se iniciou em janeiro do ano passado – o cronograma prevê a conclusão da duplicação da pista em três anos e mais dois anos para término das obras de arte, que compreendem pontes, viadutos e elevados.
Os participantes da caravana percorreram a rodovia num ônibus semi-leito escoltado pela PolÃcia Rodoviária Federal (PRF). “Assim é fácil. Queria ver eles fazerem esse trajeto de carro e sem proteção policial. Seria um inferno”, protestou o motorista Carlos Augusto Fernandes da Silva, morador de Enseada de Brito, em Palhoça.
Antes de conferir a situação na rodovia, o secretário Valente coordenou uma reunião pela manhã, no auditório do DNIT, em Florianópolis. Participaram representantes do Senado federal, Legislativo federal e estadual, prefeitos, vereadores, empresários do setor de transportes (passageiros e de carga), entidades empresariais ligadas à indústria, comércio, engenharia e policiais da superintendência da PRF/SC.
Piloto
José Valente fez uma prestação de contas do DNIT no PaÃs, mostrou um comparativo das ações do governo anterior e o atual, e também ouviu crÃticas e reivindicações. Segundo prometeu, os recursos para as vias federais de SC estão garantidos até 2007 no Projeto Piloto de Investimentos (PPI). Ele frisou o fim das dÃvidas com as empreiteiras (em 2002 chegava a R$ 1,2 bilhão) e o investimento de R$ 3 bilhões em manutenção de rodovias entre 2003 e 2005, o que representaria 75% a mais em relação aos três anos anteriores a esse perÃodo.
A senadora Ideli Salvatti (PT) está otimista com o desempenho do setor e afirmou que, além da 101, as outras BRs importantes para o Estado, como a 470 e a 280, receberão atenção especial em 2006. “Diria que nossas espinhas dorsais estão em andamento”, comentou. A caravana teve também o seu lado polÃtico. Em conversa com os integrantes presenciada por jornalistas, o secretário Valente prometeu que a obra de duplicação não irá parar se o PT e o presidente Lula vencerem as eleições e, o contrário, caso o próximo governante seja do PSDB.
“Não à s concessões”
Empresários e dirigentes de categoria anunciaram que irão fiscalizar as obras e a aplicação dos recursos. Um dos mais incisivos foi Pedro Lopes, presidente da Federação das Empresas de Transportes de Cargas no Estado (Fetransesc). Ele atacou as propostas de concessão de rodovias no Estado para a iniciativa privada e as taxou como processos explorativos. A federação vai lutar contra os pedágios em audiências públicas previstas para esse semestre. Lopes pediu empenho do DNIT na fiscalização das empreiteiras, a fim de que os recursos destinados sejam aplicados. Para Lopes, poderiam ter sido aplicados R$ 170 milhões na BR-101 em 2005.
O presidente da União Nacional dos Caminhoneiros (UNC), José Araújo da Silva, disse que a entidade ainda não decidiu a posição em relação aos pedágios em SC, mas adiantou que pelos atuais Ãndices de cobrança a tendência será contrária. As entidades relataram ainda problemas na infra-estrutura das BRs (buracos, sinalização e pavimentação).
Oito mortes no trecho no feriado do Carnaval
No lado em construção, os operários e as máquinas sinalizam o começo de um sonho. No lado antigo, a pista velha e saturada continua sendo sinônimo de risco ou tragédia. Durante o feriadão de Carnaval, por exemplo, oito pessoas morreram em acidentes no trecho Sul da BR-101 (não-duplicado). Um número que assusta e que, por enquanto, não dá sinais de redução – em todo o Estado, foram registradas pelo menos 26 mortes.
O fim da matança entrou nas discussões ontem durante a vistoria da caravana. O governo acredita que está no rumo certo para modificar a dura realidade. O superintendente da PolÃcia Rodoviária Federal em Santa Catarina, inspetor Luiz Ademar Paes, no entanto, vê soluções a curto prazo. Ele defende a instalação de radares e placas de conscientização ao longo da rodovia por meio de parcerias com as prefeituras. “Precisamos mudar o comportamento do ser humano. Colocar um policial a cada quilômetro não resolveria o problema”, pensa, atribuindo as mortes ao comportamento dos motoristas.
É possÃvel flagrar imprudência no trecho Sul a todo o instante. Na altura do Km 232, em Enseada de Brito, A NotÃcia flagrou ontem, à s 14 horas, ultrapassagens proibidas em frente ao Posto Ipiranga, onde uma viatura da PRF fazia o policiamento. Ao perceber a infração, a equipe saiu na direção do veÃculo. Os trabalhadores que atuam na região temem acidentes durante a obra e pedem o aumento da fiscalização.
