Rodovias de SC ficam piores a cada ano

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Rodovias de SC ficam piores a cada ano

Joinville, 27.10.03 – A qualidade das rodovias catarinenses caiu no ranking na pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Transportes (CNT) e divulgada quinta-feira da semana passada. Todas as ligações avaliadas no Estado na tradicional pesquisa da CNT despencaram posições em relação ao mesmo estudo do ano passado. A melhor colocação de Santa Catarina é o 22º lugar com a ligação Curitiba a Porto Alegre, considerada boa e que em 2002 estava no 6º lugar. Esse trecho, no entanto, apresenta em território catarinense (BR-101 Sul, não duplicada) 230 quilômetros deficientes e outros dez ruins. Em ligações internas, a mais bem colocada (São Miguel do Oeste e Itajaí, nas BRs 282 e 470) ocupa o 37º lugar nacional e é apontada como deficiente. Outra interna, Florianópolis a Lages (BR-282), que antes figurava em 29º, agora está em 64º. Na pesquisa atual, dois trechos considerados bons, agora aparecem “deficientes”, e outro então “deficiente”, agora é “ruim”. A Confederação atribuiu notas a 109 trechos pesquisados em todo o Brasil, 12 a mais em relação ao ano anterior, inclusão que pode ter influenciado na queda do desempenho de Santa Catarina.
Durante 32 dias, 11 equipes de pesquisadores percorreram 90.420 quilômetros de rodovias. Desses, 56.798 quilômetros foram avaliados, dos quais 1,9 mil em Santa Catarina. Os Estados mais consultados foram a Bahia, com 5.137 quilômetros de estradas, e o Rio Grande do Sul, com 3.895. As 17 melhores estradas passam por São Paulo, que teve 1.681 quilômetros pesquisados.
Na avaliação da CNT, o País tem pouco o que comemorar e em SC não é diferente. Dos resultados positivos, destaque para os 170 quilômetros considerados ótimos (na BR-101 Norte são 130) – a segunda maior quantidade da região Sul do País, na frente do Paraná com 89 e atrás do Rio Grande do Sul com 263. Ainda na comparação regional, o Estado gaúcho leva vantagem do Paraná na qualidade do pavimento, na sinalização e na geometria das vias. Das rodovias catarinenses pesquisadas, porém, 1.058 quilômetros foram qualificados como sendo deficientes, 260 como ruins e cerca de 40 como péssimos (SC-473, Oeste do Estado). Por outro lado, 400 quilômetros foram apontados como bons.

Condições

As ligações avaliadas que abrangeram rodovias catarinenses (federais e estaduais) são a BR-282 de Florianópolis a Lages e de Carazinho (RS) a Santa Catarina; a SC-473, da divisa com o Paraná até São Miguel do Oeste; as BRs 282 e 470, de de São Miguel do Oeste a Navegantes; a BR-116, trecho de Jaguarão (RS) a Curitiba; BR-153, trecho de Curitiba a Barra do Quaraí (RS; e a 101, entre Curitiba e Porto Alegre. Nestas, o trecho “péssimo” é o da SC-473, da divisa até Miguel do Oeste. Já o “ruim” é o da ligação do Rio Grande do Sul (Carazinho) com a BR-282 – são 58 quilômetros analisados, 48 deficientes e 10 ruins.
Depois, vêm os “deficientes”: a BR-282 de Florianópolis a Lages (80 kms ruins, 100 deficientes e 32 bons); Curitiba a Barra do Quaraí (RS) da BR-153, com 30 quilômetros ruins, 80 deficientes e 20 bons; São Miguel do Oeste a Navegantes, primeiro a BR-282 e, a partir de Campos, Novos, a BR-470, com 60 quilômetros ruins, 330 deficientes, 158 bons e 50 ótimos; Jaguarão a Curitiba, pela 116, com 20 kms ruins, 230 deficientes e 50 bons. Para a CNT, o trecho “bom” é Curitiba a Porto Alegre. Na parte catarinense da BR-101, são 130 quilômetros ótimos, 140 bons, dez ruins e 230 deficientes.
“As péssimas condições em que se encontram as rodovias brasileiras acarretam uma série de dificuldades que impossibilitam o crescimento do País”, analisou Clésio Andrade, presidente da CNT. Em todo o trecho pesquisado, o estudo revelou que 58,5% da extensão encontra-se com pavimento em estado deficiente, ruim ou péssimo (27.885 Kms); 77,6% da extensão não estão sinalizados de forma adequada (36.977 Kms); 34% da extensão não possuem acostamento (16.180 Kms), além da grande extensão com placas cobertas pelo mato (28,2% ou 13.428 Kms). Trechos com afundamentos, ondulações ou buracos acumulam 8.077 Kms, o equivalente a uma viagem de ida e volta entre Porto Alegre e Natal (RN). Os dados concluem que 82,8% das rodovias sob gestão estatal apresentam algum tipo de comprometimento quando avaliados simultaneamente a geometria viária, o pavimento e a sinalização.

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Para DNIT,
não há buracos

Joinville ­ O superintende da Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (DNIT) em Santa Catarina, João José dos Santos, comemorou o fato de não haver buracos nas estradas federais do Estado. Ele ficou otimista com a pesquisa da Confederação Nacional de Transportes (CNT) que apontou um nível razoável das estradas catarinenses, mesmo com a queda em comparação com o ano anterior. “O objetivo está sendo alcançado. Nosso trabalho é recuperar e resgatar a malha rodoviária do Estado que não recebia investimentos há muitos anos”, diz Santos.
O superintendente observa que vem sendo elogiado pelo trabalho desenvolvido pelo DNIT por vários segmentos em Santa Catarina. Dos quase 2,3 mil quilômetros de estradas federais em solo catarinense, o órgão está recuperando cerca de 80%. “A avaliação é positiva. Ainda temos muito que melhorar, mas estamos recapeando as rodovias críticas como a 280 e 470”, relata.
O presidente da Federação de Transportadoras de Cargas de Santa Catarina (Fetransc), Pedro Lopes, diz que a pesquisa da CNT acaba não mostrando a verdadeira realidade catarinense. