Clipping – Governo aplica multa aos caminhoneiros para impedir paralisações

Clipping – Governo aplica multa aos caminhoneiros para impedir paralisações

Protesto de caminhoneiros fecha a BR 101 em Itajaí

Caminhoneiros fecharam as duas pistas do sentido Norte da BR 101 desde a madrugada até a manhã desta sexta-feira. Pouco antes das 9h as pistas foram liberadas segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF). A PRF foi acionada e esteve no local fazendo a segurança e sinalização, além de multar os motoristas, conforme orientação da Justiça.

Por volta das 7h30 a fila ultrapassava três quilômetros. A situação era complicada também nas marginais de acesso à rodovia. Os motoristas se reúnem desde às 8 horas. Eles querem a revisão da tabela de fretes e esperam ser ouvidos por empresários e sindicatos patronais.
Fonte: Notícias do Dia, com informações da repórter Daiana Brocardo

Quem ficar vai pagar

Após apresentar uma proposta ignorada por milhares de caminhoneiros pelo país, em especial no Sul do Brasil, o governo federal reagiu com rigidez: anunciou multas de até R$ 10 mil por hora para cada motorista que continuar nos bloqueios nas estradas.
A medida foi comunicada pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, um dia após o Planalto negociar com lideranças do movimento uma série de medidas para liberar as rodovias. Apesar de insistir que houve um acordo – redução em alguns Estados das barreiras –, o governo teve de reforçar sua atuação judicial para evitar uma crise de desabastecimento.
Em coletiva, ontem, Cardozo informou que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) vai multar os caminhoneiros parados nas estradas. A Advocacia-Geral da União (AGU) vai acelerar o registro das infrações de trânsito para identificar e cobrar nos tribunais multas para os motoristas que descumprem as ordens judiciais de desbloqueio. Elas variam de R$ 5 mil a R$ 10 mil por caminhoneiro.
– A proposta do governo foi aceita pela maior parte dos trabalhadores. A sociedade não pode mais continuar sofrendo. O governo agirá firmemente – prometeu o ministro Cardozo.

Erros na negociação

Firmes no discurso do acordo, internamente assessores da presidente Dilma Rousseff admitem dificuldades e erros na negociação. O Planalto não estava preparado para a eclosão dos bloqueios, demorou a reagir e ainda carece de interlocutores com um movimento de lideranças pulverizadas.
Uma decisão ontem à noite do juiz Luiz Antônio Zanini Fornerolli determinou que os caminhoneiros desocupem as rodovias em SC e que o Estado tome todas as medidas necessárias para cumprir a ordem – inclusive com auxílio da polícia se necessário. O despacho atende pedidos das empresas de alimentos Seara, JBS, Macedo e Sul Valle e entra em vigor imediatamente. A decisão estipula multa diária de R$ 10 mil para cada caminhoneiro em caso de descumprimento. O Estado fica sujeito à mesma pena caso não tome providências para desobstruir as rodovias. A Procuradoria Geral do Estado não foi localizada para falar sobre a decisão.


Comunicação via WhatsApp

O WhatsApp virou ferramenta para bloquear rodovias. Em gabinetes de deputados ou na tentativa de uma agenda no Planalto, os caminhoneiros Ivar Luiz Schmidt, Márcio José Correa e Celso Dalbosco passaram a quinta-feira em contato com colegas parados em diversos pontos do Brasil. O trio integra o recém-criado Comando Nacional do Transporte, que se apresenta como uma das lideranças da mobilização que fecha estradas pelo país.
– O telefone não para, passo o dia mandando e recebendo mensagens. É Mato Grosso, Maranhão, Rio Grande do Sul. Falamos com mais de cem líderes de paralisações – relata Márcio.
Os três caminhoneiros têm perfil similar: casados, dois filhos e acostumados a realizar fretes de grãos. Eles negam qualquer acordo com o governo pelo final dos bloqueios. Também refutam relações com sindicatos, federações ou empresas, além de apoio de partidos, apesar de terem recebido auxílio de deputados do PP.
– O movimento é apartidário, não tem relação com impeachment da Dilma ou qualquer coisa do gênero – assegura Ivar.
Catarinense de Palmitos, Ivar, 43 anos, vive em Mossoró (RN) e tem um caminhão. Em dezembro, criou o Comando Nacional do Transporte, que ganhou página no Facebook. A ideia era promover protestos em 1o de abril, porém, a alta dos combustíveis antecipou a manifestação, que se iniciou no Centro-Oeste.
– A gente conhece muita gente pelo Brasil, porque para nos postos, conversa, troca telefone. O movimento foi crescendo – diz.

