São Paulo, 6.10.08 – Mais da metade dos acidentes em rodovias federais do paÃs ocorreu em apenas 5,5% da malha, mostra levantamento do Dnit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes), com dados de 2007. O estudo -que não era feito havia dez anos, segundo o órgão- revela a existência de pelo menos 2.791 pontos crÃticos nas estradas do Brasil.
Cada ponto corresponde a um quilômetro especÃfico em uma rodovia. “São trechos concentradores de acidentes, que merecem muita atenção”, afirmou o coordenador-geral de operações rodoviárias do Dnit, Luiz Cláudio Varejão. O estudo revela que, do total de 128 mil acidentes em 2007, cerca de 68 mil foram nos pontos crÃticos. Dessas 68 mil ocorrências, 1.864 tiveram mortes e outras 23,4 mil registraram apenas pessoas feridas.
Nove dos dez principais pontos crÃticos estão em áreas urbanas, mostra o levantamento. “Há muito tráfego, e a frota não pára de crescer. Por isso, essa concentração”, disse Varejão.
O levantamento que aponta a concentração de acidentes nas estradas é a primeira parte de um estudo para diagnosticar os problemas mais graves das rodovias federais brasileiras. “Primeiro, tivemos de mapear os trechos. A partir de agora, vamos analisar o que precisará ser feito para melhorar esses Ãndices”, disse. “O principal é reduzir a gravidade das ocorrências para que caia o número de mortos nas estradas.”
Segundo ele, a partir da análise dos principais pontos, será possÃvel planejar soluções de baixo custo (lombadas e sinalização) e também de alto custo (mudanças estruturais).
Para mapear os segmentos crÃticos nas rodovias federais, o Dnit usou dados da PolÃcia Rodoviária Federal. Foram localizados os pontos com dez ou mais acidentes em malha rodoviária pavimentada em cerca de 51 mil quilômetros.
O total de vias pavimentadas e fiscalizadas pela PRF (concedidas à iniciativa privada ou sob a responsabilidade do Dnit), no entanto, é de cerca de 63 mil quilômetros.
Ranking – O trecho campeão de ocorrências no paÃs fica na saÃda da ponte Rio-Niterói, na BR-101, onde foram registrados 241 acidentes. O segundo e o terceiro lugar do ranking são ocupados por trechos localizados na área urbana de Belém (PA), ambos sob responsabilidade do Dnit.
O Estado de São Paulo também aparece no ranking, com o quinto ponto com maior número de acidentes. O trecho, que teve registro de 207 ocorrências, fica na Régis Bittencourt, cedido à iniciativa privada. A concessionária Autopista Régis Bittencourt, da empresa OHL, que administra a rodovia desde fevereiro, afirma que o km 545 é mais sensÃvel porque fica em uma área de serra, que tem curvas mais acentuadas.
A empresa diz que, para melhorar as condições do local, foram feitas obras de contenção de barreiras entre o km 540 e o km 550, sendo que a última terminou em agosto. Desde então, diz a concessionária, o trecho não chamou a atenção em relação ao número de acidentes, e, por isso, nenhuma ação especÃfica foi planejada para ele. O professor da UnB e coordenador cientÃfico do Ceftru (Centro de Formação em Recursos Humanos em Transporte), Joaquim Aragão, diz que geralmente os acidentes não são distribuÃdos pela rodovia.
“É preciso um diagnóstico para reduzir os riscos. A concentração de acidentes evidencia possÃveis problemas técnicos.”
Trecho crÃtico da BR-101 tem inÃcio após ponte Rio-Niterói
O trecho mais crÃtico da BR-101 no Rio começa no km 322, logo após a saÃda da ponte Rio-Niterói, no sentido norte, em direção à região dos Lagos, até o km 297, informa a PolÃcia Rodoviária Federal do RJ. Segundo o órgão, as causas das ocorrências registradas em 2007 são a sinalização precária, a urbanização crescente no entorno da pista, a imprudência de motoristas e pedestres e os congestionamentos.
Em fevereiro, a Autopista Fluminense -do grupo espanhol OHL- assinou contrato para administrar pelos próximos 25 anos a BR-101 do trecho que vai da saÃda da Rio-Niterói à divisa com o EspÃrito Santo. A gestão teve inÃcio em 15 de agosto deste ano.
A concessionária informou que já realizou obras para recuperar a pista e sinalizar a rodovia. Se, por um lado, resolveu os problemas de visibilidade, a própria concessionária admite que pode haver um aumento no número de óbitos por excesso de velocidade.
Para evitar que isso aconteça, a empresa diz que há previsão de instalar 28 radares fixos ao longo dos 320 quilômetros da rodovia. Porém, não informou em quais pontos serão instalados, tampouco quando entrarão em funcionamento.
Segundo a Autopista Fluminense, em 2007 houve 68 mortes por atropelamento ao longo do trecho que agora administra. Desse total, 58 foram entre os cem quilômetros que vão da saÃda da Rio-Niterói até Rio Bonito. Pelo contrato de concessão, até o fim de 2010 terão que ser construÃdas outras 15 passarelas, além das sete já existentes. Fonte: Folha de São Paulo