BR-470: Luta pela duplicação
Blumenau – O secretário de PolÃtica Nacional de Transportes do Ministério dos Transportes, José Augusto Valente, verá hoje, durante sua passagem pela BR-470, trechos com bem menos buracos, graças à s obras realizadas no ano passado, mas muita coisa por fazer. A rodovia é a segunda no ranking das mortes no trânsito de Santa Catarina – perde apenas para a BR 101 -, tem traçado antigo, inadequado à modernidade de automóveis e caminhões, e ficou por um longo tempo sem receber reparo algum, graças ao polêmico contrato de concessão leiloado pelo governo do Estado em 1988. Foi só na semana passada que o governo federal foi liberado para incluir a BR-470 num novo lote de concessões.
As últimas intervenções realizadas pelo Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (DNIT), garantiram o recapeamento de partes da pista entre Blumenau e Indaial, Indaial e Rodeio e de Lontras e Rio do Sul. Onde o asfalto não foi reformado, o trânsito é sofrÃvel e em diversos pontos a cobertura está solta, pronta para formar verdadeiras crateras no meio da pista. Há também sérios problemas de sinalização, com faixas apagadas, placas destruÃdas e acostamento em desnÃvel. O grande fluxo de veÃculos ainda forma engarrafamentos constantes, principalmente no trecho entre Indaial e Blumenau, onde estão os acessos à Pomerode e Jaraguá do Sul.
Para 2006 as obras consideradas essenciais para a rodovia são o viaduto sobre o trevo da Mafisa-sentido Jaraguá do Sul, a nova rótula no acesso à Pomerode, a construção de uma nova via lateral em Indaial e a readequação dos acessos à Gaspar, além da continuidade do recapeamento e da sinalização. As obras estão nos planos do DNIT, mas os recursos, de cerca de R$ 20 milhões, por muito pouco não desapareceram do Orçamento da União, que ainda terá de ser votado no Congresso.
As obras colocam a rodovia em melhores condições e são consideradas um grande avanço, mas o que a região quer mesmo, segundo o presidente da Associação Empresarial de Blumenau (Acib), Ricardo Stodieck, é a duplicação, que deve ocorrer com a inclusão da estrada no chamado lote três das concessões federais. “A resposta que queremos é esta. Nos garantiram que, resolvido o problema da concessão para Ecovale, ela entraria no novo lote e acreditamos que existe vontade polÃtica para
isso”, comentou.
BR-280: Definições no orçamento
Jaraguá do Sul – O trecho da BR-280 que corta os municÃpios de Jaraguá do Sul e Guaramirim será vistoriado na tarde de hoje pelo secretário de PolÃtica Nacional de Transportes do Ministério dos Transportes, José Augusto Valente. O contrato do DNIT com a empreiteira Coneville prevê investimento de R$ 8,5 milhões. Destes, R$ 5 milhões já foram faturados para execução de São Francisco do Sul a Guaramirim, de julho de 2005 a janeiro deste ano – cerca de 60 quilômetros. Os R$ 3,5 milhões restantes serão para recuperar a pista de Jaraguá do Sul a Corupá. As obras de recapeamento em Jaraguá do Sul iniciaram ontem.
Na visita de hoje, o presidente da Associação Comercial e Industrial de Jaraguá do Sul (Acijs), engenheiro civil Paulo Obenaus, entregará documento reiterando as reivindicações feitas há uma semana ao diretor do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (DNIT) de Santa Catarina, João José, e ao deputado estadual Dionei Walter da Silva (PT)s.
Dentre as reivindicações estão a duplicação da 280 (projeto em fase de finalização), que depende de definição do Orçamento da União; reforma estrutural no portal de Jaraguá (limite com Guaramirim); iluminação e pista de rolamento no trecho com a BR-101; implantação de terceira pista (de acostamento aos caminhões para liberar o fluxo de veÃculos); e construção de viaduto no entroncamento com a SC-413 (rodovia do Arroz).
A rodovia soma 221,1 quilômetros e corta 10 municÃpios, de São Francisco do Sul a Porto União. Principal corredor do Norte e Nordeste de Santa Catarina, congrega 40% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado. O trecho mais nevrálgico é o de Jaraguá do Sul até o porto de São Francisco, por onde escoam produtos de exportação e importação. A duplicação da 280 é imprenscindÃvel para a redução do expressivo número de acidentes computado nos últimos anos.
Fonte: A NotÃcia