São Paulo, 27.6.16 – Os desafios e perspectivas para o setor de infraestrutura são muitos, isso é um fato, mas especialistas e representantes do setor destacam alguns pontos principais: planejamento, investimento e desburocratização.
Esses são os principais passos para favorecer a logística de transporte no Brasil, que de acordo com o Relatório da Competitividade Global 2015-2016 realizado pela Inter B (Consultoria Internacional de Negócios) ocupa a 123ª posição da Qualidade Geral de Infraestrutura entre 140 países.
De acordo com a coordenadora de economia da CNT (Confederação Nacional de Transportes), Priscila Santiago, é preciso um plano de transporte integrado e uma política nacional com objetivos e metas de longo prazo bem definidos. A especialista criticou o baixo investimento público em infraestrutura, que, ao longo das últimas décadas, vem diminuindo ainda mais. Em 1975 o percentual era de 1,8% do PIB do país e em 2015 caiu para 0,19%.
Com uma economia correndo na contramão do crescimento, alguns especialistas apontam o setor logístico como impulso para retomada. (Leia no Guia). Santiago criticou os vários órgãos que se sobrepõem na gestão de transportes e o índice de apenas 12,4% de quilômetros pavimentados com 57,3% das rodovias deficientes no estado geral de conservação, como contou o Guia marítimo essa semana. (Leia no Guia)
O custo logístico é outro fator que afeta o transporte no Brasil. Só em 2015 o custo logístico total do Brasil representou 11,9% do PIB enquanto o índice dos Estados Unidos ficou em 7,7%. Lamentando esse cenário, Maurício Pimenta Lima, do Instituto de Logística e Supply Chain, explicou que o alto custo deve-se à inadequação do modal disponível. “Na ausência de um modelo de transportes, acabou-se adotando no país o modal rodoviário, que hoje é responsável pela movimentação de dois terços das cargas”.
Em uma comparação com os países do Brics – exceto a África do Sul – Estados Unidos e Canadá, o Brasil está na lanterna no número de rodovias, ferrovias, dutovias e hidrovias. De acordo com ele, a proporção de modais de transportes diferentes traria uma economia de R$ 100 bilhões ao Brasil. Fonte: Guia Maritimo – extraído site ABTTC.
Cabotagem apresenta menores riscos para o seguro
O transporte de carga no extenso território brasileiro é um serviço fundamental na cadeia de produção e distribuição de bens industriais e agrícolas. São mercadorias transportadas para o abastecimento interno, mercadorias destinadas à exportação e mercadorias importadas, em trânsito, no percurso complementar à viagem internacional.
Os sistemas viários são formados pela malha rodoviária, ferroviária, vias fluviais e aéreas. O modal rodoviário representa 60% de tudo que é transportado no país, porém, o ônus para a sua utilização é demasiadamente alto e, inexplicavelmente, o governo não investe na melhoria de outros setores de transportes, como o hidroviário e o ferroviário.
A indústria brasileira identifica que há espaço para outros meios de transporte de carga, e uma opção, é a cabotagem, feita por navios numa rota exclusivamente dentro dos limites do território brasileiro, entre portos nacionais pelo litoral ou por vias fluviais. Além dos benefícios econômicos, o transporte de cabotagem releva o aspecto social, já que a maioria dos acidentes ocorridos nas rodovias brasileiras, com vítimas fatais, envolvem veículos de transporte de carga.
O transporte de cabotagem desperta muito interesse do mercado segurador, que acredita que esse sistema seja uma alternativa para o equilíbrio das contas do seguro no ramo de transportes. Com o transporte hidroviário, espera-se redução da sinistralidade das apólices, que é medida considerando os prêmios recebidos e sinistros indenizados. O número de acidentes e incidentes envolvendo o transporte rodoviário é maior que os ocorridos nos demais modais, razão pela qual, as seguradoras são muito exigentes na avaliação e aceitação de seguro de transporte rodoviário.
Para classificar um seguro de transporte, as seguradoras consideram um conjunto de fatores, como o tipo de mercadoria, a viagem, medidas de segurança, valores transportados, percurso e meio de transporte. A taxa do seguro para os riscos de transporte de cabotagem é inferior ao rodoviário, uma vez que os riscos são menores e praticamente concentrados nos percursos rodoviários iniciais e complementares à viagem por água.
O seguro de transporte de cabotagem garante cobertura contra os riscos de causa externa, operações de carga e descarga, perdas e danos dos bens transportados em navios e embarcações. Estão cobertos também os riscos de naufrágio; encalhe; abalroação; colisão; explosão, incêndio, raio e suas conseqüências; ressaca e tempestade; mudança forçada de rota (arribada) e falta ao dever do capitão e tripulantes (barataria).
O sistema hídrico brasileiro é privilegiado. São cerca de 22 mil km de rios navegáveis, uma extensa faixa litorânea e condições climáticas favoráveis. Diante dessas condições naturais, a cabotagem se apresenta como uma ótima solução para o transporte nacional e pode contribuir, em muito, para o desenvolvimento do setor. Para isso, basta apenas o país saber fazer uso desse regalo da natureza. Fonte: Guia Maritimo – extraído site ABTTC.