São Paulo, 16.3.15 – Com caminhões demais e mercadoria de menos, o governo começa a implementar neste ano uma política para diminuir a quantidade de veículos autorizados a fazer transporte de carga no país.
Todos os veículos registrados na ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) para fazer frete serão recadastrados e ganharão chip e adesivo para que possam ser fiscalizados automaticamente numa rede com cerca de 200 pontos de vistoria no país.
A partir de maio, os primeiros novos pontos de fiscalização estarão em teste no Rio Grande do Sul. Em junho, os primeiros caminhões devem ganhar o novo equipamento.
“Nossa intenção é tirar do sistema aquele que está cometendo irregularidades”, afirmou o diretor-geral da ANTT, Jorge Bastos.
Um enxugamento com aperto da fiscalização no transporte rodoviário de carga, que inflou nos últimos anos pela facilidade para a compra de caminhões novos e a queda na atividade econômica, é visto como ideal para reequilibrar o sistema.
Há, no entanto, pressão de caminhoneiros e empresas para que a solução para a queda no preço dos fretes seja maior regulação. Entre as propostas, estão a criação de uma tabela com valor mínimo de frete e vale-diesel.
Após a paralisação dos caminhoneiros que ocorreu no fim de fevereiro e no início deste mês, grupos de representantes do governo federal, empresários e caminhoneiros debatem o tema.
Frota
O país tem 3,2 milhões de caminhões, dos quais quase metade está apta a fazer frete (pegar carga de outra empresa e levá-la ao destino). A outra metade pode operar apenas para a própria empresa, sem registro da ANTT.
Nos últimos cinco anos, incentivos diversos –de juros subsidiados a diesel barato– fizeram com que a frota aumentasse 24%.
Os caminhões novos entraram sem que os velhos saíssem, sobretudo quando os preços do frete subiam artificialmente, como quando o preço dos grãos explodiu.
A estimativa do economista Ricardo Gallo, da consultoria KonSCIO, é que o país tenha hoje um excedente de 300 mil caminhões.
O descasamento entre oferta e demanda achata o valor do frete e pesa principalmente sobre caminhoneiros autônomos (45% dos fretistas), que, para negociar, dependem de agenciadores – empresas que se responsabilizam pela documentação do transporte e chegam a ficar com 40% do valor do frete.
Outro problema é que, sem fiscalização, menos de 15% dos fretes têm o registro necessário na ANTT para garantir que o caminhoneiro receba, além do valor do transporte, verbas como pedágio.
Segundo dados do BNDES, o programa Procaminhoneiro, que recebia subsídios do Tesouro, financiou quase 70 mil veículos com R$ 11,7 bilhões desde 2007.
Essas operações são uma fração dos financiamentos e se concentram em grandes empresas. Por isso, o governo federal ainda não sabe o que fazer. Procurada, a Fazenda não comentou o tema.
Extraído de: Folha de S.Paulo. Crédito foto:Luiz Carlos Murauskas/Folhapress
Mistura de etanol na gasolina sobe hoje
A partir desta segunda-feira (16), a gasolina usada pelos brasileiros passa a ter mais etanol em sua composição. O percentual do biocombustível na mistura passa de 25% para 27% para as gasolinas comum e aditivada. Para a premium, o percentual segue em 25%.
Ao anunciar a medida no início do mês, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, informou que a decisão de não aplicar a mudança para a gasolina premium foi tomada a pedido das associações de fabricantes de veículos, a Anfavea.
O presidente da Anfavea, Luiz Moan, disse ser preciso esperar pelos resultados dos testes de durabilidade nos motores de carros movidos somente a gasolina. Essas avaliações começaram em setembro passado e devem ser finalizadas no fim do mês.
“Os testes de durabilidade ainda estão sendo realizados pela Anfavea e por isso nós insistimos bastante que a gasolina premium não sofresse nenhuma alteração na sua formulação, em nome da defesa do consumidor, para que ele também possa ter alguma alternativa de abastecimento no caso dos veículos exclusivamente movidos a gasolina”, disse Moan na ocasião.
“Essa gasolina [com maior percentual de etanol] é segura, sem dúvida nenhuma, mas ela é uma gasolina que deve ser usada nos veículos chamados flex, e nós colocamos uma precaução enquanto os nossos testes de durabilidade não forem concluídos”, completou.
Para especialistas em mecânica ouvidos pelo G1, a mudança é muito pequena para causar efeitos nos carros a gasolina, especialmente os mais modernos, caso de muitos importados.
Extraído de: G1