São Paulo, 19.12.14 – A promoção da segurança viária é uma prioridade internacional. Os países de renda média, em processo concomitante à elevação da renda, vivenciaram um acelerado processo de motorização nos últimos anos que em muitas localidades não foi acompanhado de medidas adequadas para a redução dos índices de acidentes fatais no tráfego. Esse é um dos motivos que fez as Nações Unidas decidirem pelo lançamento da Década Internacional de Ação pelo Trânsito Seguro (2011-2020), coordenada pela Organização Mundial da Saúde globalmente e que envolve governos, sociedade civil e empresas, com meta de redução de 50% nas vítimas fatais de acidentes no período. O Brasil é signatário deste compromisso internacional, conforme foi destacado nesta Folha de S.Paulo na edição de 29/10 na matéria “Em 2 dias, trânsito mata mais do que uma tragédia aérea”. Seria como se a cada 10 minutos, aproximadamente uma pessoa morresse no Brasil em acidentes de trânsito, o que destaca a importância da meta de redução para o país. Para cumpri-la, uma das prioridades deve ser a mudança de comportamento dos motoristas. O desafio é significativo e o Brasil já avançou em medidas para tornar o trânsito mais civilizado. O grande marco desta ação foi dado em 1997 com a promulgação do Código de Trânsito Brasileiro, que elevou o patamar civilizatório do tráfego, sendo constantemente aperfeiçoado na última década. O principal exemplo é o maior rigor contra a ingestão de álcool por motoristas. Também merece destaque os investimentos em serviços de emergência, que reduziram o risco de morte por atendimento inadequado ou atrasado. Mas o caminho ainda é longo. A sociedade brasileira precisa observar a experiência de países como Reino Unido, Suécia e Austrália, entre outros, que conseguiram importantes resultados em tornar o trânsito menos hostil. Essa experiência internacional mostra que os indicadores melhoram a partir de ações multisetoriais e, acima de tudo, persistentes, que não buscam apenas resultados no curto prazo. A interação entre os principais órgãos que guardam relação com o assunto também é fundamental. Isso significa integração entre autoridades policiais e trânsito, agências reguladoras de transporte, dirigentes de educação, órgãos de saúde, sociedade civil e iniciativa privada. Nesta última incluímos as concessionárias de rodovias, que já desenvolvem diversas ações neste sentido. As rodovias sob concessão, de maneira geral, já vivenciaram nos últimos anos importantes avanços para se tornarem mais seguras, beneficiando diretamente algumas das regiões mais populosas do país. Estradas que antes sofriam com a constante degradação passaram a contar com permanente trabalho de manutenção e aprimoramento. Em caso de pistas mais defasadas, obras de duplicação ou correção de traçado passam a garantir melhores condições de tráfego. Outros investimentos em serviços, atendimento médico e construção de passarelas também merecem destaque.
*David Díaz é diretor presidente da Arteris.