O comunicado divulgado pela NTC&Logística ao final da primeira edição do CONET de 2021, nesta quinta-feira, 18 de fevereiro, dá conta de que a variação dos custos do Transporte Rodoviário de Cargas no Brasil em 2020 foi de 9,43% para o segmento de cargas fracionadas, enquanto, para lotação ou fechadas, o número chegou a 7,15%.
O número é quase três vezes maior do que os números de agosto do ano passado, quando atingiram 3,50% para fracionadas e 2,57% lotação/fechadas, segundo a pesquisa DECOPE.
Enquanto isso, apenas 27,8% das empresas conseguiram reajustar o valor do frete em pouco mais do que 5% do valor praticado. A maioria delas, 41,4%, manteve o valor. Por outro lado, 30,8% precisaram dar descontos na atividade – uma média de 8%.
As perspectivas do futuro do valor do frete se assemelham ao cenário atual: 49% das empresas acreditam na manutenção dos preços, junto a 31% que veem possibilidade de melhora e 20% de piora.
De acordo com a NTC, os custos variam de acordo com o tipo do veículo e a distância da viagem, podendo ser ora maior para combustíveis, ora para o veículo e ora para a mão de obra.
A realidade preocupa, na avaliação do presidente da Fetrancesc, Ari Rabaiolli. Ele acredita que o setor de transporte de cargas teve grande oportunidade em meio à pandemia, ao passo em que também manteve as atividades normalmente – considerando as medidas de segurança para evitar a transmissão da Covid-19 – de modo a garantir o abastecimento da população.
Em contrapartida, “embora estes números apontem para um cenário de frete mais caro, porque se o diesel, por exemplo, sobe, obrigatoriamente precisaríamos repassar este custo para o consumidor. É um efeito cascata. Se não pudermos repassar, o sinal vermelho se mantém ligado”, comentou Rabaiolli após o evento que aconteceu no formato híbrido, com algumas pessoas presencialmente e a maioria virtual.
O líder das empresas de Transporte Rodoviário de Cargas de Santa Catarina atribiu, especialmente, estes custos “ao aumento no preço dos caminhões, também a elevação muito significativa do preço dos pneus e da matéria-prima dos implementos rodoviários, a exemplo do aço, alumínio e lubrificantes, além, logicamente, do diesel. Tudo subiu muito”.
Evolução do preço do diesel – Antes da pandemia, em dezembro de 2019, o preço do diesel teve alta histórica de R$ 3,866. De acordo com a pesquisa DECOPE, a mesma que apontou a variação dos custos do transporte, durante a pandemia, em maio de 2020 houve queda considerável, atingindo R$ 3,106. Em janeiro deste ano, contudo, as bombas já estavam cobrando quase o mesmo valor de dois anos atrás: R$ 3,778.
Nesta mesma quinta-feira, dia 18 de fevereiro, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, durante live semanal, que o Governo Federal vai zerar os impostos federais sobre o gás de cozinha e o óleo diesel. De acordo com o portal Agência Brasil, a suspensão sobre o gás de cozinha será definitiva, enquanto para o diesel terá duração de dois meses, ambos a contar de março.
Desempenho das empresas – A pesquisa DECOPE também apontou que a maioria das empresas, mesmo com a variação dos custos do transporte, sentiu melhora no desempenho das empresas: 47,2% tiveram esta perspectiva, além das 16,4% que consideraram igual e 36,4% pior.
“Estes números demonstram bem aquilo que vínhamos falando sobre as transportadoras se adequarem ao boom do e-commerce. Realmente o setor evoluiu. O contraponto é, apenas, a inflação dos custos”, ponderou Ari Rabaiolli.
CONFIRA COMUNICADO DO CONET FEVEREIRO/2021
Estudos do DECOPE indicam que os custos do TRC superam a inflação oficial
De acordo com a sistemática de apuração dos índices que acompanham a variação dos custos do setor de transporte rodoviário de cargas, a pesquisa realizada pelo DECOPE/NTC no mês de janeiro último aponta para uma inflação dos custos em 2020 de 9,43% para o serviço de transporte de cargas fracionadas e de 7,15% nas cargas lotações ou fechadas.
É preocupante a elevação dos custos do transporte acima da inflação oficial. Preocupa ainda mais a falta do recebimento dos demais componentes tarifários, tais como frete-valor que banca os custos dos riscos legais da atividade e o GRIS que remunera os custos inerentes às medidas de combate ao roubo de carga. Além disso, muitos transportadores não são remunerados adequadamente com relação aos serviços complementares ou adicionais, tais como: a cubagem da mercadoria, a cobrança da EMEX para regiões que se encontram em estado de beligerância, a TRT para as regiões metropolitanas que possuem restrição a circulação de caminhões, os serviços de paletização e guarda/permanência de mercadorias, o uso de veículos dedicados, dentre outros.
Destaca-se que muitas vezes os custos adicionais com esses serviços eventuais são superiores ao próprio frete, isso porque trata-se de situação que precisa ser resolvida pelo mercado.
Concluindo, é oportuno lembrar que estamos passando por um período difícil, por conta da pandemia, ocasionando uma queda na demanda de carga, aliada a um aumento de custo e, além disso, muitos transportadores não conseguiram reajustar seus fretes o que comprometeu muito o caixa das empresas, razão pela qual, o alerta tem caráter vital para a preservação da saúde financeira das empresas do setor, desta forma, garantindo a sua capacidade de investimento. A recomposição do frete pelo repasse da inflação dos custos apurada ou pela eliminação das defasagens é vital para o transportador, mas também deve ser de interesse do contratante que deseja manter a regularidade, a qualidade do serviço e a segurança nas suas operações.
É sempre bom lembrar que o transportador mesmo com todas as dificuldades que a pandemia lhe causou e, mesmo com prejuízo, garantiu o abastecimento necessário ao bom funcionamento da sociedade.
São Paulo/SP, 18 de fevereiro de 2021.
Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística
Confira aqui o comunicado na íntegra