Dia de manifestações pacíficas por Santa Catarina

A quinta-feira foi de manifestações pacíficas e calmaria acerca dos protestos de motoristas no Oeste do Estado. Diversos municípios mantiveram os bloqueios, mesmo após as medidas anunciadas em Brasília, mas sem confrontos com a polícia. Equipados com caixas de som – que com frequência transmitiam o hino nacional – e envoltos na fumaça de muitos pneus queimados, motoristas, empresários e agricultores ainda brigam contra a alta das tarifas e do combustível.
Um novo bloqueio foi iniciado em Chapecó por volta das 9h de ontem, no trevo entre a BR-282 e BR-470, no perímetro urbano do município. Com alimento fornecido por empresas de transporte locais, os manifestantes bloquearam as rodovias e permitiram somente a passagem de veículo menores, cargas vivas e rações para animais. A cada 30 minutos liberava outros caminhões para seguir viagem. O protesto seguiu noite adentro.

Advogado percorre cidades do estado

Continua a prática, por parte dos presentes, de convocar mais colegas caminhoneiros para aderir. Na avaliação de um integrante do movimento, que não quis ser identificado, a paralisação tem poucas chances de acabar sem que ocorra uma queda no diesel.
Em Xanxerê, onde na terça-feira houve confronto entre o movimento e a Polícia Rodoviária Federal (PRF), os manifestantes bloquearam a BR-282 completamente por cerca de uma hora.
A entrada de Xaxim também foi bloqueada no começo da noite, gerando extensas filas na rodovia. Em Faxinal dos Guedes, os manifestantes enfrentaram chuva e realizaram uma passeata, com apoio da Câmara de Dirigentes Lojistas.
O advogado Adelino Bortolon, que defende o movimento na Justiça, percorreu municípios do Oeste, onde se tornou referência para os manifestantes após ser detido pela PRF no confronto em Xanxerê. Nos bloqueios em que visitou, instruiu para que as manifestações continuem pacíficas.
Fonte: Diário Catarinense – Guilherme Mazui

“Criamos condições para a suspensão do movimento”
Miguel Rossetto – Ministro da Secretaria-Geral da Presidência


Em entrevista exclusiva ao Grupo RBS, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, responsável pelas negociações com os caminhoneiros, afirma que o governo confia na dispersão do movimento.
O governo fez uma proposta às lideranças dos caminhoneiros na quarta-feira, mas os bloqueios permanecem com força. O governo fará novas negociações?
O governo apresentou uma proposta consistente: carência de 12 meses para pagamentos dos financiamentos, negociação para instituição de uma planilha com valores de frete. As manifestações ainda resistem no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso, mas há diminuição inclusive nestes Estados. As propostas serão mantidas se houver o fim do movimento.

Houve dificuldade para identificar as lideranças?
Essa é uma característica do movimento, há uma dispersão muito grande de lideranças. A reunião (na quarta-feira) estava aberta para todos que quisessem participar, inclusive com a presença de empresários e lideranças regionais.

O senhor acredita que os principais líderes dos movimentos estavam representados na reunião?
Sim. Mesmo assim, depois da reunião, mantemos contato direto com as lideranças regionais. Criamos condições claras para a suspensão do movimento.

O senhor fará novas reuniões em razão da resistência em alguns Estados?
Não vamos promover uma nova reunião. Vamos aguardar a suspensão dos movimentos para implementar as medidas.
E se os bloqueios continuarem, qual será a reação?
Não trabalhamos com a hipótese de não suspensão dos movimentos. Houve conquistas importantes frente à agenda apresentada. Temos que nos afastar do risco de desabastecimento.
Fonte: DC – Carolina Bahia

Com a credibilidade em xeque

O principal impacto da falta de alimento para as criações de frango e de suínos é econômico e pode decorrer do conceito de “bem-estar animal”. Produtos que são fruto de criações que tenham sido maltratadas antes do abate – o que é o caso de passar fome por falta de ração – são malvistos nos mercados internacionais mais exigentes e perdem a qualidade.
– Estamos fazendo o possível. Hoje ainda há alimento e um esforço conjunto para evitar que isso aconteça – disse o secretário estadual adjunto da Agricultura, Airton Spies.
Se a questão chegar a esse ponto, compradores internacionais podem decidir romper contratos com as empresas. A Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de SC (Cidasc) e a Secretaria de Agricultura acreditam que, diretamente, a falta de alimento para os animais não deve afetar as certificações sanitárias. O fato de SC estar livre da febre aftosa tornou o Estado uma referência no agronegócio do país. Outra contribuição para a boa imagem no mercado é a independência de vacinas e medicamentos por parte da Organização Mundial da Saúde Animal (OIE). Isso garante acesso a mercados que pagam mais pelos produtos com essas características, como é o caso do Japão na compra de carne suína. Em maio SC deve receber o status de livre de peste suína clássica. É a primeira vez que a OIE certifica regiões para esse tipo de doença animal. E é também uma espécie de garantia prévia para o Estado, já que a certificação pode passar a ser uma obrigação para vender para países mais exigentes.
Um dos temores das autoridades sanitárias do Estado é que, se houver canibalismo, isso pode ser usado por mercados concorrentes ao Brasil na reunião da Organização Mundial da Saúde Animal em maio. Se a situação chegar a este extremo, outros países podem fazer um lobby para evitar que Santa Catarina receba a confirmação desse certificado, alegando desrespeito por parte dos criadores estaduais.
– Pode interferir na reunião. Não pelo caráter técnico, mas pelo abalo da imagem do bem-estar animal – disse o presidente da Cidasc, Enori Barbieri.

