Chapecó, 23.5.05 – O cooperativismo catarinense vem mostrando pujança não somente no setor agropecuário, onde é referência nacional. Outros setores vêm demonstrando fôlego e atualmente já existem 12 ramos de atuação no Estado. O presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), Neivor Canton, destacou que Santa Catarina é o lÃder do paÃs em percentual de população envolvida com cooperativas.
A estimativa é de que um terço da população do Estado está vinculada ao sistema, como cooperado, colaborador ou dependente. São 1,9 milhão de catarinense que já estão integrados e que proporcionaram 20% mais em faturamento nos últimos cinco anos.
Apesar do grande bolo do faturamento de R$ 6,2 bilhões em 2004 ser do ramo agropecuário, o maior número de cooperativas está na área de crédito, com 64 instituições. O Sindicato do Comércio Varejista de Chapecó (Sicom) foi um dos mais recentes adeptos do sistema, em parceria com o Sistema de Crédito Cooperativo (Sicredi). A Cooperativa de Crédito Mútuo e Desenvolvimento do Comércio de Chapecó e Região (Credisicom) visa disponibilizar serviços financeiros mais baratos.
Neivor Canton disse que o crédito cooperativo cresceu 25% devido a uma relação de confiança que baixa a inadimplência e os custos de operação. Canton destacou que a cooperativa é uma porta aberta para que seus associados supram suas necessidades. Em Blumenau, por exemplo, existe uma cooperativa de consumo.
Barganha no preço é uma das vantagens
Os associados também podem comprar em conjunto, barganhando menor preço. As 14 associadas da Federação das Cooperativas Agropecuárias (Fecoagro) buscaram reduzir os custos na compra de insumos instalando uma fábrica de fertilizantes em São Francisco do Sul.
Outras oito cooperativas do Oeste se uniram para construir uma hidrelétrica no Rio das Antas, no municÃpio de Flor do Sertão. O investimento de R$ 45 milhões vai gerar 9 megawatts.
A Unimed de Chapecó pretende investir R$ 10 milhões em 2005 para dotar o hospital UniclÃnicas de serviços de alta complexidade. De acordo com o presidente, Luiz Roberto Dalla Costa, a Unimed Chapecó assegura um trabalho com remuneração digna aos profissionais cooperados.
Transportes ganham destaque
A área de transportes é um dos setores que mais cresceu no ramo cooperativo no ano passado, na ordem de 30%. A principal cooperativa do setor em Santa Catarina é a Coopecarga, que conta com 1,4 mil caminhões, 2.650 colaboradores (incluindo os terceirizados), 23 filiais e atuam em cinco paÃses: Chile, Argentina, Uruguai, Paraguai e Brasil.
Através da cooperativa, um pequeno transportador de Concórdia atua em operações logÃsticas das principais empresas de alimentos e bebidas do Brasil.
De acordo com o diretor-presidente da Coopercarga, Dagnor Schneider, o associativismo dá competitividade ao pequeno transportador, que sofre com uma concorrência predatória. Schneider destacou que atualmente 70% da riqueza do paÃs é transportada por rodovias e 90% dos transportadores são autônomos. Como atual de forma isolada e tem que baixar os custos, a frota ficou envelhecida e fragilizada.
O diretor da Coopercarga considera a fragilidade do sistema de transportes uma das maiores ameaças ao desenvolvimento do paÃs.
Incentivo do governo para fortalecer o setor
Para Schneider, o incentivo a cooperativas de transporte seria uma forma do governo fortalecer o setor e assegurar a movimentação das riquezas. Atuando de forma conjunta os transportadores reduzem custos na compra e conseguem financiamentos a juros mais baixos, pois o risco é menor. Somente entre 2004 e 2005, a Coopercarga adquiriu 140 caminhões para os associados.
Além de reduzir custos, Schneider destacou que a cooperativa adota práticas de gestão e logÃstica modernas, proporcionando cursos de qualificação aos associados.
Com o apoio da Coopercarga foi criada a Fundação Adolpho Bósio de Educação e Tecnologia em Transporte (Fabet), para oferecer cursos aos motoristas e empresas do setor.
Um dos programas adotados é o Transquality, que preconiza a qualidade do serviço. A Coopercarga completou 15 anos em fevereiro e conta com 160 associados. O faturamento no ano passado foi de R$ 180 milhões e a previsão para 2005 é crescer 40%.
Schneider disse que um dos entraves para o crescimento no setor é a bitributação das operações das cooperativas de transporte, o que acaba penalizando a forma associativa.
Crédito barato facilita compra da máquina
A compra de uma colheitadeira, há cerca de cinco anos, foi um dos melhores negócios do agricultor Sebastião Schneider. A colheitadeira e uma plantadeira custaram R$ 129 mil e, atualmente se fosse comprar, pagaria cerca de R$ 600 mil. Schneider conseguiu fazer um bom negócio e parcelar o investimento através a Credialfa, cooperativa de crédito ligada a Cooperativa Regional Alfa (Cooperalfa).
A taxa de juro é de apenas 8,75% ao ano, graças a programas do governo federal. Schneider disse que, diferente de outros bancos, a Credialfa divulga seus custos. Schneider disse que é melhor tratado na cooperativa de crédito e sente em casa.
– A liberação de recursos tem menos burocracia e o custo é menor. Outra vantagem é que as sobras vão integrar a cota capital dos associados, que pode ser sacada quando completam 60 anos.
Schneider foi um dos primeiros associados da Credialfa em 1983. Também entrega sua produção de milho e soja para a Cooperalfa e 90 suÃnos por mês para a Aurora. O agricultor está contente com o sistema. Ele chega a entregar 150 suÃnos numa noite e não precisa nem conferir a pesagem. O agricultor lembra que quando era jovem, comerciantes chegavam a comprar suÃno e feijão com um preço defasado oito dias após o aumento. Fonte: Diário Catarinense.