Florianópolis, 8.9.15 – O feriado foi violento nas estradas de Santa Catarina. Desde sexta-feira, quando começou a operação especial de tráfego para o 7 de Setembro, pelo menos 15 pessoas morreram nas estradas federais e estaduais. Outras 188 pessoas ficaram feridas, até as 20h de ontem, de acordo com informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Polícia Militar Rodoviária (PMRv).
As rodovias estaduais somaram nove mortes em acidentes, de acordo com relatórios da PMRv. Nas estradas federais do Estado, em balanço parcial da PRF, seis pessoas perderam a vida.
Na última vez em que o 7 de Setembro caiu em um dia da semana, uma sexta-feira em 2012, 23 pessoas morreram em acidentes de trânsito durante o feriadão no Estado. A comparação não pode ser final, no entanto, porque a operação especial para o feriado só deve emitir um balanço hoje, quando estão previstas as últimas viagens de retorno.
Acidentes mais graves nas rodovias estaduais – Os acidentes mais graves foram nas rodovias estaduais. No sábado, um Celta de São Lourenço do Oeste bateu de frente em um carro com placa de Maravilha, na SC-305, em Campo Erê. Os dois ocupantes do Celta morreram.
No domingo, três pessoas morreram em um acidente na SC-355, no município de Lebon Régis, às 21h30min. Duas motos e um caminhão colidiram e os dois motoristas das motos e uma passageira morreram na hora. O condutor do caminhão saiu ileso.
Ontem, no município de Turvo, duas pessoas morreram quando um Logan bateu de frente com um caminhão de Timbé do Sul, na SC-108. (Fonte: Diário Catarinense – 8.9.15)
Contorno não chega a lugar algum
A dificuldade nas desapropriações das áreas atingidas pela passagem do Contorno Viário da Grande Florianópolis é o principal entrave ao avanço da obra. Enquanto proprietários de imóveis discutem os valores das indenizações na Justiça, a Autopista Litoral Sul executa a construção em trechos descontínuos em São José. Em Biguaçu, a preparação do solo em uma extensão de sete quilômetros começou em abril. No entanto, no km 177, ponto de início do anel viário, há uma nova barreira: a obra ocuparia parte de um terreno do Estado, reservado para a construção de um presídio. A concessionária solicitou doação de área do Estado para a União e aguarda resposta do governo de Santa Catarina para dar seguimento aos trabalhos.
Em São José, as obras começaram há um ano. No entanto, os trabalhos são executados somente nos pontos onde as desapropriações foram concretizadas. No Sertão do Maruim, por exemplo, a terraplenagem para edificação de uma ponte está sendo realizada somente na margem Norte do rio Maruim. O complemento da passagem será possível somente quando houver consenso entre o dono do terreno da outra margem e a concessionária. A indenização é discutida na Justiça. “A Autopista tem toda a capacidade técnica para executar a obra do contorno viário, mas encontramos muita dificuldade nas desapropriações, além de outras interferências que nos impossibilitam de cumprir os prazos de conclusão”, observou o gerente de Planejamento Estratégico da Autopista Litoral Sul, Marcos Guedes Pereira.
Em São José são realizados serviços de drenagens, terraplenagem, duas pontes, um viaduto, uma passagem inferior e o trevo com a SC-281. Os trabalhos são executados entre o km 211,5 e o 215,6. Do km 215, 6 ao 220,5 estão em andamento drenagens, terraplenagem e obra de viaduto, ao pé da Pedra Branca.
Em algumas situações, como no Morro do Cipó, em Palhoça, a falta de documentação que comprove a propriedade dos imóveis atravanca o avanço da obra. “A juíza que cuida do caso determinou que a prefeitura abra matrículas para regularizar a situação de propriedades. Mas as averbações podem levar de 6 a 12 meses”, detalhou o gerente. Em outros casos, a falta de acordo em relação ao valor das
indenizações deixa a construção descontínua. “Todas as famílias foram visitadas pelo menos quatro vezes. Muitas aceitaram o valor que oferecemos, de acordo com avaliação de mercado. Tempos depois, recusaram a proposta. O valor final nestes casos será decidido por um juiz federal, após perícia judicial”, ressaltou Guedes.
