PT vai fechar a 101

Florianópolis, 27.9.07 – Da Bahia para baixo, Santa Catarina é o único Estado que não cobra pedágio nas estradas. Quem viaja pelo Sudeste e pelo Sul do Brasil constata, com freqüência, que as melhores rodovias do Rio, de São Paulo, do Paraná e do Rio Grande do Sul são exatamente aquelas com concessão e cobrança de pedágio. E onde está a malha rodoviária federal mais precária do Sul? Em Santa Catarina, até por uma realidade história que é a prova definitiva da incompetência ou desinteresse das lideranças políticas. Há mais de 200 anos os catarinenses brigam, fazem campanha, lutam e apelam pela BR-282, a rodovia da integração estadual e a única longitudinal a cortar seu território.
Justiça seja feita: não houve, nos últimos 30 anos, governo que tivesse investido tanto na recuperação, manutenção e sinalização quanto o governo Lula. Isto ficou demonstrado na exposição do superintendente do DNIT, João José dos Santos, na Fiesc e na Assembléia.
O contrato de duplicação de BR-101, celebrado entre o governo federal e o BID, previa cobrança de pedágio no trecho Norte logo após a sua conclusão. Objetivo: evitar a deterioração da rodovia. O BID sabe como as autoridades brasileiras conservam as estradas.
Pois o governo Lula, do PT, lançou editais para a concessão das BRs-101 e 116, visando à sua manutenção, ampliação e modernização.

Contradição
A bancada do PT é do mesmo PT de Lula, mas decidiu iniciar uma mobilização contra o pedágio definido pelo presidente. E propôs a constituição de uma “Frente Parlamentar contra a instalação de pedágios nas rodovias federais e estaduais em Santa Catarina”. Vai radicalizar. No dia 3 de outubro, fechará a BR-101.
Equivocam-se o PT e os deputados de outros partidos que aderiram ao bloqueio da estrada mais movimentada de Santa Catarina. Vão provocar engarrafamentos monstruosos, irritar milhares de motoristas, prejudicar a economia e até colocar em risco a vida dos usuários. Para quê? Para dizer ao presidente Lula, do PT, que o PT é contra a decisão por ele tomada. Há fórmulas mais inteligentes de ação política em defesa do povo. Por exemplo: o que o contribuinte pagar de pedágio desconta no IPVA. Ou exigir que a receita do pedágio seja destinada à manutenção das duas BRs e à duplicação das rodovias mais estranguladas no Estado. Portanto, um pedágio justo, em benefício de todos.
Como nunca haverá orçamento suficiente para obras inadiáveis, sem concessão, o futuro é previsível: as estradas se deteriorando, elevando o custo do transporte e exterminando vítimas inocentes.
Fonte: Moacir Pereira/Diário Catarinense

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