Florianópolis, 17.10.16 -O embaixador da França no Brasil Laurent Bili, que faz visita oficial ao Estado até amanhã, informa que três grandes grupos franceses podem se interessar em participar da disputa pela privatização do Aeroporto Internacional Hercílio Luz, de Florianópolis. São as empresas Vinci, Egis eAéroports de Paris. Na entrevista a seguir, ele também fala sobre startups, parcerias na educação e turismo.
Quais as principais razões da sua visita a Santa Catarina?
Escolhemos a data da minha visita em função de dois eventos: os 60 anos da aliança Francesa em Florianópolis (sábado) e um convite da ENA Fundação Escola de Governo para um evento do final de curso (hoje). Santa Catarina é um dos Estados importantes do Brasil pelo PIB (6º maior do país), pela presença econômica francesa e pela situação econômica melhor do que em outros Estados. A Aliança Francesa em SC é dinâmica, tem uma programação cultural importante, é sempre bom dar mais visibilidade. Esse é um bom ponto entre as nossas culturas porque favorece também que as empresas venham para cá porque tem esse apoio do idioma. Também facilita aos estudantes continuar a fazer doutorado na França, o que ajuda o contexto de trabalho no Brasil junto a 877 empresas francesas no país atualmente. Hoje, as empresas francesas empregam no Brasil cerca de 500 mil pessoas. Entre as maiores estão as redes de supermercados Pão de Açúcar e Carrefour. Algumas têm 100% de empregados brasileiros, já fazem parte da vida do país.
A presença de empresas francesas é forte em SC. Quais são as principais e há projeção de novos investimentos?
A presença francesa é mais forte na energia. Temos a Engie Brasil Energia (ex-Tractebel) nessa área. Outras empresas importantes são a Saint-Gobain (Cebrace, de vidros) e a Flexicotton, esta que é a segunda da América Latina em produtos de algodão para higiene e acaba de abrir um escritório nos EUA. Temos uma forte presença hoteleira com a rede Accor. A economia de Santa Catarina sofreu menos com a crise do que outros Estados do país. Nesse contexto, gera mais interesse de empresas porque tem um índice de desenvolvimento melhor. Muitas vezes, eu como embaixador sou o primeiro a receber o contato de investidores, por isso para mim é importante conhecer os Estados que oferecem melhores condições para investir. No momento, não vou dizer que temos um projeto, mas há interesse especial em participar das privatizações, incluindo parcerias público-privadas (PPPs).
Há algum projeto em especial em SC que interessa grupos franceses?
Há um projeto de privatização em especial. Temos pelo menos três grupos franceses que podem mostrar interesse em projetos de privatização, como o do Aeroporto Hercílio Luz de Florianópolis. Esses grupos são o Vinci, o Egis e o Aéroports de Paris. Os três estão interessados em investir em infraestrutura no país. O grupo Vinci já manifestou interesse em entrar com força na privatização de aeroportos no Brasil. Santa Catarina e Rio Grande do Sul têm um poder melhor para atração de empresas. É nosso papel dizer que além de São Paulo há outras regiões para investir.
Também temos parceria com a universidade de Santa Catarina (UFSC). Por ano, cerca de 150 engenheiros graduados no Estado estudam na França. Esse número poderia ser ampliado para 200. Vou falar com o reitor da UFSC sobre isso.
Como as empresas francesas estão vendo o cenário econômico brasileiro?
As empresas francesas estão no Brasil há muito tempo, veem os negócios no longo prazo e não houve nenhum caso de saída do país nesses três anos difíceis. Algumas estão aproveitando o momento para fazer novos investimentos. No ano passado, foram realizados mais de 1 bilhão de euros em investimentos no Brasil. A comunidade empresarial francesa avalia que o pior já passou e estamos num cenário de recuperação. Há otimismo para a volta do crescimento no ano que vem e um crescimento maior em 2018. No caso das montadoras, no começo elas sofreram porque vieram com modelos europeus. Agora, estão ganhando espaço com SUVs.
(Fonte: Estela Benetti – Diário Catarinense)
Combustíveis mais baratos e impactos para a economia de SC – A redução do preço da gasolina e do diesel pela Petrobras,com queda média estimada de R$ 0,05 por litro desses dois combustíveis e uma política de preço afinada com as variações do petróleo no mercado internacional, sinaliza impactos positivos diretos e indiretos para a economia catarinense. Os diretos consistem na redução do preço da gasolina e diesel ao consumidor e a consequente queda da inflação. Pode ter uma influência ainda maior caso o Banco Central decida reduzir os juros básicos na próxima semana, hoje em 14,25% ao ano. Entre os impactos indiretos estão o fortalecimento da empresa no mercado, melhorando suas condições para a retomada dos investimentos, com a volta de compras de fornecedores catarinenses, especialmente da indústria naval da região de Itajaí e navegantes e de outros equipamentos do setor elétrico.
Vale destacar que a Petrobras criou um comitê de preços e vai avaliar mensalmente as variações do mercado internacional do petróleo para definir os valores a serem cobrados. A medida surpreendeu agora, mas quando se tornar sistemática, elevará a confiança e a transparência da gestão de preços ao mercado, com reflexos positivos para a economia. E se considerarmos o atual cenário internacional, a Petrobras vai anunciar outras quedas de preços em breve porque o preço do petróleo lá fora está caindo e o crescimento econômico também. Não há pressão para maior demanda de combustíveis porque a China está consumindo menos e o FMI reduziu em o,2 ponto percentual as projeções de crescimento mundial, para 3,4% este ano e 3,6% no ano que vem.
Após derreter em função do rombo causado pela Lava-Jato, a Petrobras está com uma série de novas ações desde que Pedro Parente assumiu a presidência da companhia em julho. Há duas semanas, a empresa divulgou seu novo plano de negócios revisto, com projeção de investimentos de US$ 74,1 bilhões para o período 2017-2021. Embora 25% menor do que o previsto anteriormente, se executado tem condições de elevar uma série de atividades econômicas do país e ajudar na retomada do crescimento.
Entre as empresas que esperam essa retomada sólida da estatal está o consórcio MGT, que teve que demitir cerca de mil empregados há poucos dias devido a perda de fornecimento para a empresa. Outra que aguarda oportunidade de estrear como fornecedora é a Tuper, de São Bento do Sul, que conta com uma fábrica de tubos nova para o setor de óleo e gás. As expectativas estão melhorando.
(Fonte: Estela Benetti – Diário Catarinense)