Para implantação do anel viário, são necessárias 876 áreas – que são assim classificadas porque os terrenos podem ter entre 400 m2 e 10 hectares (100 mil m2). Até o momento, 45% deste total está liberado para as obras. Em Palhoça, a Autopista recebeu, em março, as licenças ambientais para construção do contorno. No entanto, havia a discussão sobre a possibilidade de mudança no traçado, no desemboque Sul, na BR-101, na altura do bairro Pachecos. Um projeto propondo o desemboque na BR-282, no bairro Alto Aririú, foi apresentado à ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), pela concessionária, em resposta ao pedido de moradores, para diminuir o número de famílias atingidas pela passagem da obra. A proposta foi rejeitada pelo Fórum Parlamentar Catarinense e, consequentemente, pelo órgão federal, em junho, e mantido o projeto inicial.
Área comunitária e terreno para presídio no meio do caminho – Ao iniciar as obras de terraplenagem em Biguaçu, há pouco mais de um mês, a concessionária descobriu dois novos entraves. Ambos no km 177, onde deverá ser construído o emboque norte do Contorno Viário. O primeiro problema é a manutenção de uma servidão. A faixa de terra foi cedida à prefeitura pelo proprietário para uso da comunidade local. Agora o dono do terreno não quer mais que o espaço seja utilizado pela população e a prefeitura pediu que seja mantida a via rural às margens do rio Inferninho, no bairro Estiva. “A prefeitura nos solicitou a manutenção da rua. Para esse caso, a ANTT está fazendo um estudo e ainda não nos deu um posicionamento. Por essa razão a obra está contratada, mas está paralisada. Não podemos mexer em nada ali”, lamentou.
No mesmo trecho existe uma pendência com o Estado. Guedes disse que a possibilidade da construção de um presídio naquelas imediações pegou a concessionária de surpresa. “Estamos em tratativas com o departamento jurídico do governo de Santa Catarina para resolvermos tal situação. A área precisa ser doada à União para que possamos construir o contorno”, afirmou. Em Biguaçu, do km 177, 4 ao km 184,5, a concessionária executa a implantação de cercas na faixa de domínio e serviços de drenagens e terraplenagem.
Em nota, o diretor de Planejamento da Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania, Roberto Garcia, informou que o terreno foi adquirido para ser utilizado como área prisional do Estado. Mas, a finalidade não é mais a inicial. Ou seja, o terreno não está mais entre as áreas da SCJ para presídios.
Oportunidade de crescimento local – Enquanto acompanha o trabalho de homens e máquinas durante a construção de um trevo na SC-281, no Sertão do Maruim, em São José, a jovem comerciante Bianca Lilian Batista, 23, percebeu no andamento da implantação do anel viário uma oportunidade para empreender. Há dois meses, a estudante de administração abriu as portas de um pequeno restaurante. “A clientela tem crescido dia a dia. Como aqui terá um trevo, acredito que o movimento se mantenha, mesmo após a saída dos trabalhadores em razão da conclusão da obra”, disse. (Fonte: Notícias do Dia – Alessandra Oliveira – 8.9.15)
Cortes no Orçamento Federal ameaçam obras nas rodovias de SC
Os cortes anunciados pelo governo federal para 2015 e 2016 já atingem obras nas rodovias de Santa Catarina. Conforme o orçamento da União para o ano que vem, a duplicação da BR- 280, os contornos ferroviários de Joinville e de São Francisco do Sul e a duplicação da BR-470 estão ameaçados. O plano do orçamento tem uma previsão de déficit de R$ 30 bilhões, com cortes em diversos setores em todo o país. O projeto ainda pode ser alterado a qualquer momento, desde que se tenha recurso disponível.
Neste ano, a União havia reservado R$ 120 milhões para a ampliação da BR-280, o que permitiu o início das obras em dois dos três lotes. Mas para 2016 a previsão foi reduzida para R$ 31,8 milhões, o que afetará o início da duplicação entre São Francisco e Araquari – lote não iniciado e que depende de desapropriações.
Em relação aos contornos ferroviários, em 2015 foram destinados R$ 70 milhões para a obra em Joinville e R$ 40 milhões para São Francisco – as duas construções estão paradas desde 2011 para adequação dos projetos. Na proposta enviada ao Congresso Nacional na semana passada, foram reservados apenas R$ 1 milhão para cada um dos contornos.
A duplicação da BR-470 também está na lista de cortes no orçamento de 2016. Dos R$ 100 milhões previstos para este ano, foram orçados apenas R$ 64,1 milhões – quase 30% a menos para 2016. Desta forma, a continuidade dos trabalhos, que ainda depende de desapropriações, fica ameaçada.
De acordo com o orçamento da União, a Via Expressa Portuária de Itajaí também teve cortes. O orçamento passou de R$ 9 milhões em 2015 para apenas R$ 500 mil no ano que vem.
Corte atinge todos os ministérios – Segundo o Ministério do Planejamento a contenção garante o término das obras que estão com ao menos 70% de andamento, sendo que as demais terão adequação do cronograma. O principal plano de investimentos do governo federal, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) sofreu corte de R$ 25,9 bilhões, equivalente a uma redução de 37% no Orçamento de 2015. (Fonte: Diário Catarinense – 8.9.15)
Abandonada
Há um ano o governo estadual emitiu a ordem de serviço para a pavimentação de 70 quilômetros da SC-477, entre o distrito de Moema (Itaiópolis) e Doutor Pedrinho. Ligará o Planalto Norte ao Vale do Itajaí, encurtando o trajeto em 100 quilômetros. A empreiteira Reis, que venceu a licitação, sequer instalou o canteiro de obras. A SC-477 é promessa desde o governo Celso Ramos. (Fonte: Diário Catarinense – Moacir Pereira – 5.9.15)
Recurso é liberado para obra
Ordem de serviço foi assinada na sexta-feira pelo prefeito de Palhoça Investimento. Projeto baseado em tecnologia de ponta interligará dez bairros e beneficiará mais de 80 mil pessoas A ampliação e revitalização da Avenida das Torres, obra que promete interligar dez bairros de Palhoça, ganhará
fôlego a partir desta semana. Após um ano de espera, devido às transações para aprovação de projeto pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o recurso de R$ 10 milhões foi liberado. A verba é financiada pelo governo do Estado, por meio do Fundam (Fundo de Apoio aos Municípios). A empreiteira Britagem Vogelsanger terá até setembro de 2016 para entregar a via de quatro faixas. Com cerca de sete quilômetros de extensão, o trajeto cruza o bairro Passa Vinte, criando uma integração com a Cidade Universitária Pedra Branca, onde está instalado o campus da Unisul (Universidade do Sul do Estado). O traçado começa logo após o rio Imaruim, na divisa com São José, e segue até o bairro Pagani, onde se concentram o Centro Administrativo, a Câmara de Vereadores, o Fórum de Justiça da Comarca, o escritório regional da Celesc e agências bancárias.
A ordem de serviço foi assinada pelo prefeito Camilo Martins (PSD) na última sexta-feira. Como o recurso já estava garantido, mas ainda não tinha sido liberado, Camilo lembra que a prefeitura fez um acordo com a construtora, que começou os trabalhos há três meses
informalmente. Por isso, um terço da obra está pronta. “A empresa foi tocando a obra independente de pagamento. Fizeram o corte da via e a preparação do solo para receber o asfalto. Com a ordem de serviço, agora a empreiteira vai acelerar o ritmo de trabalho”, disse o prefeito.
Ainda de acordo com o secretário municipal de Infraestrutura, Eduardo Freccia, na próxima etapa, a Britagem Vogelsanger deverá instalar a tubulação de drenagem, seguindo orientação de um projeto baseado em tecnologia de ponta. A construção do novo acesso, que oficialmente se chamará avenida Ivo Silveira, faz parte de um pacote de obras de mobilidade em Palhoça. A prefeitura já investiu e inaugurou as avenidas da Integração e Rio Grande, além da rua Sell (bairro Rio Grande).
Avenida das Torres vai beneficiar mais de 80 mil pessoas, com quatro faixas – duas em cada sentido. A nova via também receberá sistema iluminação subterrânea. “Será uma obra que trará incremento econômico para a região, onde será um novo polo comercial. A ideia é trazer indústrias para a localidade”, explica Camilo.
