Florianópolis, 24.2.14 -Para evitar sonegação de impostos, excesso de velocidade e controlar horas de motoristas, os caminhões feitos no Brasil passarão a ter um sistema que controla tudo isso. Será um verdadeiro Big Brother, que já está assustando o setor, como deixou claro o presidente da Fetrancesc, Pedro Lopes, na Fiesc. Fonte: Estela Benetti/ DC
Acesso à BMW
A construção da fábrica da BMW em Araquari está adiantada, mas não há definição sobre o acesso pela BR-101. O retorno atual não comporta super caminhões. A empresa sinalizou que não pagará a obra, o governo do Estado também. Restará à concessionária fazer e incluir o valor, cerca de R$ 6 milhões, nas tarifas do pedágio. Fonte: Estela Benetti/DC
Depois do Carnaval?
Coordenador do Fórum Parlamentar Catarinense, Marco Tebaldi (PSDB) vai mobilizar a bancada para cobrar do Ministério dos Transportes agilidade no lançamento do novo edital de licitação da BR-280 entre o Porto de São Francisco do Sul e o entroncamento com a BR-101. A promessa era que ainda em fevereiro o edital seria lançado. Agora, o DNIT já jogou a previsão para março. SC no Planalto
Via rápida para o crescimento
Quem trafegar na única rodovia totalmente duplicada de Santa Catarina, o trecho norte da BR-101, vai começar a ver um cenário menos verde pelas janelas nos próximos anos. A transformação já está em curso. E pode não demorar muito, dada a velocidade com que as cidades do Litoral Norte catarinense cresceram nos últimos 10 anos.
Enquanto os municípios às margens do trecho duplicado aumentaram seu PIB em média 476% nos últimos dez anos, Santa Catarina cresceu 290%. As informações fazem parte de um estudo realizado pelo Instituto Jourdan, de Jaraguá do Sul.
– Em um futuro próximo o trecho de Joinville até Palhoça vai ser uma coisa só. Não vai demorar muito tempo para que aconteça como na Grande São Paulo, onde todas as cidades são interligadas e você não sabe onde começa uma e termina a outra – afirma o diretor-presidente da Havan, Luciano Hang.
Certa da expansão, a rede de lojas já tem quatro unidades às margens da rodovia federal. Barra Velha, Itapema, São José e Palhoça têm a bandeira da Havan.
Com o investimento da Havan e outros empreendimentos, o PIB de Barra Velha cresceu 599% em 10 anos. Outros municípios emblemáticos pelo volume de crescimento são Garuva (com 944% de expansão), que recebeu a fábrica de tratores LS Mtron, por exemplo, e Araquari (536%), que em breve deve ter em operação a primeira fábrica da BMW na América Latina.
Itajaí aproveitou o momento e foi a que mais cresceu entre os municípios pesquisados, 986% nas medições de seu PIB pelo IBGE ao longo da última década. Em grande parte graças ao seu porto: a APM Terminals, empresa operadora de logística do terminal de Itajaí, é a maior pagadora de impostos municipais.
– Estamos no epicentro de uma região que concentra 70% do PIB do país – diz o diretor de Indústria, Comércio e Serviços da prefeitura de Itajaí, Carlos Fernando Priess, em referência às regiões Sul e Sudeste.
Desenvolvimento aponta para mudança urbana
Os terrenos gramados ao lado da estrada duplicada começaram a dar espaço a fábricas, centros de distribuição, comércios e residências. Ainda não ocorre em toda a BR-101 norte a sensação de sair de um município e chegar a outro sem notar a diferença, mas há regiões que já vivem essa situação.
Para quem vem do norte em direção ao sul pela rodovia – de Joinville até Penha, de Balneário Camboriú até Porto Belo e de Biguaçu até Palhoça, a impressão é de que as cidades estão unidas pelo desenvolvimento.
– Há essa tendência de conurbação, principalmente nas áreas litorâneas – explica a urbanista Angela Favaretto.
A pesquisadora fez seu mestrado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) sobre a paisagem urbana da BR-101 no trecho norte do Estado. Agora, desenvolve o doutorado dentro do mesmo assunto.
