Com o objetivo de tratar dos problemas que são gerados principalmente nos caminhões em virtude da mistura do biodiesel no óleo diesel, a Confederação Nacional do Transporte (CNT) se reuniu nesta segunda-feira, 22 de junho, com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Na ocasião, a CNT foi representada pelos seus diretores, Dagnor Schneider e Sérgio Pedrosa, vice-presidente da Fetrancesc e presidente do Fetcemg, respectivamente.
Atualmente, o biodiesel, que é produzido a partir de óleos vegetais, gorduras (como o sebo bovino) e resíduos como o óleo de cozinha usado, equivale a 12% na mistura do diesel que é comercializado no Brasil e há uma previsão de que em março de 2021 passe para 13%. Por isso, o propósito deste encontro foi, sobretudo, adiar essa implantação e em paralelo trazer melhorias para que quando chegar aos 13% já tenha tecnologia suficiente. O assunto já foi, inclusive, assunto de reunião do Conselho de Representantes da Fetrancesc, que levou a proposta à Seção de Cargas da CNT para intermediar o contato com a ANP.
Para o vice-presidente da Fetrancesc, Dagnor Schneider, avançar no nível da combinação não faz sentido. “Os maiores problemas gerados hoje são nos filtros, com a redução na vida útil, e o comprometimento do sistema injetor. Estes problemas foram relatados para que a ANP atue na correção desses desvios, mesmo já com a mistura de 12%. Isso porque, quando aumentar para 13% há a tendência de agravar, o que exige segurança para a vida útil dos nossos veículos”, ressaltou.
Schneider acrescentou que “a partir do momento que foi realizada essa mistura começaram a aparecer mais problemas nas motorizações e nos filtros de caminhões e ônibus, principalmente na questão da contaminação precoce do filtro e no sistema injetor. São problemas frequentes que acabam agravando o custo e gerando risco, principalmente de acidentes”.
A partir do que foi debatido na reunião, a CNT enviará um ofício para a ANP para formalizar os encaminhamentos e proceder as tomadas de decisões. O encontro realizado virtualmente em função da pandemia do coronavírus (COVID-19) teve a participação de mais de 20 técnicos da ANP, dois engenheiros técnicos da Mercedes-Benz, o assessor da CNT, Tiago Ticchetti, o conselheiro fiscal da Fetrancesc e do Sindicargas, Ruy Gobbi, além de Schneider e Pedrosa.
A rotina do transporte – De acordo com o conselheiro fiscal da Fetrancesc e do Sindicargas, Ruy Gobbi, a situação está gerando insegurança no segmento do transporte. “Esse é o nosso grande enigma que em conjunto com as autoridades competentes a gente vai ter que resolver. Em relação às tecnologias que podem ser desenvolvidas, nós solicitamos junto a ANP para que se estabeleça um novo padrão, principalmente de qualidade e de fiscalização no transporte, na distribuição e na armazenagem desse combustível, porque essa situação está gerando alguns problemas de insegurança no transporte. Então o nosso grande pleito é que, por ora, pelo menos se mantenha fixado em 12%, que é a porcentagem atual para que a gente consiga mitigar esse problema e que isso não cresça de acordo com o que foi previsto na legislação que está em vigor agora da ANP”, afirmou.
Ainda conforme Gobbi, “os novos caminhões têm um sistema de injeção de altíssima pressão e que requerem equipamentos com tolerâncias cada vez menores, portanto a micragem dos filtros tem que ser cada vez menor também para poder garantir a pureza e termos a durabilidade do equipamento, principalmente para atender os níveis de potência exigidos pelo transporte e emissão de poluentes, além de não comprometer toda a cadeia produtiva, com todo esse custo de reposição dos filtros, de problemas de manutenção, hora do caminhão parado, em virtude do entupimento”.