A avenida passará pelos bairros Aririú, Passa Vinte, São Sebastião, Madri, Pedra Branca, Brejaru, Frei Damião, Caminho Novo, Jardim Eldorado e Pagani. (Fonte: Notícias do Dia – 8.9.15)
A ponte ajuda
Conhecido pela sua crítica contundente sobre as medidas de recuperação da ponte Hercílio luz, o engenheiro e professor Honorato Tomelin – integrante da força-tarefa da ACE que analisou, em 2014, os problemas na obra emergencial para aliviar o vão central – tem uma explicação popular para o atual estágio do símbolo de santa Catarina: “A ponte [Hercílio luz] ajuda, pois além de teimosa, porque é velha, está enferrujando e isso diminui o seu peso”. (Fonte: Notícias do Dia – Roberto Azevedo – 7.9.15)
Independência e incoerência
A celebração da Independência foi marcada por manifestações e protestos em todo o Brasil, especialmente na Capital Federal, onde a presidente Dilma Rousseff acompanhou o desfile militar. Conquista irrenunciável do povo brasileiro, a liberdade de expressão ganha evidência em momentos como esse, em que os grupos e os indivíduos podem se manifestar livremente, até mesmo para expressar absurdos e incoerências. Entre estas, destacaram-se as faixas pedindo intervenção militar num momento em que as Forças Armadas, disciplinada e democraticamente, prestavam continência ao governo civil, e também os cartazes carregados pelos apoiadores da presidente e do PT, que se manifestavam contra o ajuste fiscal.
Ora, o ajuste fiscal não está sendo imposto pela oposição. É uma aposta do governo para recuperar a economia e para salvar o próprio projeto político. É uma das poucas decisões sensatas da atual administração, que luta desesperadamente para corrigir equívocos e para reconquistar o apoio popular. Ser contra o ajuste fiscal, neste momento, é boicotar não apenas o governo, mas também o país. Como disse a própria presidente no seu pronunciamento de ontem, é um remédio amargo mas indispensável.
Da mesma forma, incorrem em incoerência os defensores de intervenção militar ou de qualquer tipo de ruptura institucional. Parecem não perceber que a liberdade que desfrutam para manifestar tão descabida proposta seria – como já foi em passado recente – a primeira vítima de um eventual governo autoritário, suportado pelas armas.
Felizmente, em meio aos radicalismos de esquerda e de direita, uma imensa maioria de brasileiros celebrou a Independência com visão republicana e com vontade de trabalhar por um Brasil melhor. (Fonte: Diário Catarinense – Editorial – 8.9.15)
Novelas da urbe
Toda vez que a Ilha de Santa Catarina precisou de uma obra transformadora, em processos que alteravam a sua geografia urbana, esta obra não se consumou sem embaraços, confusões, perturbações, escândalos e vergonhas.
Marco da consolidação política da Capital, a ponte Hercílio Luz tinha a clara oposição das lideranças que propugnavam pela mudança da Capital para o interior – para Lages ou até Caçador.
Apesar da lisura pessoal do seu mentor, a ponte acabou envolvida em escândalo, quando o banco contratado para prover os recursos – o americano Imbrie & Co. – faliu espetacularmente, sem honrar o empréstimo contratado de US$ 5 milhões, deixando como mico a dívida representada pelos títulos de igual valor. Restou a Hercílio incorporar o “mico” e contratar novo empréstimo, também de US$ 5 milhões. As quantias, somadas, representavam mais do que o orçamento anual do Estado para o ano de 1920.
A segunda ligação Ilha-continente, construída entre 1971 e 1974, ergueu-se sob a regência de aguda polêmica: se era para expandir a ilha com tamanho “acrescido” de aterro mecânico, melhor seria erguer logo duas pontes paralelas. Cada uma ao custo de US$ 20 milhões, a preços da época.
Se da sobeja integridade do governador Colombo Salles não pairasse qualquer dúvida, seu projeto – de duas pontes e um porto oceânico em Anhatomirim – naufragou, degolado pelo diretor-geral do DNER, Eliseu Resende, que “amputou” uma das pontes.
A ponte Pedro Ivo Campos, necessária já em 1970, foi erguida apenas na última metade dos anos 1980 e concluída em 1991, com pompa, fanfarras e a batuta do doutor Ulysses Guimarães. Festa que não conseguiu abafar o ruído do episódio conhecido como “Orofinogate”.
A Via Expressa Sul – mais o respectivo túnel – “consumiu” outros 10 anos da Ilha-Capital, concentradamente no governo de Paulo Afonso, ao embalo de um novo e rumoroso escândalo – o das Letras do Tesouro. A obra que deveria consumir dois anos, levou 10 – e atravessou três governos.