Situação intermediária em Santa Catarina

Entre a situação de produção normal e a falta de comida às criações de frango e de suínos, Santa Catarina está agora em uma área intermediária que seria a “margem de manobra”. Na pior situação, sem ração, os animais começam a se canibalizar devido à fome.
– Infelizmente corremos sérios riscos de que isso possa acontecer – afirma Barbieri, destacando que se chegar a esse ponto o produtor é multado e obrigado a realizar abate sanitário dos animais.
Fonte: DC – Thiago Santaella

Indústrias na iminência da paralisação total

Pelo menos 10 unidades frigoríficas estão fechadas no Estado em virtude da greve dos caminhoneiros. Outras fecham amanhã, algumas estão com produção parcial e as demais fecharão logo caso os bloqueios continuem.
– Até sábado para tudo – garantiu o diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados de Santa Catarina (Sindicarne) e da Associação Catarinense de Avicultura (Acav), Ricardo Gouvêa. Ele afirmou que a Aurora e a JBS são as mais atingidas e a BRF está com produção parcial.
De acordo com a assessoria de imprensa da Aurora, estão paradas as unidades de São Miguel do Oeste, Maravilha, Quilombo, Joaçaba e as duas de Chapecó. Estão atingidas ainda duas unidades gaúchas, que fecham amanhã. A indústria deixa de abater 17 mil suínos e 900 mil frangos por dia paralisado. Dos 23 mil funcionários apenas 3 mil seguem trabalhando.
De acordo com o Sindicarne também estão paradas as unidades da JBS em Itapiranga e São Miguel do Oeste, e a BRF de Capinzal. Estão com produção parcial as unidades da JBS em Seara e da BRF em Chapecó, Concórdia, Herval do Oeste e Videira.
– Não temos ainda como medir todos os prejuízos. Tem gente dando milho puro aos animais – afirmou Gouvêa.
A unidade da Aurora em São Miguel do Oeste está parada desde terça-feira. No local, seriam abatidos 1,9 mil suínos por dia e industrializadas 110 toneladas, além de 50 toneladas de cortes congelados. Há 160 toneladas de carcaça estocada e mais 200 toneladas de produtos industrializados em caminhões no pátio da empresa. São produtos que iriam para o Centro de Logística de São José dos Pinhais (PR) com destino para a China.
A maior preocupação é com a validade dos produtos, pois carcaças duram apenas sete dias resfriadas. Depois tem que industrializar ou então jogar fora. Mas até para industrializar está complicado, pois não tem mais espaço nas câmaras frias e condimentos e embalagens estão em falta. Os caminhões que transportam esses produtos estão bloqueados. Gouvêa avalia que a forma como a manifestação está sendo feita pune também agricultores e indústrias.
Fonte: DC – Darci Debona

Bolsos vazios motivam caminhoneiros

Embora liderem o movimento que já causa prejuízos bilionários à economia e falta de produtos à população, a maioria dos caminhoneiros em SC mantém os protestos. Para eles, as promessas do governo federal não foram suficientes. Cobram redução do preço do diesel e valor mínimo para o frete. A disposição em continuar de braços cruzados ocorre porque a categoria está trabalhando com prejuízo, não sobra dinheiro para levar para a família, explica Ademir de Jesus, presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Containeres e de Cargas em Geral de Itajaí e Região (Sintracon), entidade que não aderiu à mobilização.Segundo ele, os caminhoneiros de São Paulo conseguiram reajustes para fretes, mas em SC a maioria enfrenta o mesmo preço dos últimos anos enquanto os custos não param de subir. Cita como exemplo um frete de Itajaí para São Paulo, distância de quase mil quilômetros para a qual o caminhoneiro recebe apenas R$ 2,5 mil. Como o veículo faz 2,5 quilômetros por litro, o dinheiro mal dá para pagar o combustível. O que se espera é que o governo volte a negociar e que se chegue a um acordo.
Fonte: DC – Estela Benetti

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