As estatísticas referentes ao Roubo de Cargas no Brasil são divulgadas anualmente, desde 1998, pela Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística – NTC&Logística. Esse relatório tem como base informações colhidas formal e informalmente. Ao longo de 2018, por exemplo, foi registrado um total de 22.183 ocorrências de roubos de carga pelo país. Já no ano anterior, essa soma chegava a 25.970 casos.
Os dados foram apresentados na manhã desta quinta-feira, 13 de junho, na sede da NTC, em São Paulo, em coletiva de imprensa. O presidente da Fetrancesc, Ari Rabaiolli, participou do evento e falou com jornalistas sobre a queda significativa em Santa Catarina, graças à atuação conjunta da federação com o Poder Público para coibir os casos no Estado.
O ano passado mostra uma queda de mais de 3 mil incidentes, cerca de 15%, com relação a 2017. E também é um número menor registrado em comparação com 2016, que apontou 24.550. Mesmo assim, ainda é uma quantidade muito alta de episódios. Os prejuízos foram computados em R$ 1,47 bilhão. Segundo o Presidente da NTC&Logística, José Hélio Fernandes, “mesmo a pesquisa apontando uma considerável redução se comparado ao ano de 2017, estamos falando de milhares de roubos em todo o Brasil e isso não é aceitável”. Fernandes ainda comenta que a redução tem muito a ver com o trabalho desenvolvido no Rio de Janeiro, onde o exército por ordem do governo federal interveio com o objetivo de amenizar a situação da segurança interna, impactando positivamente nos resultados da pesquisa.
“Isso ocorre porque os roubos de carga acabaram se tornando um negócio que formou quadrilhas especializadas no assunto, englobando traficantes de drogas e facções criminosas”, comentou o Vice-presidente para assuntos de Segurança da NTC&Logística, Roberto Mira. Nesse cenário, a região Sudeste é a mais afetada, arcando com 84,79% das ocorrências. Em seguida, aparece a região Nordeste, com 6,43%; Sul, com 5,69%; Centro-oeste, 2,34%; e por último a região Norte, com 0,75%.
Já analisando os estados dentro da região Sudeste, o campeão de incidentes é o Rio de Janeiro, onde os registros chegaram a 41,39%, seguido por São Paulo, 39,39%. Juntamente com Espírito Santo e Minas Gerais, amargam um total de R$ 937,76 milhões de prejuízo. Logo depois aparece a região Norte, com R$ 238,96 milhões; Sul, com R$ 152,13 milhões; Centro-oeste, com R$ 108,03 milhões; e Norte, atingindo R$ 36,25 milhões. Enquanto o Norte chegou em 2016 ao seu pico de registros com 237 casos, o Sudeste nunca apresentou menos de 16 mil ocorrências.
Apesar desse montante arrasador da região, a queda nacional se deve, no Rio de Janeiro, à intervenção federal na área da segurança, que resultou também na diminuição de casos. Em 2017 essa parte do Brasil sozinha acumulava a soma do país em 2018: 22.212 casos. Já em São Paulo, a forte retração se deve, não ao trabalho policial, mas, em especial, ao forte investimento das empresas em tecnologias de segurança. Mesmo assim, representantes do setor ainda reivindicam uma melhor articulação do governo em função da segurança rodoviária para o setor de transportes.
E essa solicitação não deve ser ignorada. O Brasil é o país que possui a maior concentração rodoviária de transporte de cargas dentre as principais economias do mundo. A malha rodoviária concentra 61% do escoamento da produção do país. Isso representa que quase tudo que é produzido aqui viaja pelas estradas brasileiras para chegar a seu destino, ficando à mercê de redes criminosas que concentram suas ações nos itens que mais lhe proveriam lucros.
Assim, os produtos mais procurados nos roubos são relacionados ao tráfico, como cigarros, eletrodomésticos, produtos alimentícios, combustíveis, bebidas, artigos farmacêuticos, produtos químicos, autopeças e têxteis e confecções. Por essa razão também, a maior parte dos assaltos, 78%, ocorre em áreas urbanas, sendo a sua maioria realizada pela manhã. Assim, apenas 22% dos assaltos acontecem em rodovias, onde as quadrilhas dão preferência ao período da noite.
O presidente NTC&Logística, se mostra otimista, “o que sabemos é que temos que continuar fazendo um trabalho integrado na repressão, cobrando uma legislação mais punitiva, além de atrelar informação e tecnologia buscando todas as frentes para tentar atenuar ao máximo esse delito”. Já o vice-presidente de segurança da entidade comenta que o trabalho integrado com as polícias, vem trazendo grandes resultados e isso deve continuar para que no próximo ano os estados mais afetados como São Paulo e Rio de Janeiro possam ter uma diminuição considerável”.
Atuação conjunta – Santa Catarina teve, em 2018, o menor número de registros de roubo e furtos de cargas nos últimos quatro anos. De 2015 para 2018 houve queda de 30% nos registros desses crimes no Estado. Somente em 2015, SC contabilizou 606 casos de furtos e roubos de cargas e ano passado fechou com 423, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública. Essa redução nos números foi em razão de ações realizadas pela Fetrancesc, em parceria com entidades responsáveis e lideranças políticas.
No início de 2018, SC ganhou a Divisão de Roubo e Furtos de Cargas (DRFC) da Diretoria de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil. Após um ano de atuação dos policiais, houve uma redução de 28% de crimes entre 2017 (572 casos) e 2018 (423 casos). E esses números continuam em queda. Em comparação com o mesmo período de 2018 (de janeiro a março), 2019 apresentou uma redução de 24% de roubos e furtos de carga. A Fetrancesc, além de apoiar a criação da divisão, também doou uma viatura a DRFC para auxiliar no combate aos crimes no Estado.
Outra ação apoiada pela entidade catarinense foi a criação da lei que cassa a inscrição estadual de empresas receptadoras de carga roubada. A regra começou a valer após a derrubada do veto do Governo do Estado de Santa Catarina ao Projeto de Lei 53.3/2017, pela Alesc, no final de 2017.
Nota à imprensa – A Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística – NTC&Logística, entidade representativa do segmento empresarial rodoviário de cargas, atua há mais de 55 anos em proveito do setor, em particular na busca de soluções aos conflitos normativos e às mais diversas demandas de interesse da categoria, para o bom funcionamento da atividade transportadora.
No tocante ao roubo de cargas, um dos mais graves problemas enfrentado pelo transporte rodoviário, a Entidade divulga, desde 1998, uma Estatística Nacional de Roubo de Cargas, elaborada com base em fontes formais e, também, em fontes informais absolutamente confiáveis, que desde aquela época tem servido de referência para transportadores, setor segurador, veículos de imprensa, entidades em geral e, até mesmo, instituições policiais e outros organismos públicos, quando tratando da temática do roubo de cargas no Brasil.
A NTC&Logística conta com uma Assessoria de Segurança cuja missão é tratar de todos os assuntos relacionados à segurança no transporte rodoviário de cargas, que se responsabiliza pela compilação e análise dos dados da Estatística Nacional anualmente divulgada.
Clique aqui e baixe a pesquisa do Roubo de Cargas 2018.