São Paulo, 23.5.08 O Brasil já consome mais de 42 bilhões de litros de óleo diesel ao ano, sendo que cerca de 10% dessa quantidade é de importados, onerando a balança comercial. A conta do comércio externo do petróleo ficará em torno de US$ 10 bilhões, neste ano. As reservas de petróleo leve, recentemente descobertas, só devem começar a produzir nos próximos 7 ou 8 anos. Sucede que o transporte brasileiro é praticamente efetuado em ônibus ou caminhões, movidos com o mencionado derivado do petróleo, eis que as ferrovias foram, praticamente, desativadas. Ademais, cresce exponencialmente o licenciamento de utilitários ou veÃculos importados que consomem o diesel.
Existem inúmeras empresas, especialmente do setor do agronegócio, desejosas de usar o álcool combustÃvel em substituição parcial ou total do diesel nas suas frotas de caminhões, máquinas agrÃcolas e em motores estacionários para a irrigação das lavouras.
Consoante as montadoras de veÃculos, em breve será posto à venda um motor a diesel-etanol, com sistema de injeção eletrônica, mais competitivo que o similar movido unicamente a diesel. Ademais, inúmeras organizações já empregam, há anos, o álcool anidro misturado ao diesel em caminhões, como é o caso da indústria sucroalcooleira. A economia poderá ser substancial, pois o álcool dentro da usina do açúcar e do álcool é produzido a em torno de R$ 0,60 por litro, enquanto o diesel é comprado nas bombas a R$ 2,00 por litro.
Nos paÃses europeus, entre eles a Suécia, já se emprega largamente o álcool nos motores para ônibus urbanos, em razão das questões ambientais e de preservação da saúde da população. Há mais de 10 anos, a Scania produz motores a diesel, transformados para o álcool e cerca de 600 veÃculos rodam na capital de Estocolmo com esta condição.
Entre nós, nos idos de 1980, o governo brasileiro pretendeu implementar o uso do álcool anidro nos veÃculos pesados, movidos a diesel. Inúmeras organizações fizeram testes e conversões domésticas para o emprego do álcool em veÃculos acionados, originalmente, a diesel ou a gasolina. Diante da queda do preço do petróleo, houve a redução do valor do diesel, embora subsidiado e, em decorrência, o desinteresse na substituição pelo álcool da cana, que era, à época, mais caro. Hoje, aviões agrÃcolas já estão empregando o álcool nos seus motores, bem como em inúmeras frotas cativas, como é o caso da distribuição de bebidas, jornais e gás liquefeito de petróleo (GLP). Os derivados do petróleo correspondem a 60% do faturamento da Petrobras. Por outro lado, a gasolina tem um peso de 5% na inflação e o diesel, de 1%. Alguns especialistas reivindicam a correção real da defasagem dos preços dos combustÃveis, que seria de mais de 30% no caso do diesel ou de 18% quando comparada aos valores internacionais. Os preços dos derivados (base refinaria) no Brasil encontram-se inferiores aos dos praticados no mercado norte-americano. Em 2007, os derivados do petróleo tiveram um peso de 37% na matriz energética pátria. A redução do nÃvel de utilização do diesel justifica-se, ainda, pelos impactos, ambientais e na saúde da população, decorrentes das emissões dos gases do efeito estufa e causadores de chuva ácida, além das constantes majorações do preço do petróleo. O contrato do barril do petróleo para entrega em junho encerrou na Bolsa de Nova York a US$ 125. Desde o inÃcio do mês em curso, o preço do barril avançou US$ 15. As compras especulativas e os receios da falta do diesel nos estoques mundiais fomentaram a escalada.
Recentemente, o governo deixou de cobrar a CIDE sobre a gasolina, a fim de garantir a competitividade do álcool hidratado. O impacto da renúncia fiscal atingirá tanto estados como municÃpios brasileiros, com a perda adicional de arrecadação de ICMS, que seria ampliada caso o preço da gasolina fosse aumentado nas bombas. A nação brasileira possui mais de 300 milhões de hectares de terras agricultáveis e mais de 50 milhões de área em repouso. Em decorrência, o PaÃs poderá ter maior produção de biocombustÃveis, a fim de substituir o óleo diesel sem interferir na segurança alimentar e no meio ambiente. Fonte: DCI