Transporte irá participar da definição da infraestrutura para mobilidade

Transporte irá participar da definição da infraestrutura para mobilidade

Florianópolis, 20.3.15 – Representantes dos diversos segmentos do transporte – passageiros, cargas, turismo, fretamento, táxis, motos e ciclismo – defenderam a participação do setor na busca de soluções, de interesse coletivo, aos problemas de circulação nos centros urbanos. Líderes estaduais e nacionais da área estiveram reunidos nesta sexta-feira, dia 20, no Fórum sobre Mobilidade e Infraestrutura de Transporte, promovido em Florianópolis pela Federação das Empresas de Transporte de Carga e Logística (Fetrancesc) e Câmara Interamericana de Transportes (CIT).
“Com este Fórum mostramos que o setor tem capacidade de interagir, de mostrar e de defender necessidades que, mesmo diferenciadas, convergem para soluções compartilhadas. Esta é a única forma de atender à necessidade urgente de garantir bom acesso ao perímetro urbano”, destacou, presidente da Fetrancesc, Pedro Lopes. Ao lado de secretário geral da CIT e presidente da Fetransul, Paulo Vicente Caleffi, Lopes foi anfitrião do evento que abriu debate entre técnicos, servidores municipais, autoridades, presidentes de sindicatos e representantes dos transportadores.
Caleffi salientou que a CIT é um organismo composto por 19 países, que representa todo tipo de transporte e tem acento na OEA e ONU. Ele também apontou as dificuldades comuns enfrentadas pelos países, como as limitações na circulação de cargas nas cidades, que gera a substituição de caminhões por veículos utilitários, trazendo aumento de 19,7% nos custos, além das operações noturnas, que oneram 16,5%. “É preciso designar áreas adjacentes às restritas para transbordo de cargas, além de incentivar a descentralização de estabelecimentos não necessários nas áreas urbanas”, afirmou.
O resultado do Fórum será transformado em duas cartas. Uma delas terá conteúdo de interesse comum aos países integrantes da CIT, que será levada em maio à Assembleia da Câmara Interamericana de Transportes. O outro documento trará posições relativas às realidades brasileira e catarinense e será encaminhada aos representantes dos Poderes federais, do Estado e dos Municípios.
O debatedor do evento foi o Superintendente de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Grande Florianópolis Cássio Taniguchi, coordenador do Plamus, um programa de mobilidade urbana e sustentável da região. “Muito importante estar neste Fórum porque terminamos a parte de planejamento do Plamus e agora começaremos a discutir com os diversos setores e o transporte é fundamental. Por isso, o setor de transporte será incluído”, destacou Taniguchi. Ex-prefeito de Curitiba, Taniguchi também atuou no plano de mobilidade realizado em Brasília.

Soluções do fretamento

As experiências de fretamento no Rio de Janeiro e dos limites do transporte de carga em São Paulo e em várias capitais brasileiras foram apresentadas no Fórum. O presidente da Associação Nacional dos Transportadores de Turismo e Fretamento, Martinho Ferreira de Moura, salientou a importância do fretamento na redução dos veículos em circulação nos grandes centros. “No Rio de Janeiro, por exemplo, o serviço é fundamental para viabilizar o deslocamento dos trabalhadores aos postos de serviço. Cada fretamento tira, em média, 16 automóveis das ruas, garantiram melhor fluxo nas vias urbanas”, destacou.
Para Martinho, a inclusão do fretamento nos corredores de circulação para ônibus irá agilizar ainda mais os trajetos e liberar espaço ocupado junto aos automóveis. “Vale lembrar que a maioria dos ônibus e micro-ônibus produzidos no Brasil é adquirida por empresas de fretamento. México, Colômbia e Peru também vivem este problema e buscam, como nós, sensibilizar os órgãos e gestores públicos para obterem igualdade de condições no transporte em massa de passageiros”.

