Laguna, 19.8.15 – Sobrou a conta: Em razão do fim do contrato com o Consórcio Sadenco/Quantum, responsável pela iluminação da ponte Anita Garibaldi até esta segunda-feira, a prefeitura de Laguna assumiu o pagamento da conta de luz desde ontem, cerca de R$ 12 mil por mês. O Executivo municipal, porém, diz que não há nenhum acordo formal sobre o assunto e garante que questionará a definição do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Conforme o DNIT, a prefeitura foi comunicada por meio de ofício sobre o impedimento, inclusive legal, do departamento manter o serviço. A imposição, neste caso no acender das luzes, desceu quadrado na prefeitura. (Fonte: Diário Catarinense – Visor/Rafael Martini)
Alianças do Petrolão
Seria ingenuidade supor que pequenos partidos políticos – desses cuja militância cabe numa Kombi – “negociam” sua adesão a governos e partidos maiores por mera ideologia.
Não há partidos ideológicos no Brasil – a não ser aqueles marcados por um extremismo “à outrance” – na rarefeita atmosfera da política nacional.
Chega a ser constrangedora a volúpia com que se atiram às novas alianças certos nanicos que se valem de propaganda enganosa, a partir de seu próprio nome de batismo. Nunca se viu tantos partidos com o epíteto de “socialista” e “progressista” com tanto apetite para o mais deslavado fisiologismo.
Base aliada é isto: partidos com boquinha para votar não pelo interesse do Brasil, mas de cada apaniguado em particular. Quanto patriotismo.
E a deformada aliança se consuma mediante uma ameaça contumaz:
– Se não nomearem até amanhã o companheiro que estou indicando, vamos nos aliar à oposição!
Esse mesmo clima de bazar de feira medieval predomina neste instante em que o governo procura uma fórmula mágica para salvaguardar o mandato de sua impopular inquilina.
Alguns desses pequenos “acampamentos” de interesse político ainda disfarçam e simulam alguma razão edificante para aderir a todos os governos:
– Nossa aliança é programática. Exigimos que o nosso apoiado privilegie a educação!
Mas a maioria desses nanicos cobiçosos sequer se dá ao trabalho de fingir alguma dignidade. Os partidinhos vão logo enumerando o tamanho da conta:
– Queremos a Brasilesc, a Contratatudo, a Petrolesc e as diretorias financeiras de todas as estatais!
Interessante. Antigamente essa fisiologia de urinol era praticada intramuros, as tratativas se davam em algum terreno baldio, sem testemunhas ou, como diria Nelson Rodrigues, “apenas na presença de alguma cabra vadia”.
Hoje, essas “alianças” financeiras se desatam à luz do dia, com direito aos holofotes da mídia e com larga exposição do momento do crime, mais ou menos como faziam os capi sicilianos ao incorporar mais um aliado à famiglia – tudo no melhor e mais fraterno espírito da casa Corleone e seu poderoso chefão, Don Vitto. (Fonte: Diário Catarinense: Sérgio da Costa Ramos)
Governo libera crédito para quem segurar vagas
O governo federal prepara um novo programa de ajuda para os grandes setores industriais do país. A primeira medida, anunciada ontem, é a criação de linhas de crédito por bancos públicos, com taxas de juros menores para quem se comprometer a não demitir funcionários.
O uso dos bancos públicos para financiar o setor produtivo fez parte da política de incentivo ao crescimento adotada entre 2008 e 2014, abandonada e criticada pela atual equipe econômica, em especial pelo Ministério da Fazenda e pelo Banco Central.
A Caixa vai liberar R$ 5 bilhões para o setor automotivo, incluindo dinheiro próprio e recursos dos trabalhadores (FAT e FGTS). O Banco do Brasil também vai anunciar linhas de financiamento para essas empresas hoje.
Também estão em negociação com o governo os setores de petróleo e gás, alimentos, energia elétrica, eletroeletrônico, telecomunicações, fármacos, químico, papel e celulose, máquinas e equipamentos e construção civil.
Meta é dar respiro às companhias
A presidente da Caixa, Miriam Belchior, afirmou que se trata de uma política que foi discutida com várias áreas do governo e tem como objetivo ajudar as empresas a “respirar” durante este “momento de travessia” pelo qual passa a economia brasileira.
– Foi debatido inclusive com a Fazenda. É uma posição de consenso do governo – afirmou Miriam, que não quis dizer quais seriam as outras medidas que serão tomadas, além do aumento do crédito bancário.
Em relação ao setor automotivo, serão quatro linhas de crédito. Em três delas, as prestações só começam a ser pagas daqui a seis meses, quando o governo espera que a economia tenha começado a se recuperar, segundo a presidente da Caixa. (Fonte: Diário Catarinense)
Saídas para a crise
Neste momento de crise potencializada e de perplexidade dos próprios líderes políticos, é importante prestar atenção na defesa do ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros de um acordão político pela governabilidade, em contraponto à pregação de ruptura institucional por parte de alguns setores oposicionistas. O economista, que foi ministro das Comunicações no governo FHC, entende que o Brasil vive duas crises: uma gerada pelo fim do modelo de crescimento calcado no consumo e outra causada pelo fim da hegemonia política do PT. A questão é saber se líderes políticos da situação e da oposição têm disposição e condições de construir uma alternativa conveniente para o país.
Na concepção do ex-ministro, a saída deveria ocorrer por meio da construção de um acordo de governabilidade enquanto a economia enfrenta o processo de ajuste. O pressuposto é de que as investigações da Lava-Jato não venham a descobrir algum envolvimento direto da presidente nas denúncias de corrupção sob investigação na Petrobras. Mas esse é um desafio que fica na dependência da boa vontade de líderes políticos da base do governo, alguns desgastados por suspeitas de corrupção, e da oposição, muitas vezes movidos mais pelo interesse de voltar logo ao poder.
Outro fator de dificuldade é que os manifestantes do último domingo rechaçam a alternativa de um acordo político. E os que prometem sair às ruas amanhã, em princípio favoráveis ao governo, se opõem ao ajuste fiscal, do qual a presidente depende para ir além. O melhor para o país seria um pacto de governabilidade capaz de definir o rumo que falta hoje à política e à economia. (Fonte: Diário Catarinense – Editorial)