O acesso ao novo aeroporto e ao sul da Ilha – a “continuação” da Via Expressa Sul – já amarga outros 15 anos de atraso, congelado pela paralisia e pela ausência de vontade dos potentados de plantão, desde que o Trevo da Seta se estabeleceu como improvisada “meia-sola” , o provisório que, por inércia, se transformou em permanente. (Fonte: Diário Catarinense – Sérgio da Costa Ramos – 5.9.15)
Entrevista – Antônio Gavazzoni, Secretário da Fazenda
Qual é a real situação econômico-financeira do governo catarinense?
Secretário Antônio Gavazzoni – O governo de Santa Catarina tem se diferenciado em responsabilidade fiscal e qualidade de gestão. Este é o grande momento de comparações. Quando as coisas vão bem, o Estado não aparece nem na previsão do tempo. Agora, Santa Catarina está sendo vista nacionalmente como Estado responsável, em que as despesas cabem dentro das receitas, em sistema inteligente e qualidade de gestão e com coragem de governo.
O senhor consegue fechar o orçamento deste ano?
Gavazzoni – O orçamento de 2015 é preocupante, em que pese nosso equilíbrio e nossa responsabilidade. Este vai ser o primeiro ano, em 12 anos, que não conseguimos produzir superávit orçamentário, ou seja, com a arrecadação acima do que foi previsto no orçamento. A previsão é de aumento de 9,78% e a arrecadação está em 7,2% de média. Nosso maior desafio sempre foi o equilíbrio fiscal.
Para melhorar a arrecadação o governo cogita de aumentar imposto?
Gavazzoni – Nenhum! O governo de Santa Catarina no Confaz foi o único Estado que puxou voto contrário ao aumento da alíquota média do ICMS de 17% para 18%. Nós impedimos a tramitação do debate. Depois, São Paulo nos acompanhou e a tramitação foi tirada de pauta. Se você fizer um levantamento, Rio Grande do Sul já aumentou tributo, Paraná teve elevação de imposto, Minas aumentou tributo. Nossa política é não aumentar impostos. (Fonte: Diário Catarinense – Moacir Pereira – 6.9.15)
A hora da austeridade
O cenário de insegurança desafia governantes e cidadãos, para que o país saia da crise melhor do que entrou.
Já não há mais dúvida de que os brasileiros estão desafiados a enfrentar uma crise econômica prolongada, representada pela recessão, pela volta da inflação alta, pelo aumento do desemprego e pelos conflitos sociais decorrentes da deterioração dos serviços básicos. Os indicadores econômicos expõem uma realidade da qual ninguém, do setor público aos cidadãos, passando por todas as atividades produtivas, estará imune. Instabilidades políticas potencializam uma crise que o governo subestimou, durante pelo menos meio ano do segundo mandato, o que contribuiu para o agravamento de um cenário de paralisia de investimentos e de desconfiança generalizada com os próximos atos do Executivo.
O Brasil, e não só o governo federal, defronta-se com o que não mais pode ser negado. Austeridade deixa de ser um jargão depreciado pelos próprios governantes para se transformar em necessidade real, a começar pelos municípios brasileiros. Comunidades que durante décadas adiaram soluções administrativas, imitando o que há de pior do governo central, terão de se submeter ao arrocho e racionalizar seus orçamentos. Há dados concretos sobre o descontrole dos municípios, no contexto de uma crise que é também de gestão do setor público. Segundo estudo da Federação das Indústrias do Rio (Firjan), concluído neste ano, oito de cada 10 prefeituras estão em situação fiscal crítica ou difícil e 15% não cumprem a Lei de Responsabilidade Fiscal.
A grande maioria tem deficiências graves de gestão, e o retrato das dificuldades é o mesmo enfrentado pelos Estados. Mas a crise apenas denuncia insuficiências que vinham sendo encobertas por um longo período de prosperidade. União, Estados, municípios, instituições e também as famílias brasileiras são desafiadas a adequar demandas, projetos e custos mais elementares do orçamento cotidiano a um ambiente de incertezas. Infelizmente, planos de investimentos terão de ser adiados e despesas correntes, cotidianas, serão cada vez mais adequadas a essa realidade.
