SC instala novos portos, mas acessos comprometem operações

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SC instala novos portos, mas acessos comprometem operações

Santos, 21.2.08 – O setor portuário catarinense está em plena expansão, com a instalação de novos portos – como Navegantes e Itapoá ? e crescimento dos principais terminais na região. No entanto, as vias de acesso aos portos permanecem as mesmas de mais de dez anos atrás, o que dificulta a entrada e saída de cargas dos complexos portuários e pode levar a um conflito no tráfego em curto prazo. A avaliação é do presidente da Federação das Empresas de Transporte de Carga do Estado de Santa Catarina (Fetrancesc), Pedro José de Oliveira Lopes, que classifica as atuais condições viárias como péssimas. Segundo ele disse à reportagem de PortoGente, a solução seria estadualizar as rodovias controladas pelo governo federal que ficam dentro do estado, pois, em sua opinião, a administração estadual conhece mais as dificuldades enfrentadas nas rodovias e está mais suscetível às pressões dos transportadores. Lopes afirma, ainda, que pela falta de infra-estrutura oferecida, os caminhoneiros podem ser considerados os ?bastardos das estradas? do País.
Hoje, Santa Catarina conta, em seu território, com os portos de Itajaí, São Francisco do Sul, Imbituba ? que Lopes considera o grande porto em potencial da região Sul para os próximos 15 anos -, Laguna (pesqueiro), o novo terminal de Navegantes e, futuramente, o Porto de Itapoá, já em construção. Para o acesso terrestre a este último, está em andamento obra para o asfaltamento da SC-415 (Estrada da Serrinha), que será entregue, segundo garante o governador Luiz Henrique da Silveira, junto com a inauguração do cais.
Além da movimentação turística e nos portos locais, Lopes lembra que Santa Catarina recebe muitas cargas oriundas do Rio Grande do Sul. ?Muitos estão optando por Santa Catarina por causa dos altos e vários pedágios nas estradas que levam ao Porto do Rio Grande?. Mas as cobranças de pedágio no estado também causam preocupação para os transportadores. Com a concessão da BR-116 Sul, entre Curitiba e a divisa de Santa Catarina com o Rio Grande do Sul, para a empresa espanhola OHL, Lopes destaca que ?veículos pequenos chegarão a pagar R$ 5,60 em trecho de apenas 27 quilômetros?.
Para o presidente da Federação, os transportadores, por meio do órgão estadual, têm apelado contra a concessão de rodovias à iniciativa privada, o que, segundo ele, penaliza a sociedade em geral. ?Nós temos apelado, mas o pessoal (governo) é insensível. Acham que estão atendendo ao investir na BR-101 (até a divisa com o RS). Mas não é só isso. A BR-101 é mais para turismo. Falta olhar com atenção para a BR-470, de pista simples, que é a nossa rodovia da economia?. A proposta de Lopes para a estadualização das rodovias federais que ficam dentro de Santa Catarina tem como argumento um planejamento mais cuidadoso que o estado poderia elaborar frente às suas necessidades.

Frota

A frota de caminhões de Santa Catarina, informa Lopes, se assemelha ao perfil da frota brasileira. Entretanto, ele aponta que os veículos que atuam nos serviços portuários são muito antigos e que não há planejamento para mudanças. ?Isso gera um resultado trágico, com inúmeros acidentes, com contêineres sendo atirados em cima de veículos, de pessoas?. O planejamento ao qual o entrevistado se refere contempla a modernização da frota nacional. Mas os juros altos e a alta carga tributária no País não atendem às necessidades do transportador, dificultando a aquisição de novos equipamentos.
Um projeto, ressalta ele, foi discutido entre a Fetrancesc e o Ministério dos Transportes há dois anos. Mas não saiu do papel. ?O planejamento permitia compra de novos caminhões em 60 meses para empresas e em 80 para autônomos e, só para os autônomos, em 48 vezes para veículos usados?. Além da renovação da frota, ele pede, também, centros de distribuição de carga próximos às grandes estradas, facilitando a ordem no transporte de mercadorias.
Em um cenário bastante similar a de outros estados, Santa Catarina convive com filas de caminhões nas rodovias pela falta de agendamento de horários para chegada e saída das cargas nos portos e ausência de condições dignas para banho e alimentação dos caminhoneiros em áreas retroportuárias. ?O motorista fica jogado ao relento, não tem onde ficar. Tem dificuldade até para ir ao banheiro. Isso tem que ser criado. São os bastardos das estradas?.

Fonte: Bruno Merlin/ Site Portogente

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