Florianópolis, 23.6.04 – Por falta de balanças móveis, a PolÃcia Rodoviária Federal (PRF) em Santa Catarina não está participando da blitze nacional da corporação, iniciada sexta-feira, que objetiva punir o caminhoneiro que roda com excesso de peso pelas rodovias do paÃs.
Dos oito postos da PRF em Santa Catarina, nenhum tem balança móvel. O Estado também vai mal das pernas em balanças fixas: das quatro do Departamento Nacional de Infra-Estrutura em Transportes (DNIT), somente duas funcionam (DNIT e PRF são unidades do governo federal).
O Diário Catarinense apurou com engenheiros do Estado que o excesso de peso reduz significativamente a vida útil do asfalto.
O caminhão que trafega com peso de 49,5 toneladas (10% acima do permitido por lei), por exemplo, contribui para reduzir de 10 para cinco anos a vida útil do asfalto.
O inspetor da PRF no Estado, Luiz Ademar Paes, disse ontem que os policiais têm usado balanças fixas da Secretaria de Estado da Fazenda (em Apiúna, Palhoça e Ãgua Doce) e as únicas duas do DNIT em operação (em Garuva e Itapema) para fazer o controle regular.
“O ideal seria termos uma balança móvel em cada uma de nossas oito delegacias (postos), mas não temos”, disse Paes. Ele destacou que está negociando com o comando da PRF no paÃs a compra de balanças móveis para Santa Catarina. “Sabemos que precisamos combater os abusos.”
Cargas exageradas afetam as estradas e causam acidentes
Na semana passada, numa blitze de seis horas na BR-470 em Rio do Sul, policiais rodoviários flagraram 30 caminhões com excesso de peso entre os 259 que pararam. Trata-se de um número alto, que mostra o quanto é importante uma fiscalização severa e permanente.
O excesso de peso provoca buracos e trilhos no asfalto. Essas falhas podem provocar quebras carros pequenos e a perda de estabilidade, o que eleva o risco de acidentes. Segundo a Confederação Nacional dos Transportes (CNT), as falhas na estrada são a sétima causa dos acidentes nas rodovias do paÃs.
No ano passado, segundo pesquisa da CNT, aconteceram 3.387 nas rodovias federais brasileiras por causa de defeitos na pista. No paÃs, 3,3% dos acidentes acontecem por problemas na pista. No Estado, o percentual é menor: 1,32%.
Fique por dentro
– Durabilidade
O asfalto brasileiro tem vida útil de 10 anos
É feito para suportar peso máximo de 45 toneladas
Uma carreta com 10% de excesso de peso (49,5 toneladas) reduz a vida útil do asfalto de 10 para cinco anos (50%)
– Perigos
Por danificar o asfalto, criando buracos e trilhos, o excesso de peso dificulta o tráfego, provoca quebra de eixos, perda de alinhamento de rodas, fura pneus e facilita acidentes. Os buracos são a sétima causa de acidentes nas rodovias federais do paÃs
– Onde tem balança
Em Santa Catarina, existem balanças de controle de peso em Garuva, Itapema, Araranguá e Maravilha (controladas pelo DNIT) e em Apiúna, Ãgua Doce e Palhoça (controladas pela Secretaria de Fazenda). Das controladas pelo DNIT, só funcionam as de Garuva e Itapema
– Acidentes por defeitos na pista no paÃs
2001 – 2.010
2002 – 2.542
2003 – 3.387
– O que diz a lei
Os artigos 186 e 927 do Código Civil Brasileiro dizem que “aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem” (no caso a corporação ou companhia que supervisiona a estrada) “fica obrigado a repará-lo”. Fonte: DC