Infra-estrutura terá R$ 85 bi este ano

  1. Início
  2. Notícias
  3. Infra-estrutura terá R$ 85 bi este ano

Infra-estrutura terá R$ 85 bi este ano

São Paulo, 2.6.08 – A retomada de mega empreendimentos no setor de infra-estrutura, praticamente abandonado nas últimas duas décadas, começa a mudar a cara do País. Desde o ano passado, com a melhora na economia doméstica, governo e iniciativa privada desengavetaram projetos importantes de transportes, energia e saneamento para captar a liquidez ainda existente no mundo. O resultado é que, pela primeira vez desde o milagre econômico, o Brasil conseguirá investir o que o setor necessita.
Segundo a Associação Brasileira de Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib), o volume de recursos injetados no setor deve ficar na casa dos R$ 85 bilhões neste ano, bem acima do verificado em períodos anteriores. O auge, porém, deve ser atingido em 2009, quando as decisões de agora começarem a maturar. A expectativa é que o setor receba os cerca de R$ 100 bilhões por ano necessários ao crescimento sustentável do País, diz o presidente da entidade, Paulo Godoy.
O desafio, segundo especialistas, é manter o ritmo de investimentos por anos seguidos. Só assim será possível eliminar gargalos de portos, rodovias, ferrovias, energia e saneamento. Não será uma tarefa fácil, especialmente depois de anos à margem dos investimentos e do acúmulo de problemas. Mas executivos de várias áreas da infra-estrutura estão otimistas.
?O Brasil está apenas começando a entrar num ciclo importante de projetos em várias áreas?, disse o presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia (Sinaenco), José Roberto Bernasconi. Ele destaca que o volume de propostas para a realização de projetos triplicou em relação aos últimos três anos.
Um dos setores que deve atrair um volume expressivo de investimentos é o de energia. Segundo Godoy, as reservas anunciadas pela Petrobrás dão condição surpreendente para o País construir uma indústria forte de óleo e gás. Isso porque o aumento do volume de produção cria a necessidade de investimentos indiretos, o que pode dar origem aos clusters (grupos de empresas de atividades semelhantes), afirma Godoy.
A área de energia elétrica não ficará para trás. Só com as usinas do Rio Madeira (Santo Antônio e Jirau), o setor receberá mais de R$ 17 bilhões, sem contar os investimentos de R$ 3,6 bilhões na linha de transmissão para trazer essa energia ao Centro-Sul do País. Para o ano que vem, o governo prevê leiloar outra hidrelétrica, Belo Monte, cujo investimento está calculado em US$ 3,6 bilhões.
?Estamos vivendo um bom momento de investimentos e já vemos alguns gargalos solucionados?, diz o diretor da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Saturnino Sérgio. Segundo ele, o Brasil tem capacidade para tornar-se uma grande potência energética, especialmente com a evolução do etanol nos últimos anos.

Setor privado tem 60% dos projetos

Mais de 60% dos investimentos feitos no setor de infra-estrutura nos últimos dois anos veio da iniciativa privada, segundo estimativas do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon). O presidente da entidade, Luiz Fernando dos Santos Reis, destaca que essa participação deve ganhar ainda mais peso nos próximos anos, com a retomada das concessões nas diversas áreas do setor, como rodovias, portos e energia elétrica.
Ele ressalta, porém, que essa estimativa se refere apenas aos investimentos no âmbito federal. Ou seja, não abrange as injeções de recursos dos governos estaduais, que também têm se esforçado para melhorar a infra-estrutura em suas regiões.
Somente São Paulo tem cerca de R$ 5 bilhões contratados em novos projetos, como Rodoanel, Metrô e recuperação de estradas vicinais, diz o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Estado de São Paulo (Sinicesp), Marlus Renato Dall?Stella.
Segundo ele, o programa das vicinais, por exemplo, prevê investimentos de R$ 1 bilhão. ?Isso movimenta todo o interior paulista. Temos quase 70 empresas trabalhando nessas obras, que saíram do zero.?
A expectativa é de que o setor de transportes, seja no âmbito federal ou estadual, tenha um grande avanço nos próximos anos. Com o leilão dos sete lotes de rodovias, ocorrido no ano passado, o estado geral das estradas já começa a apresentar mudanças.
Até 2010, deverão ser transferidos para a iniciativa privada mais cerca de 13 mil quilômetros de estradas federais e estaduais, segundo levantamento da Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib). Isso significa investimentos superiores a R$ 15 bilhões durante o período de concessão, o que dobraria o tamanho da malha rodoviária nas mãos de empresas privadas, hoje de 12,7 mil quilômetros.

No setor portuário, há projetos de novos terminais em todo o litoral brasileiro. Só em Santos, maior porto da América Latina, há cerca de R$ 11 bilhões em novos empreendimentos. Entre eles está o Embraport, do Grupo Coimex, e o Brasil Terminal Portuário (BTP) – Alemoa. Isso sem contar o projeto Barnabé-Bagres, orçado em R$ 9 bilhões.
Na avaliação dos especialistas, a infra-estrutura também deve ser beneficiada pelo grau de investimento concedido ao País pelas agências Standard & Poor?s e Fitch Rating.
?As perspectivas para o setor são muito positivas. Essa onda está apenas no início e tende a se solidificar nos próximos anos, especialmente com o Brasil no foco do investimento global?, diz o economista-chefe da Siemens do Brasil, Antônio Corrêa de Lacerda.

Compartilhe este post