Florianópolis, 10.12.03 – O governador Luiz Henrique da Silveira aguarda a confirmação da audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, marcada em princÃpio para segunda-feira, para voltar a cobrar sobre a duplicação do trecho Sul da 101.
“É um compromisso de campanha dele que eu endossei aqui; estou insistindo sempre com ele e não tenho dúvida de que concederá a audiência. Voltarei a mostrar que a situação está insuportável, com gente morrendo quase todos os dias”, disse ontem o governador, invocando os argumentos que deve usar diante de Lula.
Luiz Henrique, no entanto, desculpa o presidente por não ter sido mais firme em relação à rodovia catarinense por causa dos “entraves” que ele mesmo desconhecia.
O governador se refere à forma como foi amarrado o financiamento com o BID condicionando a liberação de recursos para o trecho Sul à implantação do pedágio no trecho Norte como garantia de manutenção na parte já duplicada. Ele acredita que o governo federal resolverá o problema através da Participação Pública Privada (PPP), admitindo, então, que os recursos para a duplicação sejam tomados pela empreiteira que vencer a licitação e ela, depois, adote o pedágio.Outras obras serão tratadas em reunião.
“O governo catarinense aceita isso; só assim se conseguiu duplicar o trecho Norte.” Há possibilidade de mudar o contrato com o BID, desvinculando a liberação dos recursos da implantação de pedágio, só que a alteração provocaria atraso maior na obra.
Executado em parceria com a iniciativa privada, é possÃvel que o projeto de duplicação do trecho Sul seja simplificado em relação ao original. Além das obras na BR-101, Luiz Henrique tentará garantir com o presidente a continuação da BR-282 no trecho que falta para chegar até ParaÃso, no Extremo-Oeste; no trecho entre São José do Cerrito e Campos Novos, no Meio-Oeste; e do trecho na Grande Florianópolis.
Ele também tratará sobre as obras de recapeamento da BR-470, que liga Navegantes ao Meio-Oeste, e a duplicação do trecho entre Blumenau e Indaial, entre outras. Fonte Liziane Rodrigues/DC
A solução é o dinheiro, o resto é conversa fiada”
Tubarão – Os protestos para a duplicação só teriam efeito, na situação atual, se fossem radicais. A opinião é do presidente da Comissão Permanente de Duplicação, Ronério Cardoso Manoel (PDT). Por isso, ele deposita mais expectativas nas visitas dos catarinenses a BrasÃlia para que o processo evolua.
Seriam necessários, segundo Ronério, protestos que trancassem por tempo indeterminado a rodovia para sensibilizar o governo federal. Para ele, paralisações esporádicas ou caminhadas na BR-101 são esforços desperdiçados. Não há mobilizações previstas para o trecho, segundo Ronério.
A expectativa da comissão é quanto ao encontro do governador Luiz Henrique da Silveira com o presidente Lula. “Ficou acertado que o governador faria a pressão. Agora é a hora de incluir a BR no orçamento. A solução é o dinheiro. O resto é conversa fiada.”
Ronério critica o ministro Anderson Adauto por ter prometido a duplicação em visita ao Estado e estar aquém das decisões para inÃcio da obra. “Isto é ficar enrolando Santa Catarina.” Salvador dos Santos/DC
Sul teme economia na obra
A economicidade proposta pelo Ministério do Planejamento na duplicação do trecho Sul pode render um novo capÃtulo para o inÃcio das obras.
As lideranças do Sul temem problemas como a segurança dos usuários, a aplicação de medidas ambientais compensatórias, e até um novo atraso nos trâmites burocráticos que precedem a execução da obra.
O presidente da ONG Sócios da Natureza, Tadeu Santos, alerta que qualquer alteração no projeto original poderá provocar um atraso de dois anos na execução da obra.
Ele acredita que serão cortadas as chamadas “obras de arte” do projeto original, como a ponte sobre o Complexo Lagunar e os viadutos sobre os banhados de Maracajá. “A economia retira do projeto as marginais que dariam segurança à s comunidades que vivem à s margens da rodovia.”
Para o presidente da Associação Comercial Industrial de Criciúma, DiomÃcio Vidal, “é mais um engodo que estão querendo fazer com a Região Sul, que precisa bater o pé.” Fonte:CRISTIANO RIGO DALCIN/ DC