São Paulo, 6.12.05 – A Pamcary, que mensalmente monitora mais de 350 mil viagens rodoviárias de veÃculos de carga e anualmente faz cerca de 5 mil atendimentos a acidentes com caminhões que transportam mercadorias em todo o território nacional, está divulgando os resultados de uma ampla pesquisa neste setor. O levantamento estima que a quantidade de acidentes com veÃculos de carga no Brasil chega a quase 90 mil por ano. O estudo também calcula que o número de mortes e feridos graves alcança o patamar de 12 mil por ano – cerca de 1/3 destas vÃtimas são motoristas.
“Nos Estados Unidos, anualmente há 25 mortes por grupo de 100 mil caminhoneiros. No Brasil, este número é de 281”, ressalta Darcio Centoducato, diretor de gerenciamento de riscos da Pamcary, que coordenou a pesquisa. Segundo Centoducato, a principal causa desta discrepância reside no fato de que a classe de caminhoneiros do Brasil, que reúne mais de 500 mil profissionais, está sendo vÃtima da principal lógica do capitalismo: a lei da oferta e da procura. “Mensalmente, nosso cadastro nacional de motoristas, que já possui 1,02 milhão de nomes, recebe o acréscimo de cerca de 6 mil novos profissionais. Isso denota a oferta abundante e sempre crescente de caminhoneiros. Como a procura não cresce na mesma proporção, o custo do frete normalmente é muito baixo. O caminhoneiro, por isso, busca carregar o máximo possÃvel, dilatando sua jornada de trabalho. Assim, o número de acidentes alcança um patamar elevadÃssimo, e as principais causas são o excesso de velocidade e o cansaço do motorista”, revela. A baixa remuneração dos fretes também resulta em baixos investimentos na renovação e na manutenção dos veÃculos de carga. O desequilÃbrio entre a oferta e a procura de fretes já havia sido também apontado pelo Instituto Coppead, centro de estudos avançados em gerência de negócios da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Para fazer a pesquisa, a Pamcary analisou 80 diferentes itens em cada um de 4,2 mil acidentes atendidos pela empresa entre julho de 2004 e o mesmo mês de 2005. O levantamento também levou em conta os históricos de 15 milhões de viagens rodoviárias registrados pela Pamcary nos últimos 4 anos, além de arquivos do Detran, Susep, PolÃcia Federal e outras entidades.
Evidências que apontam o cansaço como o vilão
A pesquisa da Pamcary também definiu uma forma clara e objetiva de apurar a Ãntima relação entre os acidentes e o cansaço provocado pela jornada diária do caminhoneiro, de cerca de 15 horas. “Observamos que existe uma tendência dos acidentes ocorrerem de forma relativamente crescente a partir do dia de descanso do motorista, que é domingo”, conta Centoducato. De acordo com o estudo, na segunda-feira são expedidas 17% das mercadorias da semana, em média. Mas este dia é responsável por apenas 5% dos acidentes no perÃodo. Já no sábado, quando são expedidas apenas uma média de 5% das mercadorias, os acidentes neste dia representam 15% dos sinistros da semana.
A evidência de que o cansaço é o principal vilão do alto número de acidentes com veÃculos de cargas é também salientada de outra maneira pela pesquisa. “O motorista de caminhão se envolve em 8 acidentes em cada 10 mil viagens. Considerando este mesmo número de viagens, a média de acidentes sofridos pelo motorista de ônibus de passageiros é de apenas 0,87. Por que esta disparidade, se eles enfrentam as mesmas estradas e nenhum dos dois são É suicidas?”, provoca o diretor. De acordo com ele, o motorista de veÃculos que transportam passageiros tem salário fixo e descanso obrigatório. Já o rendimento financeiro da maioria dos motoristas de caminhão depende do número de viagens que consegue fazer e, por isso, quase não descansa. “Esta é a principal diferença entre as duas atividades”, salienta.
Perfil dos riscos
Quando o assunto é a causa de acidentes, muito se fala sobre a má conservação das estradas. “Sobre este aspecto, confirmamos que de forma geral, as rodovias, de fato, estão mal conservadas. Mas verificamos que os buracos não são a causa direta dos principais acidentes, que se destacam pela freqüência e pelos prejuÃzos que acarretam: a capotagem e o tombamento. O motorista tende a percorrer os trechos mal conservados com velocidade reduzida. Porém, ao vencer esta etapa, ele tenta tirar o atraso nos trechos bons, quando abusa da velocidade e luta contra o cansaço. É aà que os acidentes costumam acontecer. Assim, a má conservação é um fator importante, mas atua apenas indiretamente”, diz Darcio Centoducato.
Os sinistros mais freqüentes que acarretam os maiores prejuÃzos teriam este perfil tÃpico: um motorista jovem (de 18 a 25 anos), cansado, dirige um caminhão articulado, com excesso de peso, à noite, chovendo, em trânsito livre, que tenta fazer uma curva com excesso de velocidade. “Na verdade, cada um destes itens é um fator que, quando presente, aumenta a probabilidade do sinistro ocorrer”, diz.
Segundo a pesquisa da Pamcary, as conseqüências dos acidentes para a atividade do transporte de cargas são particularmente severas. Em cada grupo de 100 eventos desta natureza, 14 provocam pelo menos uma vÃtima fatal. A pesquisa também mostrou que em cada grupo de 100 sinistros com mercadorias observa-se, em média, um prejuÃzo de 28% no valor transportado.
“Nossa intenção é mobilizar a cadeia logÃstica para o problema e buscar as soluções necessárias. Realizamos vários trabalhos com grande resultado nessa área”, afirma Silvio Bergamo, citando casos de sucesso como o proporcionado juntamente com a Unilever, cuja freqüência de acidentes com as mercadorias da empresa sofreu uma redução de 8 para 2,7 eventos para cada 10 mil viagens. “Com certeza, podemos reverter esse quadro. Já temos resultados concretos”.
A Pamcary
A Pamcary é lÃder nacional no ramo de seguro de transportes de cargas e no gerenciamento integrado de riscos de operações logÃsticas. A empresa oferece, de forma integrada, o planejamento de ações preventivas, a operação de ferramentas tecnológicas para o controle do risco e serviços de informações logÃsticas. O atendimento a sinistros conta com apoio de uma frota de 50 veÃculos próprios rastreados por satélite, dispostos de forma estratégica.
Em 40 anos de existência, ela estabeleceu presença em todo o território nacional, com 30 filiais. Suas operações são integralmente conduzidas por um quadro de cerca de 1.000 funcionários. Como corretora, a Pamcary tem cerca de 2 mil segurados, entre transportadores e embarcadores de cargas.
Fonte: Assessoria de Imprensa/ Pamcary