Fortaleza, 07/08 – Mais de 60% das rodovias do PaÃs estão em péssimas condições de tráfego, ocasionando prejuÃzo de mais de R$ 1 bilhão por ano para o setor de transportes, principalmente de cargas. Para recuperar e modernizar o patrimônio rodoviário nacional, calculado em R$ 200 bilhões, são necessários cerca de R$ 10 bilhões, com repasses anuais de pelo menos R$ 1,5 bilhão. Como forma de contribuir para apresentar soluções à grave crise que atravessa o transportes de cargas do PaÃs, foi aberto ontem o 4º Congresso Nacional Intermodal de Transportadores de Carga, que prossegue até amanhã no Centro de Convenções Edson Queiroz.
No discurso de abertura do evento, o presidente da ABTC (Associação Brasileira de Transporte de Carga), Newton Gibson, afirmou que sem infra-estrutura adequada para o escoamento da riqueza nacional, o crescimento do PaÃs está inviabilizado. Não bastassem os fatores macroeconômicos desfavoráveis, com altas taxas de juros e crédito inacessÃvel, o setor ainda têm de enfrentar uma precária infra-estrutura que obriga as empresas a contabilizarem 30% do custo operacional para cobrir os prejuÃzos decorrentes de rodovias esburacadas e inseguras.
Não é à toa que um dos principais pleitos dos transportadores é assegurar a destinação legal de 75% da CIDE (Contribuição sobre Intervenção de DomÃnio Econômico) para a infra-estrutura dos transportes. No final de seu governo, o então presidente Fernando Henrique vetou a regulamentação da Cide para esse fim. ?A Cide é um ponto crucial para o setor. É inaceitável a posição adotada pelo governo de desviar os recursos para outros fins, como aumentar o superávit primário?, afirmou Gibson.
A modernização da frota de caminhões é outra demanda dos empresários, considerando que a idade média dos veÃculos atualmente é de 18 anos, quando o recomendável é 7 anos. O presidente da ABTC assegura que, quando o Programa de Inspeção Técnica Veicular entrar em operação cerca de 40% da frota deverá sair de circulação ? o programa está previsto para iniciar ainda neste ano, em cumprimento à s exigências do Código de Trânsito Brasileiro; prevê a verificação periódica das condições mecânicas e de emissão de poluentes.
ADIN ? Também presente ao evento, o presidente da CNT (Confederação Nacional dos Transportes) e vice-governador de Minas Gerais, Clésio Andrade, diz que o governo federal comete uma ilegalidade quando usa a Cide para outros fins. Há duas semanas, a CNT entrou com uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) no Supremo Tribunal Federal para assegurar a destinação correta dos recursos para a infra-estrutura dos transportes.
Ele defendeu uma regulamentação especÃfica para o setor, de forma a melhor disciplinar o funcionamento das transportadoras. São 13 mil empresas filiadas à ABTC, das quais a maioria é de médio porte, formando um quadro com 2,5 milhões de trabalhadores. O faturamento total do setor chega a R$ 60 bilhões anuais, sendo R$ 40 bilhões somente no setor de cargas.
ABCT quer refinaria no Nordeste – O transporte de cargas consome 75% do combustÃvel produzido no PaÃs. Para as transportadoras do Nordeste, o custo com combustÃvel torna-se mais pesado já que todas as refinarias estão fora da região. Como forma de garantir ao setor uma maior produtividade, a ABTC é uma das defensoras da instalação de nova refinaria da Petrobras no Nordeste.
O presidente da ABTC, Newton Gibson, acredita que a refinaria trará benefÃcios não só pelos empregos gerados na região, mas pela redução dos custos operacionais de muitos setores, especialmente e de transportes de cargas. O tema será discutido a partir das 14 horas de hoje, durante programação no 4º Congresso Nacional Intermodal de Transportadoras de Carga.
A programação do congresso neste segundo dia traz também um debate sobre o Programa de Inspeção Técnica Veicular. Na programação do último dia do evento, amanhã, acontecerá palestra seguida de debate sobre a CIDE. Em paralelo ao congresso acontece uma feira de novas tecnologias para o setor de transporte, com lançamento de produtos e serviços.
O congresso será encerrado com apresentação da Carta de Fortaleza, com os principais pleitos do setor. Além da destinação correta da CIDE, os empresários querem a definição de linhas de financiamento especial para o setor, assim como foi feito para a agricultura. Fonte: Diário do Nordeste