Florianópolis, 2.3.07 – As obras de duplicação no lote 25 da BR-101 Sul, entre Laguna e Capivari de Baixo, estão paradas há cerca de dois meses. Fornecedores de material e prestadores de serviço interromperam os trabalhos porque, segundo eles, o consórcio responsável pelo trecho está com pagamentos atrasados desde dezembro.
A dÃvida, que chegaria a R$ 5 milhões, está sendo renegociada e a expectativa é que a retomada, pelo menos parcial, ocorra na próxima segunda-feira.Os contratados tiveram que aceitar a proposta do consórcio Bloko/Araguaia/Emparsanco de parcelamento da dÃvida em, no mÃnimo, 12 vezes.
O DNIT admite que há problema na relação comercial entre consórcio e fornecedores, mas garante que, até o momento, não há atraso no cronograma da duplicação.
A Pavimentadora e Construtora Falchetti, com sede em Tubarão, deixou de fornecer brita para a base do asfalto em 17 de dezembro. O motivo foi o atraso do pagamento que gerou dÃvida de R$ 972mil, de acordo com o gerente financeiro da empresa, Thiago Falchetti. Após várias tentativas de acordo, a Falchetti aceitou receber R$ 500mil em duas vezes – dias 23 e 26 de fevereiro – e parcelar o restante em 12 vezes. A empresa está agora disposta a retomar o fornecimento.
Falta renegociar dÃvidas com duas empreiteiras
A empresa A. Mendes Terraplanagem, de Gravatal, parou os trabalhos de execução de massa asfáltica no dia 16 de dezembro. Segundo o responsável pela licitação e contrato, André Martins, o próprio consórcio desautorizou a continuidade dos trabalhos da Mendes. A dÃvida com a empresa também foi renegociada.
– Trinta por cento foi pago esta semana e o restante parcelado.
Uma empresa de transporte, que não quis ser identificada, suspendeu a prestação do serviço em janeiro, por não receber desde setembro de 2006. Do valor total da dÃvida de R$ 430mil, 30% foi pago na última quarta-feira e o restante será parcelado. Com isso, a empresa voltará a trabalhar na próxima segunda-feira.
Duas empreiteiras, que realizam terraplanagem, não chegaram a um acordo com o consórcio.
Contraponto
O que dizem o DNIT e o consórcio responsável
O superintendente do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte (DNIT), João José dos Santos, afirmou, ontem, estar ciente dos problemas financeiros enfrentados pelo consórcio Bloko/Araguaia/Emparsanco. Ele garante que, pelo menos por enquanto, as obras estão dentro do cronograma.
– O lote 25 está com cerca de 45% das obras concluÃdas. Estamos fiscalizando e, até o momento, há apenas problemas administrativos com as empresas que formam o consórcio – enfatiza.
O gerente de controle do consórcio, engenheiro Wilney Márcio Sarquete, não quis se manifestar sobre o caso.
Liderança muda de empresa no trecho
A liderança do consórcio responsável pelas obras do Lote 25 muda de mãos nos próximos dias. Por causa de questões judiciais envolvendo impostos federais, a empreiteira Blokos precisou passar o comando do trecho para a Araguaia, que, junto com a Emparsanco, forma o grupo.
De acordo com o chefe do DNIT em Tubarão, no Sul do Estado, Avani Aguiar de Sá, a Blokos fica impossibilitada de receber os aditivos por conta de mudanças no projeto desse trecho enquanto não solucionar o impasse referente aos impostos na Justiça.
– A empresa lÃder não pode ter restrições, e assim o comando da obra neste trecho passou para a Araguaia, solução que surgiu em reuniões no Dnit em BrasÃlia.
Os aditivos que a nova lÃder deverá receber do governo federal são relativos a algumas mudanças nos projetos de oito viadutos ao longo dos 29 quilômetros do Lote 25, entre os km 300 e 329 da rodovia.
Aguiar acredita que, na próxima semana, três frentes de trabalho devão dar continuidade à terraplanagem que está atrasada na localidade de Laranjeiras.
Depois a empresa começa a preparar o asfalto nas vias paralelas até o fim do lote, no limite de Laguna com Capivari de Baixo. Em Imbituba, as vias marginais foram concluÃdas e passaram a ser utilizadas em 19 de dezembro.
Comércio local critica a paralisação
A demora na retomada dos trabalhos no Lote 25 já causa transtornos a alguns moradores. Na localidade de Km 37, em Laguna, os comerciantes criticam uma vala de terraplanagem aberta bem em frente ao trevo de acesso.
Hamilton dos Santos, de 47 anos, proprietário de uma loja de materiais de construção, diz que o abandono provisório das obras dificulta o acesso de clientes e fornecedores.
– Por causa desta vala, os caminhões de entrega precisam fazer um contorno de quase um quilômetro para chegar à loja – explica Hamilton.
O vizinho dele, Sérgio Luiz Fernandes, 43, dono de um posto de medicamentos, vive situação semelhante. Segundo ele, não só o comércio sofre, mas toda a população de mais de mil habitantes do Km 37 enfrenta dificuldades com a ausência de operários e máquinas.
Os moradores reivindicam uma passarela mais segura sobre a vala ao lado do trevo de acesso. O DNIT construiu uma estrutura de madeira apenas para pedestres, mas os usuários temem acidentes no local. Fonte: Diário Catarinense