Transporte de grão migra para a ferrovia

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Transporte de grão migra para a ferrovia

São Paulo, 27.10.05 – O escoamento de grãos (soja, milho e trigo) nas rodovias brasileiras está perdendo mercado para as ferrovias, que deverão receber investimentos de até R$ 13,9 bilhões nos próximos quatro anos, como já havia sido anunciado antecipadamente pelo DCI. O aporte será realizado pelas oito empresas concessionárias prestadoras dos serviços públicos de transporte ferroviário de cargas, detentoras de onze malhas concedidas à iniciativa privada.
Segundo a Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), os produtos agrícolas representam 14,3% do total de produtos movimentados, que em 2004 foi de 366,9 milhões de toneladas. “As ferrovias contam com 26% de participação no transporte de cargas no País”, diz Ellen Martins, assessora técnica da entidade.
A estimativa, segundo dados do mercado, é de um incremento de 15% em volume de grãos este ano em comparação com o ano passado. Por outro lado, as rodovias nacionais continuam detendo a maior fatia do transporte de grãos.
A MRS Logística deverá transportar este ano 700 mil toneladas de soja, ante as 300 mil toneladas do ano passado. A estimativa total de produtos transportados este ano é de 110 milhões de toneladas.
Para Júlio Fontana Neto, presidente da concessionária, a saída para atender a demanda maior foi fazer uma parceria com a Brasil Ferrovias para poder utilizar a malha ferroviária que liga a região de Jaú, no município de Pederneiras, interior do Estado de São Paulo, até o Porto de Santos. “É a soja produzida no Centro-Oeste que precisa ser escoada. Contamos com seis grandes clientes”, ressalta.
A previsão é de que no próximo ano o transporte de soja alcance a casa de 1,5 milhão de toneladas. Em receita, a concessionária deverá elevar seus negócios em até 13% este ano em comparação com o ano passado. A MRS controla, opera e monitora a malha sudeste da Rede Ferroviária Federal.
Na Brasil Ferrovias até setembro deste ano foram movimentados 5,6 milhões de toneladas de soja, contra 5,7 milhões transportados no ano todo de 2004. “Cerca de R$ 500 milhões para reformas em geral e ampliações de terminais e o outro montante de parceiros, para instalação de novos vagões e locomotivas”, diz Elias Nigri, presidente da empresa. A Brasil Ferrovias e parceiros deverão ter investido R$ 1 bilhão, entre este e o próximo ano.
A companhia deverá movimentar cerca de 16 milhões de toneladas, 20% mais que no ano passado. Para 2006, calcula-se 21 milhões de toneladas em mercadorias transportadas. “A demanda está muito acentuada este ano em relação ao ano passado”, conta. A concessionária cobre três estados: São Paulo, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, além de atender Goiás e Minas Gerais por meio da hidrovia Tietê-Paraná. A concessionária assinou contrato com a Bunge Alimentos para transporte de grãos para os próximos 10 anos.
Outra empresa que está com forte demanda para o transporte de grãos é a América Latina Logística (ALL). A concessionária assinou contrato com a Bunge Alimentos, para movimentar 270 milhões de toneladas de grãos, pelos próximos 23 anos. Os grãos representam 52% do total de mercadorias movimentadas, cerca de 24 milhões de toneladas. Caso continue na média de crescimento (1997 a 2004), a concessionária deverá registrar 15% mais em volume transportado e 25% mais em receita, que em 2004 foi de R$ 1,08 bilhão.

Algodão e café

O Grupo Columbia, um dos maiores operadores logísticos do País, deverá alcançar 10% do market share de algodão para exportação este ano, hoje em 400 mil toneladas na produção 2004/2005.
Segundo Carlos Alberto de Brito Soares, gerente da divisão agrícola da Columbia, em 2004, foram movimentados 20 mil toneladas de algodão e a estimativa é que chegue em 40 mil este ano. “A divisão completou um ano em setembro último. Transportamos também café, que este ano deverá se consolidar no mercado e deveremos movimentar 800 mil sacas”, diz.
De acordo com Soares, é uma tendência o compartilhamento entre a rodovia e ferrovia e a Columbia deverá nos próximos anos promover esta utilização dos modais para escoar sua produção. “Contamos com 450 caminhões, além de terceiros e parceiros. As ferrovias são fundamentais para o bom desempenho do transporte”, finaliza.

Santos

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou dois financiamentos, no valor total de R$ 19,2 milhões, para investimentos de empresas nacionais em dois terminais portuários no Porto de Santos. A Cereal Sul Terminal Marítimo vai receber um crédito de R$ 12,5 milhões para investir na implantação de um terminal portuário de uso público para movimentação e armazenagem de grãos.
A outra empresa é o Terminal 39 de Santos , que irá aplicar o financiamento de R$ 6,7 milhões na ampliação da capacidade de movimentação de cargas do terminal próprio da empresa em 400 mil toneladas anuais, elevando-a para total de 1,9 milhão de toneladas de grãos por ano.

Fonte: Jornal do Transportador

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