É uma situação até então desconhecida pelas novas gerações, inclusive a que já ingressou ou tenta ingressar no mercado de trabalho. Revertem-se expectativas imediatas e frustram-se sonhos de médio e longo prazos dos que almejavam melhorias importantes na qualidade de vida também desses jovens. O que já se sabe, pelas experiências anteriores, é que todos receberão lições da recessão, e que o cidadão oferecerá sempre os melhores aprendizados. Sem resignação, espera-se que o país saia da crise melhor do que entrou. (Fonte: Diário Catarinense – Editorial – 6.9.15)
Pátria Nossa
Não, esta que vejo amanhecer neste dia 7, no 193º ano da independência, não é a pátria justa e humana que todos sonhamos para habitar, uma terra tão bela e generosa quanto a do Brasil.
Não reconheço como “a minha pátria” esta terra de instituições humanas tão pobres em ética, em compostura, em humanismo.
A minha pátria não é a mesma da prefeita de Bom Jardim, pobre município do Maranhão, foragida da Justiça por roubar as verbas da merenda escolar. Imaginem, uma funcionária pública que rouba a comida das criancinhas…
A minha pátria não é a mesma de alguns agentes dos poderes do Estado que se instalam em Brasília, conspurcados pela corrosão do caráter e pela degenerescência moral.
A minha bela pátria do Brasil não é a roubalheira na Petrobras, a maracutaia dos propinodutos, o afano na Ave de Rapina municipal, a contínua chantagem das “bases aliadas”, exigindo vantagens para não votar contra os interesses do país.
Não. A minha pátria é a de Vinicius de Moraes nos versos
imortais de “Pátria Minha”:
A minha pátria não é florão, Nem ostenta lábaro não/ A minha pátria é desolação de caminhos/ É terra sedenta e praia branca; a minha pátria é o grande rio secular/ Que come terra, bebe nuvem e urina mar./ (…) Teu nome é pátria amada, é patriazinha, não rima com mãe gentil/ Vives em mim como uma filha/ Uma ilha de ternura: a Ilha Brasil, talvez.
A nossa pátria não convive bem com a cleptocracia, nem aceita a vitória da corrupção.
Sinto que os brasileiros estão afogados na praia, depois que seu barco naufragou no mar alto, como o do pobre Aylan Kurdi – o desafortunado menino sírio de três anos que fugia da guerra.
Também no Brasil, como na Europa egoísta e no Oriente Médio sem lei, parece que os homens de bem foram deserdados pela ética, pelo bom senso e pela misericórdia – e assistem a um naufrágio do humanismo e da humanidade.
Neste dia emblemático, é bom lembrar: nossa pátria pode não ser perfeita, nem será um dia. Pode não ser justa o bastante – e este ideal de justiça há que ser perseguido eternamente, como uma luta constante, uma boa utopia.
O amor ao nosso chão, contudo, tem uma origem instintiva. É anterior ao berço, à escola, anterior a nós mesmos…
Felicidades, Brasil, saudades de quem te ama. (Fonte: Diário Catarinense – Sérgio da Costa Ramos – 7.9.15)
Milho perde espaço e preocupa SC
Cooperativas agropecuárias estimam que o plantio de milho no Estado sofra uma redução de até 25% no comparativo com a safra anterior. Um dos motivos é o preço de venda do grão, que está quase três vezes menos valorizado que o da soja, concorrente na preferência dos agricultores para o plantio de verão. Atualmente, a saca de 60 quilos da oleaginosa custa R$ 67 em Chapecó, contra apenas R$ 23 do milho, que para se tornar competitivo teria que ser vendido a cerca de R$ 30.
Outro fator é o custo da produção, que no milho exige o dobro de investimento. Enquanto um hectare da lavoura de milho custa em média R$ 2,5 mil, o hectare da soja não passa de R$ 1,2 mil.
Foram esses motivos que levaram o produtor Flávio Fonseca a desistir da cultura nesta safra. No ano passado, ele plantou 45 hectares de milho, colhendo em média 220 sacas por hectare. Apesar do resultado recorde, neste ano ele fez os cálculos e percebeu que a soja é mais vantajosa. Onde plantava milho, vai semear feijão e depois fazer uma segunda safra de soja. No total, a oleaginosa vai ocupar 300 hectares da propriedade.
– A lavoura de soja está muito mais lucrativa – explicou.
Redução pode chegar a 25% – Leonardo Ferronato, do setor comercial da Cooperativa Agroindustrial Alfa (Cooperalfa), que tem 17 mil famílias associadas em 70 municípios de Santa Catarina e Paraná, estima que a queda no plantio será de 10% a 15% . O presidente da Cooperalfa, Romeo Bet, diz que esse número pode chegar em até 25% de redução na região Oeste.
