O diesel é componente fundamental dos custos do transporte de cargas e deve ser acompanhado diariamente pelos gestores. A política de preços praticada pela Petrobras, leva em consideração os mercados interno e externo, ambos essenciais para as importações e para regular o preço ofertado no mercado. Basicamente, o comportamento do valor do diesel é tão importante quanto outras commodities, e seu aumento se torna muito prejudicial ao transportador, visto que também acarreta dificuldades de repasse desse valor aos clientes, que normalmente são grandes embarcadores.
Em 2021 os aumentos consecutivos nos preços dos combustíveis nas refinarias e consequentemente nos postos do país, foram uma das eventualidades mais marcantes para o mercado. Em números, de acordo com o Valor Data, a Petrobras já acumula um aumento de 65,5% no preço do litro do diesel desde o início do ano. Além disso, apenas o diesel comum registrou alta de 7,4% em novembro em relação ao mês anterior.
Esses números alarmantes, principalmente pela quantidade de aumentos ao longo do ano evidencia uma grande preocupação da população e das empresas que necessitam do combustível para suas frotas locomoverem e distribuir suas mercadorias pelas cidades. Em especial, o transporte rodoviário de cargas (TRC) possui protagonismo no abastecimento do comércio, dado que é encarregado por 65% da movimentação das produções e tem a responsabilidade de conduzi-las ao destino sem danos desde a coleta até a entrega.
Antônio Lodi, CEO da Transportadora Andrade, analisa o momento após esse grande crescimento: “Uma possível sugestão seria o repasse mais espaçado dos preços, permitindo assim previsibilidade nos aumentos. Contudo, os transportadores também podem contribuir para melhorar o repasse aos embarcadores, adicionando cláusulas contratuais, prevendo gatilhos para reajuste no frete atrelados ao preço do diesel, realizando cálculo mais apurado e assertivo no valor do frete a ser cobrado e, o mais importante, não aceitando um preço para se trabalhar no prejuízo”.
Nessa situação, para se manterem firmes no negócio, os transportadores buscam cada vez mais eficiência de suas operações, diminuição no consumo do combustível, investimento em tecnologia para redução de custos e, principalmente, diálogo com seus clientes. Vale ressaltar que todo esse trabalho exige um caixa reforçado capaz de suportar as inconstâncias do mercado, ainda mais por se tratar de um setor repleto de vulnerabilidades e de incertezas.
“A redução da carga tributária dos combustíveis é bem-vinda, já que contribuirá de maneira significativa para a queda de custo; porém, de fato, não é a solução definitiva. Acredito que uma cadência maior nos reajustes, aliada a uma profissionalização do transporte, com empresas e autônomos mais capacitados em relação aos valores das atividades, possa ser a via de escape dessa crise que estamos vivendo. O setor de transporte, que representa parte importante na cadeia produtiva, precisa ser mais profissional. Partes fundamentais desse processo são a união e a qualificação”, completa Antônio.
Vale destacar que, recentemente, foi aprovado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) o Projeto de Lei nº 1.472/2021, que origina no Brasil o programa de estabilização do preço do petróleo e de derivados, como gasolina, diesel e gás de cozinha. Com isso, o intuito é servir como um “colchão” para amortecer os impactos dos aumentos do preço do barril de petróleo e conter a alta nos preços dos combustíveis. A proposta segue para o Plenário.
Fonte: Grupo Mostra de Ideias