Por Paulo Padrão, Vice-Presidente Senior e General Manager da ASG Technologies para a América Latina.
A nova Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) marcará uma profunda transformação no modo como as empresas utilizam as informações de seus clientes. Mas, embora já esteja claro que a regulamentação alterará por completo a rotina de segmentos como o e-commerce, varejo, bancos e telcos, o fato é que outros mercados ainda parecem seguir longe das discussões. Por exemplo: você já imaginou como a LGPD vai impactar o setor de logística no Brasil?
Essencial para o sucesso do comércio eletrônico, o transporte de cargas e encomendas é uma das áreas que mais precisarão se adequar às demandas da nova regra. Afinal de contas, além da loja virtual de sua preferência, quem faz a entrega de seus pedidos também tem acesso a suas informações pessoais — como nome, endereço, telefone, documentos etc. Sendo assim, não é difícil entender por que as companhias do setor logístico precisam se atentar às definições da LGPD, sobretudo no que se refere à privacidade e à gestão de dados.
A nova regulamentação exigirá que todas as organizações que trabalham com dados pessoais e ou dados sensíveis busquem modelos de atuação mais seguros e inteligentes, protegendo seus clientes contra possíveis roubos ou vazamentos de dados. Por isso, mesmo que as empresas logísticas não sejam responsáveis diretas por coletar as informações dos consumidores, elas também devem trabalhar para manter suas operações em conformidade com as regras.
De forma geral, as companhias do setor logístico precisarão alterar por completo as exigências para uso, armazenamento e compartilhamento de informações dos clientes. Além disso, há uma questão a ser pensada: o que fazer com os dados dos consumidores depois de uma entrega? Qual é o destino a ser dado a essas informações? É justamente esse tipo de resposta que a LGPD exigirá e norteará a partir de agosto de 2020.
O primeiro passo na preparação para essa jornada é avançar no conhecimento sobre como a LGPD afetará a rotina das operações, planejando ações que garantirão a visibilidade e o controle de todos os ativos digitais. Para a criação desse ambiente regulamentado, será preciso analisar toda a estrutura para mapear quais dados são armazenados, os locais de armazenamento, as áreas que utilizam essas informações e quais são as verificações e controles que precisam ser criados para as necessidades específicas de cada equipe ou área de atuação.
Mas é preciso deixar claro que a nova lei não pode ser encarada apenas como mais uma exigência regulamentar ou um simples projeto de TI. É importante que os líderes vejam a LGPD como uma oportunidade de reforçar suas habilidades para o futuro digital, transformando as informações e análises de dados em uma rica e verdadeira fonte de evolução dos negócios. A adequação à legislação não é somente um projeto de tecnologia ou jurídico – mais do que isso, é uma chance de construir uma operação segura e eficiente por meio da inovação tecnológica e da visão estratégica dos negócios.
De fato, o grande impacto que a LGPD traz às empresas é a necessidade de cuidar e utilizar seus dados como um tesouro a ser protegido de forma permanente dentro das operações. Com processos cada vez mais conectados, as informações estão no centro das atividades empresariais e diretamente associadas à satisfação dos clientes – ainda mais em um ramo como o mercado logístico, que precisa entregar agilidade, segurança e confiança em seus serviços.
O que os líderes devem avaliar, portanto, é como alinhar suas rotinas às exigências da lei e, a partir dela, construir um ambiente de inteligência de dados mais robusto e preparado para potencializar os resultados de suas corporações. Pesquisas indicam que veremos, em breve, um grande salto no uso de sistemas de automação focados em Data Intelligence, Analytics e Inteligência Artificial. E essas são justamente as ferramentas tecnológicas que ajudarão a integrar novas perspectivas de negócios.
A combinação entre a tecnologia e a estratégia das empresas é o melhor caminho para simplificar a geração de insights que permitam às organizações se ajustarem ao futuro. O momento demanda inteligência e preparo, acima de tudo. O que significa dizer, portanto, que as companhias de todas as áreas devem adequar o quanto antes suas estruturas. A continuidade dos negócios dependerá diretamente dos dados e não há tempo a perder. As empresas que conseguirem transformar os desafios da nova lei em oportunidades de crescimento e de geração de valor avançarão rumo ao sucesso.