Florianópolis, 14.4.08 – O cronograma da duplicação da BR-101 Sul foi atrasado novamente por causa da quantidade inesperada de chuvas e do forte movimento de carros durante o verão, segundo informações do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit).
Quando a duplicação do trecho foi anunciada, a previsão era terminá-la ao fim de 2008. Agora, a meta a ser atingida até dezembro é concluir entre 70% a 80% da construção.
O Dnit explica que os longos perÃodos de chuva prejudicaram as obras porque, para cada dia de chuva, são necessários no mÃnimo dois de sol para reiniciar os trabalhos. Em 2008, a quantidade de chuvas acumulada em Florianópolis até agora é 1,1 mil milÃmetros, quando o esperado para o mesmo perÃodo seria de aproximadamente 500 milÃmetros.
A previsão total para o ano inteiro era de 1,5 mil milÃmetros. A possibilidade de inverno seco, com poucas chuvas, traz boas perspectivas nesse sentido. O Dnit informa que, se o perÃodo de sol foi maior que os dos anos anteriores, certamente haverá como recuperar boa parte do atraso.
Mas o meteorologista Glauco Freitas, da Central RBS de Meteorologia, diz que, apesar da tendência de estiagem por causa do fenômeno La Niña, ainda não é possÃvel prever a quantidade de chuva que deve cair no inverno. Antes do verão deste ano, lembra ele, várias das condições apontavam para tempo firme, prognóstico que acabou sendo modificado por causa das instabilidades vindas do Oceano Atlântico.
Como conseqüência, a paisagem da estrada pouco mudou desde a última vez em que o Diário Catarinense percorreu o trecho do trevo de Santo Amaro da Imperatriz (Km 216,5) até a divisa com o Rio Grande do Sul, em Passo de Torres. E a mudança mais evidente não é animadora: o asfalto está pior e mais esburacado em todo o percurso, particularmente entre Imbituba e Araranguá.
Além disso, à medida em que a obra avança, os moradores das margens dos trechos duplicados já habituam-se a fazer o que faziam quando havia pista simples: atravessar a rodovia correndo, expondo-se ao perigo de atropelamento, já que, nos locais onde as pistas não são separadas por canteiros, também ainda não há muretas.
Jacir dos Santos Raupp, mais conhecido como Chiquinho Mecânico, mora e trabalha ao lado da estrada, na Vila São Cristóvão, no municÃpio de Santa Rosa do Sul, a 15 quilômetros da divisa com o Rio Grande do Sul. A oficina, onde também trabalha José Lenoir Cardoso Vieira, fica no lote 30, onde ainda não há nenhum trecho duplicado e liberado, mas também o mais movimentado por obras. As longas filas que eles testemunham no verão e nos feriados dificultam sua movimentação; por outro lado, é a época em que a quantidade de trabalho aumenta, por conta dos carros que apresentam defeito durante as viagens e são levados até ali.
Os dois concordam que todo o barulho, poeira e constantes alterações no trânsito e acessos são um mal necessário, mas o maior problema, dizem, será depois que a estrada ficar pronta: as longas voltas que precisarão dar para alcançar os acessos e retornos que hoje são simples. Segundo o atual planejamento, apontam, a vila não terá nenhum retorno ou acesso à rodovia.
Na outra extremidade da obra de duplicação, o motorista de ônibus Vilmar do Nascimento, 52 anos, que mora na entrada da Guarda Cubatão, também à beira da BR-101 e a sete quilômetros do Trevo de Santo Amaro da Imperatriz, mal nota o barulho causado pelas máquinas que realizam a duplicação. Perto da casa dele, a nova pista está apenas terraplenada, mas o ruÃdo da movimentação dos automóveis, em um dos pontos onde os engarrafamentos são mais comuns, já o fez acostumar-se com o barulho. A quantidade de acidentes, por outro lado, diminuiu ali.
– Agora deu uma parada. Antes, quando morria gente aqui, era coisa de ir cinco a cada vez – lembra. Em mais de uma ocasião, já ouviu o barulho de acidentes, foi ver o que era e encontrou conhecidos seus entre as vÃtimas. Atualmente, o problema maior são os atrasos que o tráfego lhe causa, mas preocupa-se também com o posto de pedágio a ser instalado lá perto, já que desloca-se diariamente dali até o centro de Palhoça, onde trabalha.
Radiografia
Extensão total: 248,5 quilômetros
Trecho a ser duplicado: Palhoça (Km 216,5) a Passo de Torres (km 465)
Lotes: Nove de pavimentação (do 22 ao 30) e cinco para obras especiais (31, 32, 34, 35 e 36)
Obras
Passarelas: 68
Viadutos: 45
Passagens inferiores: 45
Pontes: 27
Custo total estimado: R$ 1,2 bilhão
Quanto foi investido nos anos de 2006 e 2007: cerca de 500 milhões
Em 2007, foram investidos R$ 288,8 milhões
Para 2008, há recursos da ordem de R$ 583 milhões.
De onde vêm os recursos: Projeto Piloto de Investimentos (PPI) do governo federal
Número de empregos criados: 10 mil diretos e 35 mil indiretos
Assinatura da ordem de serviço: dezembro de 2004
InÃcio efetivo dos trabalhos: março de 2005
Prazo para conclusão, com exceção de três obras especiais *: 2009
Expectativa de vida útil: 10 anos
Total de pistas duplicadas e liberadas: 33,5 quilômetros
* Túneis no Morro dos Cavalos, em Palhoça, e no Morro do Formigão, em Tubarão, e a travessia de Cabeçudas e Canal das Laranjeiras, em Laguna, onde a construção será em ponte paralela à atual pista. A entrega das três obras está prevista apenas para 2010.
Fonte: Diário Catarinense