BrasÃlia, 17.09.03 – A duplicação do trecho Sul da BR-101 está ameaçada. Não há recursos suficientes no Orçamento da União de 2004 e nem no Plano Plurianual (PPA, diretriz orçamentária para os próximos quatro anos) para a obra. O governo federal destinou apenas R$ 43,2 milhões para a construção da rodovia que corta o Sul catarinense. Para o trecho gaúcho estão previstos somente R$ 36,8 milhões.
Com 342,9 quilômetros de extensão, a via está orçada em US$ 870 milhões. Ou seja, o Palácio do Planalto tem disponÃvel apenas 3,16% do valor total da obra. Para completar, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), única instituição financeira que até agora garantiu que financiará 60% da duplicação, questiona a possibilidade de empréstimo. Ele quer garantias de que a União terá a contrapartida e de que concluirá obras iniciadas no governo passado em todo o PaÃs.
O problema foi levado ontem à Frente Parlamentar em Defesa da Duplicação da BR-101 pelo assessor da secretaria de gestão do Ministério dos Transportes, Carlos la Selva, e pelo presidente da Unidade de Gerência de Projetos do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (DNIT), Emerson Rozendo Salgado. Mas o que deveria ser uma reunião com quase 50 deputados para delinear estratégias para tentar reverter a situação, não passou de um fiasco. O único parlamentar presente foi o coordenador da frente, Jorge Boeira (PT). E uns poucos deputados e senadores mandaram assessores para acompanhar o encontro.
“Vamos trabalhar individualmente com os parlamentares das bancadas de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul para completar os valores”, garantiu Boeira, que começou os contatos ontem mesmo. O petista, aliás, se mostrou bastante irritado com os números. “Não há correlação com o que diz o governo, que considera a obra emblemática, com a atitude do ministério do Planejamento. Há uma contradição”, alfinetou o deputado, que vai além: “Há uma sinalização de que a União não quer fazer a obra.”
Defesa
La Selva, por sua vez, sai em defesa do ministro dos Transportes, Anderson Adauto (PF). “O ministro é a favor da duplicação. Ele ficou indignado quando viu os números do Orçamento e do PPA. O projeto original destinava para a rodovia R$ 235 milhões. O Orçamento está aquém do necessário. Recebemos R$ 2,3 bilhões. O ideal seria R$ 8 bilhões”, disse o assessor, que incitou os deputados a tomar providências.
“Os deputados podem tudo”, cutucou. Boeira emendou: “Quem pode tudo é o Executivo. Nós só podemos pressionar.” Já o deputado Carlito Merss (PT), declaradamente governista, não vê tanto motivo para preocupação. Para ele, a solução está nos créditos suplementares e no remanejamento de recursos. “Estou tranqüilo. A obra sairá”, disse.
Para evitar surpresas desagradáveis, o prefeito de Criciúma, Décio Góes (PT), ficou em alerta. “Vamos confiar na Frente Parlamentar. Mas se sentirmos que os deputados não estão tomando as providências devidas, voltaremos a pressionar o governo”, avisou Góes, único prefeito do Estado que presenciou a falta de quórum da reunião da frente.Fonte A NotÃcia
Compartilhe este post