Limites de carga

As diversas restrições importas ao acesso, embarque e desembarque de cargas nos municípios foram apresentados no Fórum pelo presidente
do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga de São Paulo e Região (Setcesp) e diretor da Associação Brasileira de Logística e Transporte de Carga (ABTC), Manoel Sousa Lima Júnior. “O desafio é conciliar o trânsito de pessoas e cargas no mesmo espaço. Segundo pesquisa da NTC & Logística, mais de cem municípios brasileiros já criam algum tipo de restrição ao trânsito de caminhões”, afirmou.
Os principais tipos de restrição aos veículos de cargas são impostos em áreas ou vias específicas; nos horários de maior circulação de pessoas; por meio do rodízio de placas e pelo tamanho e peso dos veículos. Algumas consequências diretas das restrições de circulação por horários em São Paulo são a necessidade de carga horária noturna aos profissionais de transportes e de carga/descarga, onerando os serviços e criando outras necessidades, inclusive do deslocamento dos trabalhadores em períodos alternativos.
“Toda esta situação faz os transportadores investirem em tecnologia da Informação, em ativos, na utilização de veículos menores, no uso de plataformas de carga e descarga, na maior utilização dos motoristas nas rotas e em pontos de transbordo remoto”. Lima Júnior também destacou que o segmento sugere ao poder público que sejam disponibilizadas mais vagas para carga/descarga; que sejam feitas melhorias no transporte de massa de passageiros para reduzir o trânsito de automóveis, assim como criar leis de incentivo para o descarregamento noturno ou em horários diferenciados.

Momento de mudanças

O presidente da Federação dos Empresas de Transporte de Cargas e Logística do Paraná (Fetranspar),
Sérgio Malucelli, destacou que o excesso de crédito que facilita a aquisição de automóveis e a série de equívocos na gestão pública fortalecem a crise da mobilidade. A população crescente, o crescimento desordenado das cidades, a falta de investimento em infraestrutura e no transporte coletivo de passageiros também foram citados como agravantes.
Já o presidente da Comissão de Mobilidade Urbana da OAB/SC, Antônio de Arruda Lima, apontou a baixa qualidade da infraestrutura converge com a total dependência do sistema rodoviário. “Temos que buscar soluções diversas, pois não temos espaços urbanos para carga/descarga, nem para pedestres ou mesmo ciclistas. Todos esses problemas acabam interferindo drasticamente no dia a dia do cidadão, que também precisa ser esclarecido e reeducado sobre como deve se comportar e o que pode ou não fazer nas vias em que circula”.
Mesmo assim, o representante da OAB destaca que tanto o país quanto Santa Catarina vivem um bom momento desde 2012. “A Política Nacional de Mobilidade, o Estatuto da Mobilidade Urbana e o próprio Plamus mostram isto”, disse. Cássio Taniguchi também destacou a vontade política em priorizar estudos e investimentos na mobilidade. “Aqui em Santa Catarina devemos seguir alguns exemplos, como os horários aplicado em São Paulo para carga e descarga. Também vários modais de transporte podem se beneficiar em centros logísticos. O investimento na rapidez e eficiência dos transportes de massa é fundamental. O caminho é longo, mas vamos buscar abreviá-lo”, concluiu.

Imprensa Fetrancesc

Fotos: Murilo Vessling e Márcio Machado/ Sest Senat

Foto 1 – Líderes de diversos segmentos do transporte participaram dos debates do Fórum

Foto 2 – Pedro Lopes, presidente da Fetrancesc, abre o Fórum sobre Mobilidade e Infraestrutura de Transporte

Foto 3 – Paulo Vicente Caleffi, secretário geral do CIT e presidente Fetransul

Foto 4 – Martinho Ferreira de Moura, presidente da Associação Nacional do Transporte de Turismo e Fretamento

Foto 5 – Manoel Sousa Lima Júnior, presidente da Setcesp e diretor da Associação Brasileira de Logística e Transportes de Carga (ABTC)

Foto 6 – Cássio Taniguchi, superintendente de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Grande Florianópolis

Foto 7 – Coquetel de encerramento do Fórum sobre Mobilidade e Infraestrutura de Transporte

Foto 8 – Presidente da Associação dos Taxistas Permissionários, Irani Antunes da Silva

Foto 9 – Fórum foi acompanhado por representantes da sociedade civil organizada e empresários

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