Florianópolis, 15.6.04 – CombustÃveis mais caros a partir de hoje em todo o Brasil. A Petrobras anunciou um aumento de 10,8% no preço da gasolina e de 10,6% no óleo diesel nas refinarias. A justificativa é a alta do petróleo no mercado internacional. Segundo o presidente da estatal, José Eduardo Dutra, com estabilização do preço do barril em US$ 35 “ficou insustentável” manter os preços nos patamares em que estavam. A empresa calcula que o consumidor pagará 4,5% a mais por litro de gasolina. O diesel subirá 6,4%.
A estatal era criticada por analistas do mercado financeiro por manter os preços dos combustÃveis em meio a uma disparada do preço do petróleo no mercado internacional. “Desde 2002 a Petrobras pratica preços coerentes com as cotações externas, mas sem repassar imediatamente para o consumidor as volatilidades dos preços”, justificou Dutra.
Mas não é esse o cálculo que o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Petróleo de Santa Catarina (Sindipetro), Luiz Antonio Amin, faz. Ele calcula que gasolina vai subir entre 22 e 26 centavos ao consumidor, ou seja mais de 10%. De acordo com números da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o litro da gasolina custava em média R$ 2,082 na semana passada. Deve superar nos R$ 2,30. O diesel deve subir em cerca de 10 centavos o litro.
Os estoques, segundo o Sindipetro, devem durar apenas um dia, e é provável que quem abasteça hoje já encontre novo preço nas bombas. “Não é mais possÃvel comprar gasolina ou diesel pelo preço anterior ao anúncio de aumento”, afirmou Amin.
De acordo com presidente do Sindipetro/SC, o reajuste acima das expectativas da Petrobras tem explicação. “Nas últimas três semanas, houve três aumentos no álcool anidro – que representa 25% no preço final – que não foram repassados”, argumenta. Além do aumento da Petrobras e do anidro, ele diz que ainda há os impostos, que sobem junto”. O presidente da Petrobras admitiu ontem que a estimativa feita pela estatal não contempla “aumento de margem e de ICMS”.
Como esse aumento superior a 20 centavos no litro da gasolina é tido como inevitável, o segmento já se prepara para uma queda no movimento. “Vai haver uma retração de 10% a 12% nessas duas primeira semanas.” Nos quatro primeiros meses do ano, as vendas no Estado cresceram 17,2% em relação ao mesmo perÃodo de 2003. Foram comercializados 438,5 milhões de litros, segundo a ANP.
Consumidor
O analista Alex Agostini, da consultoria Global Invest, faz a mesma previsão, mas com um viés mais otimista para o consumidor. “É natural que haja um aumento agora, por conta do reajuste promovido pela Petrobras”, diz. “Mas se houver uma queda brusca no movimento, a concorrência entre os postos vai obrigá-los a baixa os preços”. Ele acredita que o impacto do aumento nos preços dos combustÃveis deve ser mÃnimo para a inflação. “O Banco Central trabalha com uma expectativa de aumento de 9,5% nos combustÃveis ao longo de 2004. Até ontem, havia uma queda de 4,4%”, afirma.”
O professor de economia, João Rogério Sanson, da UFSC, concorda com a avaliação do analista de merca. “Vai depender de o governo controlar a oferta monetária para inibir o consumo, e é isso que tem acontecido”, diz. E acrescenta: “Se os combustÃveis e os bens que se utilizam desse tipo de energia aumentarem seus preços, outros vão ter que cair para que as metas não sejam prejudicadas”. Fonte: Agência Estado/AN