Porém, a diminuição da área plantada deve aumentar o déficit em Santa Catarina. Neste ano o Estado produziu 3,1 milhão de toneladas perante um consumo de 5,5 milhões de toneladas do grão. Se houver uma redução de 10% na área e a produtividade for mantida, serão 310 mil sacas a menos.
Além de perder competitividade, os criadores catarinenses ficam reféns de oscilações do mercado internacional de grãos e até de custos no transporte. Algo preocupante para um estado que tem o milho como matéria-prima da produção de frangos e suínos, dois de seus principais produto
de exportação.
O presidente da Cooperalfa diz que esse aumento de dependência preocupa criadores de aves, suínos e bovinos, pois deve encarecer o custo de produção de carne e leite.
– Santa Catarina terá que buscar matéria-prima no Centro Oeste ou no exterior. Se elevar o custo da ração, que é feita principalmente de milho, esse custo vai chegar ao consumidor – afirma Bet.
Governo incentiva cadeia produtiva – Preocupado com a redução da área de milho em Santa Catarina, o corpo técnico da Secretaria de Agricultura do Estado lançou no ano passado um projeto para aumentar a produtividade nas regiões de plantio do grão. O objetivo é passar dos atuais 7,6 mil quilos por hectare para 10 mil quilos por hectare. A meta é chegar a este patamar até 2019.
De acordo com o secretário adjunto de Agricultura do Estado, Airton Spies, esse acréscimo será obtido a partir de duas frentes. Uma delas é o Programa Terra Boa, em que o governo do Estado subsidia calcário e sementes para os agricultores num valor de R$ 40 milhões. Quem buscar calcário na mina arcará apenas com o custo do transporte e quem optar por receber o produto na propriedade pagará apenas duas sacas de milho por tonelada.
Além de fornecer a semente, outra estratégia é oferecer assistência técnica por meio da Epagri e das cooperativas para que o agricultor adote manejos que melhorem os resultados da sua lavoura.
– Com sementes adequadas, plantio feito na época certa e espaçamento correto entre plantas podemos melhorar nossos índices – aposta Spies.
O secretário-adjunto acredita que melhorando a produtividade, o milho voltará a ser atrativo, permitindo que o Estado volte a ter, pelo menos, 500 mil hectares de cultivo. Com uma produção de 10 toneladas por hectare, SC chegaria a cinco milhões de toneladas, quantidade próxima a do consumo catarinense.
Subsídio para construir armazéns – O Estado conta ainda com um programa de subsídio de juros para a construção de armazéns. O objetivo é aumentar a capacidade de 4,2 milhões de toneladas para 5,2 milhões de toneladas. Recentemente, a Cooperalfa inaugurou um complexo de armazenagem em Xanxerê com capacidade para 350 mil sacas, onde investiu cerca de R$ 45 milhões. O objetivo é que, com mais armazéns, exista mais espaço para que o milho fique estocado no Estado e não seja vendido, evitando que precise ser novamente buscado de fora de SC.
– Nosso incentivo ao milho tem como objetivo dar sustentabilidade à cadeia produtiva – conclui Spies.
Área de tabaco pode servir como aliada no plantio de milho – A Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca e o Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco) trabalham para renovar a parceria na execução do programa que incentiva a diversificação das culturas após a colheita do tabaco. Este ano, o Programa Plante Milho & Feijão Após a Colheita do Tabaco irá estimular também o cultivo de pastagem.
A intenção é fazer com que os produtores de tabaco utilizem suas terras, após a colheita do fumo, com outras culturas. Até o final do ano, as lavouras de fumo desocupam as áreas e os produtores ficam com espaço disponível. O secretário adjunto Airton Spies acredita que esta é uma oportunidade de renda para o agricultor, com culturas que podem, inclusive, servir de insumo para outras atividades produtivas.
– Queremos estimular os agricultores a aproveitarem a terra da melhor forma possível. Somos o Estado que mais cresce na produção de leite e os produtores de tabaco podem ser também grandes produtores de alimentos. (Fonte: Diário Catarinense – Darci Debona – 7.9.15)
A celebração da democracia
É tão profunda e assustadora a crise nacional, que muitos brasileiros se questionam se temos o que celebrar neste 7 de setembro, quando nosso país completa 193 anos de independência. Basta um olhar retrospectivo para as últimas três décadas de nossa história para que a resposta seja positiva. O Brasil atravessa um momento de turbulência, sem dúvida, mas as instituições democráticas construídas nesse período revelam-se a cada dia mais sólidas e adequadas para que a travessia ocorra sem rupturas institucionais.