Angela acredita que pode ocorrer a formação desse corredor urbano às margens da rodovia, com a instalação de indústrias principalmente, ao longo dos próximos dez anos. Mas é improvável uma conurbação real neste período, o que significaria que as áreas urbanas se unissem completamente. Para ela, ainda existem espaços bem rurais entre alguns municípios e formações naturais que impedem esse movimento.
Expansão menor longe da BR-101
Praticamente todas as cidades localizadas ao longo do trecho duplicado tiveram crescimento do PIB bem acima de outros municípios de Santa Catarina e do próprio crescimento do Estado, que teve um aumento de 290% nos últimos dez anos (veja o infográfico). Esse eixo que puxa o crescimento da economia catarinense tem três centros: o polo metalmecânico de Joinville, a logística portuária da foz do rio Itajaí-Açu e a economia diversificada da Grande Florianópolis.
São essas três regiões que criam a maior parte dos empregos gerados no Estado. E, mesmo cidades próximas desse eixo de desenvolvimento, como Jaraguá do Sul, que está a 40 quilômetros da BR-101, e Blumenau, a 50 quilômetros, não conseguiram reproduzir o mesmo crescimento ao longo dos últimos anos. A situação se repete ao analisar a criação de empregos. As novas vagas se concentram neste eixo produtivo.
– Há mais dificuldade de desenvolvimento econômico, sim. Se você analisa o crescimento, não só percentual, mas em números absolutos, fica evidente que esse eixo de deslocamento, essa estrutura logística próxima a outras indústrias atrai mais indústrias e gera esses clusters – explica Benyamin Parham Fard, presidente do Instituto Jourdan.
A entidade faz planejamento para a prefeitura de Jaraguá do Sul e elaborou o estudo que compara o crescimento das cidades beneficiadas pela duplicação com outras catarinenses.
Oeste catarinense sente os reflexos
O caso mais extremo é o Oeste catarinense. A agroindústria precisa trazer milho para o Estado, por rodovias, e depois transporta suínos e frangos pelas mesmas estradas de pista simples. Uma solução seria a via ferroviária, por meio da chamada Ferrovia do Frango, que não saiu do papel.
– Os projetos estão prontos há mais de 20 anos. O que falta realmente é compromisso da parte governamental de aplicar isso. E não só na época de campanha – diz Cristian Dihlmann, vice-presidente da Facisc para a Indústria.
A própria BR-101 norte, duplicada, já opera acima de sua capacidade. Se a intenção é manter o protagonismo nos anos que virão, além de garantir o equilíbrio histórico que é uma marca do Estado, pelos depoimentos, há mais serviço a ser feito que tempo para executá-lo.
476% é a média de crescimento dos municípios às margens da BR-101 norte de 1999 a 2010
Economia de Santa Catarina cresceu mais do que a do Brasil em 2013
A economia catarinense cresceu mais do que a brasileira em 2013. O Índice de Atividade Econômica Regional de Santa Catarina (IBCR-SC) subiu 4,1% no ano passado, enquanto a média do Brasil ficou em 2,52%. O levantamento integra o Índice do Banco Central (IBC-Br).
O indicador é considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB) apurado pelo IBGE, que será divulgado na quinta-feira.
Conforme o BC informou para o Departamento de Economia da Federação das Indústrias (Fiesc), no ano passado SC cresceu mais na agricultura e pecuária. O levantamento inclui também indústria, comércio e serviços. O presidente da Fiesc, Glauco José Côrte, observa que o dado do PIB deve variar – pode não ser 4,1%, mas o índice do BC mostra que o Estado terá resultado acima da média brasileira.
Em dezembro, frente ao mesmo mês de 2012, o IBCR-SC também cresceu 4,1%. Mas na comparação com o mês anterior, novembro, houve queda de 2%, refletindo a situação mais difícil da economia do país no segundo semestre do ano passado, quando o IBC-Br apontou recessão.Mesmo assim, o PIB do país deverá fechar em torno de 2,3%, conforme estimou o governo, bem mais do que o crescimento de 2012, que ficou em apenas 1%.
— A indústria catarinense teve resultado melhor em 2013. A produção cresceu 1,5% enquanto no ano anterior tínhamos caído 2,5%. As vendas e o nível de emprego também cresceram –— comenta Côrte.
