Florianópolis, 11.03.05 ? O tráfego de CVC (Combinação de VeÃculos de Carga) do tipo bitrem ? sete eixos e capacidade de até 57 toneladas, não provoca prejuÃzo à s rodovias, pontes e viadutos. Essa foi a principal conclusão do debate Impacto dos Bitrens nas Pontes e Rodovias Brasileiras, promovido, ontem, em Florianópolis pela Fetrancesc (Federação das Empresas de Transporte de Carga de Santa Catarina).
De acordo com pesquisa feita pelo engenheiro do DNIT do Paraná, Paulo Sérgio Peterlini, o uso correto desse veÃculo pode ajudar a reduzir os danos nas pistas de rolamento, já que o que causa a deterioração dos pavimentos é a carga por eixo, não havendo relação direta entre o PBTC (Peso Bruto Total Combinado) e o desempenho dos pavimentos. ?VeÃculos pesados podem ser pouco danosos aos pavimentos, desde que a carga total seja distribuÃda por um número suficiente de eixos?, acredita Peterline.
Peterline, porém, disse que uma prática irregular tanto do bitrem como de outros veÃculos, precisa ser revista. É que muitos transportadores incorporaram a tolerância de peso como peso definitivo e no caso do bitrem de 57 toneladas passa para 61 toneladas de peso bruto total combinado, e isso é danoso ao asfalto. Para ele, é necessário rever essa permissão ou aumentar a fiscalização do excesso de peso.
O professor e engenheiro, José Luiz Cardoso, que é o maior especialista em grandes estruturas do paÃs, disse aos participantes do encontro, após análise feito por ele sobre a relação bitrem, estradas e pontes, que não há impedimento de circulação desses veÃculos nas pontes projetadas para 36 toneladas trem tipo. Segundo ele, a restrição que deve haver é não permitir que trafeguem dois bitrens em sentido contrário, ao mesmo tempo sobre a ponte, por exemplo.
No entanto,ele solicitou o empenho do DNIT em todo o Brasil e dos Departamentos Estaduais de Infra-estrutura, para que avaliem as condições de uso, com a maior urgência, das pontes de 24 toneladas trem tipo, já que algumas delas foram construÃdas há mais de 50 anos e podem ter problemas e causar acidentes. Muitas dessas estruturas estão sem manutenção há alguns anos. O professor também disse que deve haver uma fiscalização permanente, por parte dos engenheiros dos órgãos públicos dessas estruturas.
O diretor-executivo, Pedro Lopes, aproveitou a presença no evento do secretário de PolÃtica Nacional de Transporte, José Augusto Valente, e solicitou que levasse ao Ministro dos Transportes, Alfredo do Nascimento, o pedido para que faça, com a máxima urgência, a adequação e o reforço das pontes de 24 e 36 toneladas. Em Santa Catarina, o bitrem só pode transitar em algumas rodovias estaduais.
Nas demais, o Deinfra (Departamento Estadual de Infra-estrutura) está fazendo uma avaliação técnica das pontes e depois deverá fazer os ajustes necessários para permitir a passagem das CVCs. Essa mesma adequação deve acontecer nos outros estados, pois o transportador enfrenta a barreira de algumas regiões exigir a AET ou não permitir a passagem do equipamento, trazendo custos e transtornos para a empresa de transporte ou para o autônomo.
Os palestrantes foram unânimes em afirmar que o bitrem é hoje uma importante alternativa para reduzir o tráfego de caminhões nas rodovias brasileiras. De acordo com levantamento do engenheiro Peterline, são necessárias quase quarenta carretas comuns para transportar cerca de mil toneladas. Essa mesma carga pode ser movimentada por apenas 28 bitrens, ou seja, uma redução de 30% da frota em circulação. O representante da Randon Implementos, Claude Padilha, o bitrem é a CVC mais comum no Brasil e representa mais de 80% das vendas do mercado destinadas para o segmento de grãos e combustÃveis.
Padilha destaca ainda que ?Apesar da maior carga lÃquida, o veÃculo distribui a carga de forma mais equilibrada com menor desgaste do piso que outros equipamentos regulamentados na lei. Apresenta melhor performance nos itens estabilidade e manobrabilidade devido à união através pino-rei e quinta-roda. Por isso, reduz o desgaste de pneus e componentes da suspensão, devido ao menor arraste e solicitação de esforços.?
O uso de bitrem garante menor custo da tonelada transportada, menor número de veÃculos no trânsito, menor contaminação do meio ambiente, redução de riscos de acidentes. Por essas vantagens aumenta a competitividade brasileira do setor. ?A preservação da infra-estrutura não será obtida barrando-se o avanço tecnológico capaz de reduzir o custo do transporte, mas sim combatendo-se os abusos, afirma o engenheiro Peterline.? Fonte: Imprensa Fetrancesc.
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