O Brasil poucas vezes reconhece a importância de caminhão como imprescindível para o funcionamento das engrenagens gigantescas e complexas desta Nação. O transporte rodoviário de carga é uma das atividades mais difíceis do país, porque exige elevado investimento, tem elevada carga tributária, burocracia e enfrenta estradas ruins e inseguras. E nem sempre se tem o retorno que merece.
Nas vezes em que é lembrado é como aquele que atrapalha os demais usuários das rodovias brasileiras ou dos espaços urbanos. Sempre tem alguém pronto para sugerir retirar os caminhões das estradas e das ruas, que é visto como um estorvo em uma nação que depende dele para tudo. Ficamos perplexos com essa visão distorcida do caminhão e da atividade.
Lembrem-se que é o motorista e o caminhão do transporte de carga que levam o alimento do campo e abastece os mercados, supermercados, feiras ou leva essa matéria-prima para a indústrias de alimentos. E de muitas fábricas, o caminhão segue com o produto para o mercado consumidor brasileiro e internacional.
E tem algo ainda mais vital que só o caminhão faz: o abastecimento dos hospitais, clinicas e postos de saúde. Estas instituições só funcionam porque o motorista entrega o medicamento, os materiais e equipamentos para o médico e equipe de saúde. E assim acontece com toda a cadeia produtiva que tem sempre o caminhão como responsável pelo transporte.
Também temos que falar nos 2,4 milhões de motoristas de caminhão que existem no Brasil e em Santa Catarina entre 170 mil e 180 mil, conforme dados do Registro Nacional do Transportador Rodoviário de Carga (RNTRC). Com esse número expressivo de profissionais que movimentam a economia brasileira, o que é oferecido a eles? Qual a atuação dos governos em melhorar a infraestrutura de transporte? Qual a responsabilidade dos governos em oferecer segurança nas rodovias? O que tem feito os prefeitos nas áreas urbanas para facilitar a entrega e a coleta de mercadorias? O que tem feito a Saúde para proteger esses profissionais de locais inadequados para se alimentar, para tomar um banho ou para dormir com tranquilidade à beira das rodovias?
Lutamos para viabilizar medidas e ações que possam dar melhores e mais digas condições para os motoristas nas estradas, já que não podem estar com sua família todos os dias. Mas sempre têm aqueles que, ao suspeitar ter seus interesses contrariados, confundem a população, usando muitas vezes a mídia, e querendo transformar os caminhões e motoristas de carga um estorvo à sociedade!
*Pedro Lopes é presidente da Fetrancesc
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