Ainda que a presidente Dilma Rousseff venha a ser vaiada no desfile de 7 de setembro programado para esta segunda-feira em Brasília, como prometem lideranças de movimentos de oposição e correntes de mensagens disseminadas nas redes sociais, a democracia brasileira tende a sair preservada e fortalecida da cerimônia cívica. O mais importante é que os integrantes das Forças Armadas, ao contrário do que pregam vozes radicais, estarão reunidos não apenas para exibir suas armas e suas fardas, mas também para prestar continência a um presidente civil – no caso, uma presidente –, desacreditada, com baixa popularidade, mas representando a vontade manifestada nas urnas pela maioria da população.
Essa é a beleza da democracia. As pessoas podem mudar de ideia, podem se arrepender, podem questionar seus representantes e se manifestar livremente, sem o risco de serem reprimidas ou tuteladas. O país vive um momento de plena liberdade de expressão e de pensamento. O Estado democrático de direito garante aos brasileiros o exercício pleno da cidadania. Neste contexto, as Forças Armadas se limitam ao seu papel constitucional, de assegurar a estabilidade das instituições, o equilíbrio do pacto federativo ou, em casos especiais, a segurança pública. Cabe à Justiça e aos órgãos policiais investigar a corrupção e combater a criminalidade, como efetivamente vem acontecendo, sendo assegurado aos investigados amplo direito de defesa.
Ainda precisamos aperfeiçoar as nossas instituições para que o país reencontre o caminho do desenvolvimento. Mas um povo que superou obstáculos para conquistar a independência e a democracia terá sempre o que comemorar. (Fonte: Diário Catarinense – Editorial – 7.9.15)
Bode na sala
Contam que um morador foi ao gabinete do prefeito reclamar das péssimas condições da sua rua. O prefeito prometeu recuperar a via, mas pediu: “O senhor poderia me fazer um favor? Guardar durante um mês na sua casa um bode que estou engordando?” Dali uns 15 dias, o reclamante voltou ao chefe do Executivo e implorou: “Por favor, tire o bode lá de casa. Minha família não aguenta mais tanto barulho e mau cheiro”. Esperto como ele só, o prefeito propôs um acordo: “Eu tiro o bode, mas não poderei arrumar sua rua”. O cidadão aceitou e ainda saiu elogiando o prefeito para todo mundo, dizendo que ele havia resolvido um grande problema seu.
Pois cá tenho eu a impressão que essa história de ressuscitar a CPMF, o famigerado imposto do cheque, foi um bode que a presidente Dilma colocou na nossa sala. Agora ela retirou o animal e nós estamos a agradecer: “Obrigado, presidente, por esse grande favor”.
Enquanto isso, a rua continua cheia de buracos e a crise continua comendo solta.
Pedal
Deputado estadual João Amin (PP) deu entrada na Assembleia Legislativa de proposição que cria o Sistema Cicloviário no Estado de Santa Catarina. A ideia tem ampla abrangência, mas basicamente impõe a integração aos sistemas viários e de transporte dos municípios catarinenses, de modo a incentivar e alcançar a utilização segura da bicicleta como veículo de transporte.
Falta de obras
O governador Raimundo Colombo deve terminar seu segundo mandato sem ter construído duas obras que se julga sejam importantíssimas para Santa Catarina. A primeira é a quarta ponte de Florianópolis, olimpicamente esquecida. A segunda é uma penitenciária de segurança máxima, que não sai do papel porque nenhum prefeito quer a obra em seu município. Enquanto isso, dá-lhe congestionamentos na Capital e dá-lhe presídios superlotados em todas as regiões. (Fonte: Diário Catarinense – Cacau Menezes – 7.9.15)
Congestionamento
Filas se formaram ontem na SC-401, sentido Centro de Florianópolis. Empresa contratada pelo Deinfra fazia o asfaltamento da terceira faixa na região do Jardim da Paz. As filas chegaram até Santo Antônio, irritando motoristas locais e turistas de várias origens. Bloquear a SC-401 em feriadão é muita falta de imaginação. O Deinfra levou o troféu incompetência. (Fonte: Diário Catarinense – Moacir Pereira – 8.9.15)