Conforme o empresário, o Estado tem um modelo econômico desconcentrado e diversificado, especialmente na indústria, que precisa ser preservado. Isso é importante porque quando alguns setores têm dificuldades, outros vão bem.
Agropecuária lidera alta
O Banco Central revelou que em Santa Catarina a agricultura e a pecuária lideraram o crescimento no ano passado. O preço favorável dos grãos, especialmente da soja, que ficou numa média de R$ 65 por saca, pesou nos resultados do setor, avalia o presidente da Organização das Cooperativas do Estado (Ocesc), Marcos Antonio Zordan.
De acordo com ele, o impacto da soja é grande porque há dois anos, em função dos preços cotados em dólar, o produto foi vendido entre R$ 60 e R$ 65 por saca. Antes, estava entre R$ 40 e R$ 45. A alta impulsionou diversos negócios no campo.
SC registrou ainda crescimento de 63% nas exportações de soja em 2013. Zordan observa ainda que os preços do milho, feijão, leite e suínos também tiveram aumentos expressivos e remuneraram bem os produtores.
A fruticultura é outro setor que colabora, inclusive na geração de empregos. Em janeiro, por exemplo, só Fraiburgo abriu mais de 2 mil vagas para a colheita da maçã.
O comércio, que nos anos anteriores puxava o PIB catarinense, no ano passado teve expansão mais tímida. Segundo o IBGE, as vendas do varejo em 2013 cresceram 2,6% contra alta de 7,43% no ano anterior. Para o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL-SC), Sergio Medeiros, 2013 começou bem, com crescimento de vendas da ordem de 4% frente ao ano anterior, mas depois perdeu fôlego. O principal problema, na avaliação do empresário, foi a alta da inflação que passou a tirar, gradativamente, o poder de compra das famílias. Durante o ano passado, o setor gerou 15,3 mil novos empregos, 3,75% a mais do que em 2012, mas em janeiro deste ano registrou o maior recuo, com redução de 2.156 vagas.
— O ano de 2014 será parecido com 2013 ou até pior para o setor. Isto porque a Copa terá impacto negativo, com menos dias trabalhados, e a eleição reduz a atividade econômica — avalia.
Disparos
Durante o encontro regional do PSB-Rede-PPS, em Porto Alegre, o governador Eduardo Campos deu o tom da campanha presidencial. Criticou a falta de gestão do governo federal e a lentidão com que são executada as obras de duplicação das BR-470 e BR-280 em Santa Catarina. E falou das sugestões do presidente do PSB, Paulo Bornhausen, para seu plano de governo. Fonte: Moacir Pereira
PAC 2 ainda tem obras pendentes
Embora o governo federal comemore o percentual de 82% de obras concluídas no PAC 2, há obras importantes do setor de transporte e mobilidade urbana em todo o país que jamais saíram da prancheta.
Hidrovias, ferrovias e aeroportos, ainda que estejam nos planos desde 2007, são barrados por entraves burocráticos ou contenção de recursos.
Uma lógica cerca esses projetos: como não saem do papel, são replanejados e têm prazos transferidos para anos seguintes. Desta forma, é praticamente impossível descumpri-los.
A maior parte dos projetos que ainda são considerados “em execução” serão provavelmente transferidos para o PAC 3 (que ainda está sendo formatado) com prazos adaptados, assim jamais estarão entre o pequeno percentual de metas descumpridas.
Estar no PAC, no entanto, dá a uma obra federal dois aspectos importantes: previsão no orçamento da União e o uso do Regime Diferenciado de Contratação (RDC).
Se por um lado a licitação se torna mais ágil ao vincular à mesma empresa o projeto e a execução da obra, por outro lado o valor do projeto passa a ser sigiloso, um pré-requisito legal do RDC.
Programa desacelera no final do mandato
Na quinta-feira, dois dias depois do balanço do PAC ser apresentado com pompa pela ministra Miriam Belchior (Planejamento) e outros 10 ministros, a Fazenda anunciou um corte de R$ 7 bilhões nos R$ 61,4 bilhões do orçamento do programa. Uma mostra de que o PAC desacelerará na reta final do governo Dilma.
– Fizemos uma análise tanto do estoque de restos a pagar e achamos que, com esse ajuste, será possível conduzir todas as obras no ritmo que é necessário – avaliou Miriam.
