São José, 19.5.06 – caminhoneiro Sérgio Evandro de Mello, 26 anos, está na estrada só há três anos, percorrendo o Brasil de Norte a Sul. Mas conhece muito bem a realidade do paÃs quando o assunto se refere à prostituição infantil. Ele perdeu as contas de quantas vezes foi abordado por meninas que ficam à s margens das rodovias à espera de clientes.
O paranaense foi um dos milhares de caminhoneiros parados ontem em barreiras realizadas pela PolÃcia Rodoviária Federal (PRF) em Santa Catarina. No dia Nacional de Combate ao Abuso à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, a PRF entregou panfletos em parceria o programa Sentinela.
– Nossa panfletagem é para aumentar a consciência de quem passa pelo Estado – contou a integrante do fórum catarinense pelo fim da violência e exploração sexual infanto- juvenil, Eunice Cardoso.
Psicóloga do programa Sentinela em São José, Rosinha Arnold foi para a panfletagem no posto da PRF, em Biguaçu. Ela acompanha 180 famÃlias em situação de risco e diz que a maior dificuldade ainda está na denúncia. Ou falta dela.
Desde o dia 14 de maio um novo telefone está á disposição de denúncias, através do número 100.
Morte de uma menina inspirou criação da data
O Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes foi criado em 2000, em razão do assassinato da menina Araceli, em 18 de maio de 1973. Ela estava com oito anos, quando foi seqüestrada, estuprada, morta e queimada por jovens de classe média alta em Vitória, no EspÃrito Santo. Trinta e três anos depois, o crime continua impune.
A morte dela se tornou um marco na luta contra o abuso e a exploração sexual infanto-juvenil. A data é lembrada com mobilizações do governo e da sociedade contra essa forma de violação de direitos de meninas, meninos e jovens brasileiros.
Socorro Tabosa, assessora da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, diz que a impunidade é grande e ainda falta conscientização da sociedade para o problema.
Segundo Socorro Tabosa, o número de denúncias contra esta prática também tem crescido nos últimos anos.
Fonte: Diário Catarinense
SC levanta a bandeira em mais um dia de luta contra abusos cometidos a crianças e adolescentes
Chapecó/Lages – Dados do Comitê Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual Infanto-juvenil apontam que de cada quatro crianças uma será violentada sexualmente antes de completar 18 anos de idade. A realidade brasileira frente ao assunto é a mesma há anos: muita exploração para pouca denúncia. O órgão estima que, para cada caso denunciado, existam outros 20 que nunca chegarão aos ouvidos das autoridades. Na tentativa de mudar esse cenário, entidades e profissionais ligados ao setor de proteção à criança e ao adolescente instituÃram o dia 18 de maio como data para falar sobre o problema na expectativa de diminuir os Ãndices. Ontem, Santa Catarina mais uma vez levantou a bandeira de luta contra os crimes contra a infância. Em vários pontos do Estado, houve mobilizações.
No Oeste do Estado, o Fórum Regional de Combate à Exploração Sexual Infanto-juvenil atua de forma prática na maioria dos municÃpios. Segundo a assistente social Carme Collet, coordenadora do órgão, o objetivo é estimular a sociedade a denunciar, dar suporte e capacitar profissionais da área da assistência social para o atendimento à s vÃtimas. “Percebemos que todos os anos, nesta semana, há um aumento do número de denúncias. Enquanto o assunto está em debate, a sociedade se sente estimulada a comunicar sobre o crime, mas isso precisa ocorrer todos os dias”, explica.
Na maior cidade do Oeste do Estado, porém, o Conselho Tutelar todos os dias é informado sobre crianças e adolescentes abusados sexualmente. Chapecó possui hoje 80 vÃtimas de violência sexual infanto-juvenil em acompanhamento psicológico. A grande maioria são meninas com idades entre oito e 12 anos, que sofreram a violência dentro de casa. “São pessoas que convivem com o medo e muitas carregam o sentimento de culpa, já que algumas famÃlias acabam atribuindo a elas a responsabilidade pelo ocorrido”, conta a assistente social Cleomar Costa.
Quem enfrenta o problema não quer falar sobre o drama. Segundo Cleomar, algumas vÃtimas levam até um ano para admitir que foram violentadas. Outras denunciam o agressor, mas, por interferência da famÃlia, logo mudam o depoimento o inocentando, fator que prejudica a punição dos acusados.
De acordo com o juiz da Vara da FamÃlia, Infância e Juventude de Chapecó, ErmÃnio Amarildo Darold, o poder Judiciário tem agido com rigor na punição dos culpados. “Essa é uma das formas de violência mais cruéis. Por isso, a sociedade precisa denunciar os agressores para que eles sejam condenados de forma rápida e severa”, disse.
Em Lages, o dia foi marcado por três movimentos de panfletagem e busca da conscientização da população. Durante todo o dia, uma equipe de voluntários fez alertas à população no calçadão da praça João Costa. Outras duas equipes ficaram em postos de gasolina nas BR-116 e 282. Principalmente na BR-116 já foram constatados casos de exploração sexual de adolescentes e estamos intensificando a panfletagem neste local a fim de conscientizar os motoristas de caminhões que isso é crime”, comentou a coordenadora do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, Isabel Kaeffer. Fonte: A NotÃcia