A chegada da pandemia da covid-19 acarretou complicações nos mais variados segmentos do mercado, e com o setor de transporte de cargas e logística não foi diferente. No ano de 2020, após as primeiras restrições impostas pelo governo, levando a maior parte da população a ficar em casa e a cumprir severamente o isolamento social, o avanço do mercado começou a ser paralisado momentaneamente e a previsão era de que seria regularizado somente após o fim da pandemia.
Realmente, durante o primeiro semestre do ano passado, esses setores interromperam suas atividades total ou parcialmente, o que resultou em grandes prejuízos, perdas e desvantagens em consequência da queda de demanda. Contudo, desde o mês de julho de 2020, essa retomada progressiva se destacou e alavancou a economia em diversos países por meio de uma disparada de compras eletrônicas que resultou, especialmente, no boom do e-commerce.
Esse expressivo aumento das encomendas se concentrou na China, a maior exportadora de produtos do mundo. Com esse crescimento, as mercadorias se acumularam nos armazéns ou nos portos, o que levou à falta de contêineres vazios para sustentar essas demandas.
Esse boom não era visto nos meses anteriores e aconteceu devido à mudança radical da população, que migrou para o consumo on-line. Dessa forma, foi necessário um número maior possível de contêineres direcionados aos portos chineses para suportar essa alta demanda mundial.
Dado isso, é possível enxergar um cenário no transporte de contêineres mais delicado do que o esperado, passando por uma crise global afetada justamente por esse aumento de consumo e pela escassez de equipamentos disponíveis.
Quem trabalha com esse tipo de transporte sente como a crise está afetando as atividades. O diretor comercial do Grupo Rodonery Transportes, Luiz Gustavo Nery, conta como isso pode interferir nos serviços da empresa: “O impacto, para nós, está sendo muito significativo, visto que atendemos diariamente os clientes importadores e exportadores, isto é, que estão realizando negociações internacionais. Devido a essa escassez de contêineres, os clientes não estão conseguindo escoar a sua demanda da forma que gostariam, e isso está refletindo no acúmulo de cargas e no desabastecimento global”.
Nessa linha, consequentemente, o valor do frete é disparado. Enviar um contêiner de 40 pés da China, por exemplo, custava em média US$ 1.500 antes da chegada da pandemia. Atualmente, devido a essa grande procura, o custo pode chegar a US$ 10.500, visto que a rota para o Brasil se tornou o frete mais caro com origem no país chinês. Vale lembrar que o território brasileiro se encontra em estado de vulnerabilidade em relação às ofertas por responder por apenas 1% dos contêineres globalmente movimentados, além de se encontrar fora das mais importantes rotas de navegação.
Luiz aponta como o crescimento do valor pode prejudicar as transportadoras: “Esse aumento do frete marítimo faz com que os clientes percam competitividade no cenário internacional, gerando diminuição dos fluxos de negócio do setor de transporte de cargas e logística, principalmente na área de comércio exterior, como é o caso da Rodonery Transportes”.
Diante desse cenário, enxergar uma recuperação imediata pode ser leviano, e o principal foco para manter os negócios firmes no mercado é apostar no comprometimento com o cliente para não frustrar suas expectativas e viver um dia de cada vez acompanhando o setor e se adaptando às suas exigências.
“Como sabemos, quem dita a regra é a lei da oferta e da demanda. Não há uma válvula de escape, uma vez que são diversos fatores que podem prejudicar ou alavancar o cenário mundial. Isso passa por questões cambiais, conflitos entre nações e aspectos políticos e mercadológicos. O que eu acredito que possa acontecer é que, conforme o mercado for retomando a normalidade nos fluxos de atendimento, os preços dos fretes tenderão a cair na mesma proporção”, finaliza o empresário.
Fonte: Grupo Mostra de Ideias