Paralisação dos caminhoneiros fracassa e tem o seu fim antecipado

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Paralisação dos caminhoneiros fracassa e tem o seu fim antecipado

São Paulo, 28.7.04 – Como previmos ontem, a paralisação dos caminhoneiros não resistiu à baixíssima adesão da categoria. Em nota divulgada na manhã desta terça-feira (27), a Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros) antecipou o fim do movimento. Esta entidade havia convocado a paralisação por 72 horas, mas teve que abreviá-la para menos de 40 horas. Não conseguiu convencer a categoria a participar do movimento. Nem poderia, porque insistiu numa iniciativa isolada e inoportuna, ignorando os apelos que lhe foram feitos pelos demais integrantes da Frente Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas, no sentido de preservar a unidade de ação que tem sido tão importante para o setor, principalmente no seu relacionamento com o Governo.
Para Geraldo Vianna, o desfecho não poderia ser outro: ?se ontem a adesão foi inferior a 5%, hoje caiu para perto de zero. Não sei porque o presidente da Abcam se deu ao trabalho de informar o fim de uma paralisação que, a rigor, em nenhum momento chegou a existir?.

Na opinião do presidente da NTC&Logística, este episódio inaugura um novo tipo de manifestação, meramente virtual, que só existe na cabeça de quem a inventou e nas páginas de alguns veículos de comunicação que ?compraram? a versão delirante de que 35% da categoria havia aderido à paralisação. ?Se isto, de fato, tivesse acontecido, o país inteiro teria se dado conta. Mas não há um só embarcador que tenha se queixado de falta de atendimento, nem rodovia que tenha acusado redução de movimento físico. Ao contrário, algumas até informam crescimento do tráfego de caminhões nesses dois dias. Por isso, tentar inventar números fantasiosos, para dissimular o fracasso do movimento, pode até iludir quem não é do ramo, mas deixa quem o faz muito mal perante a sua própria categoria, que sabe perfeitamente avaliar o que aconteceu?, sustenta Vianna.

Apesar do discurso da Abcam para justificar o final antecipado da paralisação e para disfarçar o seu absoluto insucesso, afirmando que ela já teria atingido os seus objetivos de chamar a atenção para os problemas da infra-estrutura e para a não utilização dos recursos da CIDE, na visão da NTC&Logística e das demais entidades que compuseram a Frente, o movimento da Abcam não acrescentou coisa alguma ao que já havia sido obtido antes, seja pelas Pesquisas Rodoviárias e pela grande campanha em torno da CIDE, promovidas pedla Confederação Nacional do Transporte, seja pelos eventos que a NTC e a FENATAC promoveram, em 2003 e 2004, na Câmara dos Deputados, quando ficaram mais do evidenciados o apagão logístico e a necessidade de se retomar os investimentos em infra-estrutura de transporte, seja pelo esforço sério e diuturno das entidades do setor em todo o país.

Tudo isso, mais a própria criação da Frente, determinaram os inúmeros e profícuos contatos dos últimos 30 dias, com as mais diversas instâncias do Governo Federal, culminando com as audiências de várias horas com o próprio presidente LULA e com os Ministros dos Transportes, da Justiça e da Integração Nacional, cujos resultados já começaram. Na segunda-feira (26), o Ministério do Planejamento já anunciou o descontingenciamento de R$ 1,1 bilhão dos R$ 6 bilhões do orçamento contingenciados no início do ano. Parte desses recursos será investido na manutenção e conservação de rodovias. Outras soluções de problemas que há muitos anos atormentam o setor começarão a ser anunciadas em breve, segundo compromissos assumidos, claramente, pelo presidente LULA e pelos Ministros citados nos contatos que tiveram com a Frente.

?Se estes compromissos não forem cumpridos, em prazo razoável?, diz Vianna, ?estarei na primeira fila de qualquer movimento que o setor, pelas suas legítimas lideranças, decidir realizar. O que não é possível é partir do pressuposto de que o Presidente da República e os seus Ministros sejam mentirosos. Porque esta é a única leitura possível da atitude da Abcam. Ela vai lá, ouve os compromissos assumidos pelo Governo, e sai dizendo que aquilo tudo não vale nada. O que resolve é fazer paralisação. No fim, não faz nem uma coisa nem outra, e ainda tenta atrapalhar quem quer trabalhar, e quem vem fazendo um trabalho sério em favor do setor. Nunca vi nada mais infeliz e inoportuno do que este movimento?, desabafa o presidente da NTC&Logística.
Fonte.: NTC

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