Para entender os impactos que a mistura de biodiesel ao diesel causa nos veículos de transportes, a NTC&Logística realizou, juntamente com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), uma reunião por videoconferência na tarde desta quarta-feira, 11 de novembro.
Isso porque, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), por meio da Resolução nº 16/18, que dispõe sobre a evolução da adição obrigatória de biodiesel ao óleo diesel vendido ao consumidor final, criou o cronograma estabelecendo as próximas evoluções da adição obrigatória a partir de 1º de março de 2021.
Atualmente, o biodiesel, que é produzido a partir de óleos vegetais, gorduras e resíduos como o óleo de cozinha usado, equivale a 12% na mistura do diesel que é comercializado no Brasil e há uma previsão de que em março de 2021 passe para 13%.
O assunto já foi tema de videoconferência da Fetrancesc em junho, quando se reuniu com Confederação Nacional do Transporte (CNT) e a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para tratar dos problemas que são gerados nos caminhões.
Ao abrir o evento, o presidente da NTC&Logística, Francisco Pelucio, aproveitou a oportunidade para agradecer a todos que auxiliaram com o setor de cargas, “esse ano foi uma luta, nunca tínhamos presenciado nada parecido como essa pandemia, mas desde o início nos manifestamos para garantir o abastecimento do país. Tivemos muita dificuldade nas entregas, mas graças ao setor, nossas entidades, e, até mesmo a população que apoia os motoristas nas estradas, estamos conseguindo enfrentar esse momento difícil”.
O vice-presidente da Fetrancesc, Dagnor Roberto Schneider, que foi um dos articuladores do debate, ressaltou “Entendo que temos que nos mobilizarmos. Primeira coisa, temos que travar o avanço que está programado na mistura do biodiesel no diesel e, depois, voltarmos para uma discussão técnica. É importante também que o transportador entenda tecnicamente o que envolve o transporte de cargas, para mobilizar o setor e, assim, evitar acidentes nas rodovias.”
“É muito relevante para a Anfavea compartilhar sobre o programa do biodiesel nacional. A indústria automotiva alerta sobre o que ela está trazendo para o transporte. A medida que esse programa avança estamos nos deparando com problemas técnicos. O mau funcionamento dos injetores, problemas de partidas, aumento da substituição de peças, o resultado desse cenário é um prejuízo para o consumidor. Nós trabalhamos para os nossos clientes, por isso é importante estarmos aqui”, salientou o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, sobre a importância da reunião.
Com informações e dados técnicos, o diretor técnico da Anfavea, Henry Joseph Junior, iniciou a apresentação para os mais de 60 participantes mostrando a linha do tempo da introdução do biodiesel no Brasil.
Segundo os dados divulgados pela Anfavea, os problemas decorrentes do aumento do teor de biodiesel, são: bombas de combustível; elementos filtrantes; injetores; não-partida do veículo; substituição de peças em campo acarretando custos de garantia; necessidade de reboque dos veículos devido a paradas; óleo diesel de 1º enchimento e bombas de abastecimento nos postos de combustíveis.
Henry destacou quais seriam as ações necessárias para diminuir esses impactos. “Trabalho de conscientização por parte da ANP para a cadeia de distribuidores de combustível da necessidade de boas práticas de manuseio e armazenamento; elaboração de indicadores de qualidade do manuseio e armazenamento do combustível que garantam a queda das reclamações de campo; necessidade de inclusão da estabilidade à oxidação de no mínimo 20h na mistura do diesel comercial em complemento a Resolução ANP n° 50/2013, como garantia legal da qualidade ao consumidor final; fornecimento do óleo diesel de 1° enchimento sem adição de biodiesel, a ser utilizado exclusivamente no primeiro enchimento de veículos e motores novos, à exemplo da autorização dada a veículos e motores destinados à exportação”, afirmou.
Segundo o vice-presidente da NTC&Logística, Eduardo Rebuzzi, o encontro foi projetado pela necessidade do encaminhamento do tema ao governo, “A questão do biodiesel no Brasil é grave, demandando uma atenção maior das políticas públicas, não somos contra o seu uso, visto sua importância ambiental, mas estamos debatendo o impacto que vem causando para o transporte de cargas”.
Também esteve presente no evento, o presidente da Fetrancesc, Ari Rabaiolli.
Com informações da NTC&Logística