Em dez meses, o brasileiro precisou se adequar ao sobe e desce do preço do combustível. De janeiro a outubro de 2017, todos os que passaram em frente a postos de combustíveis diariamente ficaram espantados por aumento ou queda no valor divulgado nas placas.
É que a política de reajustes da Petrobrás fez com que, neste período, houvesse uma alteração de preço a cada três dias. Ou seja, em 303 dias corridos (de janeiro a outubro) foram 102 oscilações, para cima ou para baixo. A maior concentração de variações, por sua vez, foi entre 1º de julho e 31 de outubro: foram 96 mudanças em 123 dias, gerando a média de uma oscilação a cada um dia e meio.
O detalhe é que todas estas mudanças resultaram em um aumento total de 4,9%, o que se torna simbólico para a quantidade de dias e meses avaliados. No entanto, é justamente esta oscilação que impacta o setor que mais consome diesel: o Transporte Rodoviário de Cargas (TRC), que é responsável pelo consumo de 41,03 bilhões de litros por ano, o equivalente a uma participação do consumo nacional na ordem de 75%.
“O caminhão, aquele que transporta tudo o que é produzido e segue para o consumo dos brasileiros, é vítima destas constantes mudanças no valor na bomba de combustível. Com esta política de reajustes adotada pela Petrobras é praticamente impossível para as empresas do TRC manter uma negociação de preços justa com seus clientes e fornecedores de combustíveis, já que o aumento nos postos e distribuidoras é instantâneo para o transportador. Ainda como agravante desta política, a redução, quando aplicada, não é imediatamente repassada aos preços”, comentou o vice-presidente da Fetrancesc, Dagnor Schneider.
“Para um setor tão importante e grandioso, que gera 5,8 milhões de empregos diretos e, somado ao Produto Interno Bruto (PIB) do setor logístico, arrecada 11,7% para o Estado (em nível nacional), esta condição é inadmissível”, acrescentou o presidente da federação, Ari Rabaiolli.
São mais de 161 mil empresas do TRC, além de 622,3 mil trabalhadores autônomos e 355 cooperativas do segmento que precisam fazer malabarismos para se adequarem à esta realidade. Quantidade que agrega uma frota de quase 2 milhões de veículos comerciais, além de gerar uma participação no modal de cargas equivalente a 61% e um faturamento logístico de R$ 737,1 bilhões (em 2016). (Fonte: NTC&Logística)
“O TRC entende a necessidade de manter o equilíbrio no preço do diesel, da mesma forma em que todos os demais produtos e serviços precisam, de tempos em tempos, terem seus valores adequados. No entanto, esta oscilação intensa e insana na política de reajustes da Petrobrás menospreza, desvaloriza e sacrifica o setor que transporta a economia, um dos mais afetados com a crise que abalou o Brasil nos últimos anos”, acrescentou Rabaiolli.
Sugestão da Fetrancesc para a Petrobras
O Transporte Rodoviário de Cargas de Santa Catarina sugeriu, por meio de ofício, à Petrobras e à Agência Nacional de Petróleo (ANP), bem como ao Ministério de Minas e Energia, o reequilíbrio de preço a cada 06 (seis) meses ou quando o desequilíbrio apresentar um percentual acima de 5% – como uma espécie de gatilho – que a Petrobras faça o respectivo ajuste (aumento ou redução de preço, conforme o caso). A entidade pediu, ainda, uma análise aprofundada do assunto e o agendamento de uma audiência para tratar do assunto. Também encaminhou ofício aos deputados federais e senadores da bancada catarinense pedindo apoio à causa.
Até o fechamento desta publicação, não houve retorno da Petrobras, da ANP e do Ministério de Minas e Energia, nem dos deputados federais e senadores da bancada catarinense.