Projetos emperrados |
AEROPORTOS |
– Trata-se de uma das áreas mais decepcionantes do PAC. Lançado há um ano e dois meses, o plano de aviação regional deveria pulverizar 270 aeroportos pelo país. Em todo o Brasil, apenas 16 estão em obras – por se tratarem de reformas em estruturas já existentes – e sete estão em fase de licitação. O anúncio de investimentos na casa de R$ 7,3 bilhões tampouco foi concretizado. As licitações foram postergadas para maio. |
FERROVIA NORTE-SUL |
– Na prancheta desde o governo Sarney, em 1987, a Ferrovia Norte-Sul é uma das obras mais truncadas desde o PAC 1. De um projeto que pretende cortar o país do Pará ao RS, apenas os 400 km entre Aguiarnópolis (MA) e Palmas (TO) foram concluídos. No início deste ano, a obra estagnou entre Palmas (TO) e Anápolis (GO). O trecho recebeu, entre 2011 e 2014, R$ 1 bilhão em investimentos. |
Fonte: Diário Catarinense
Empresários e governo cobram agilidade em obras
Lideranças aproveitam aumento do preço do pedágio nas rodovias federais para pressionar concessionária pelo imediato cumprimento das obras previstas no contrato para a BR-101 e BR-116.
O aumento das tarifas de pedágio que passa a valer a partir de hoje para trechos das BRs 101 e 116 em Santa Catarina não passou em branco para a Arteris, empresa que administra as concessionárias das rodovias, Autopista Litoral Sul e Autopista Planalto Sul.
Na reunião que trouxe o presidente da companhia espanhola no Brasil, David Antonio Díaz Almazán, à sede da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), ontem, a empresa foi duramente questionada pelo governador do Estado, Raimundo Colombo, e também ouviu cobranças das lideranças catarinenses sobre a arrecadação destinada a obras no trecho da concessão no Paraná.
A nova tarifa do pedágio, que recebeu acréscimo de 5,88%, subiu de R$ 1,70 para R$ 1,80 para carros de passeio em todas as praças.
– Não é justo esse aumento, porque o serviço não está sendo prestado. Cadê o Contorno Viário? É urgente e está muito atrasado, prejudicando o desenvolvimento do Estado – declarou Colombo, ao fim da reunião.
Além da alta na tarifa, empresários questionaram o andamento das obras e adequações nas rodovias. Um dos pontos polêmicos da discussão foi a grande diferença do avanço das obras no Paraná em relação a Santa Catarina.
O engenheiro Ricardo Saporiti, consultor da Fiesc, argumentou que, por Santa Catarina ter mais praças de pedágio e contribuir mais para a receita da Autopista Litoral Sul, o contorno da Grande Florianópolis deveria ter sido feito antes das obras na região de Curitiba.
– É um desequilíbrio. Grande parte da arrecadação catarinense está custeando as obras que estão sendo feitas no Paraná – afirma o consultor.
Na avaliação de Saporiti, as obras paranaenses foram realizadas antes porque faltou pressão política catarinense junto ao governo e à concessionária. Na BR-116, 77% do trecho da concessão ficam em solo catarinense, com três das cinco praças de pedágio.
Após os questionamentos do governador Raimundo Colombo, o diretor-superintendente da Autopista Litoral Sul, Paulo Mendes Castro, assegurou que as obras no contorno viário da Grande Florianópolis começam assim que o Ibama liberar a Licença de Instalação (LI).
Até o dia 12 de março a concessionária deve encaminhar o projeto com as adequações exigidas pelo Ibama. A partir desde documento o Ibama deve liberar ou não o início das obras. A Autopista espera começar os trabalhos em meados de abril.
O presidente da Fiesc, Glauco Côrte, chegou a propor suporte à Autopista Litoral Sul e à Planalto Sul para eventuais entraves burocráticos.
– O que nós pretendemos fazer é agilizar todas elas, porque nosso concorrente não vai esperar – declarou.
RAIMUNDO COLOMBO, Governador de SC
“Não é justo esse aumento porque o serviço não está sendo prestado. Cadê o contorno viário? É urgente e está muito atrasado, prejudicando o desenvolvimento do Estado.” Fonte: Diário catarinense – 22.2.14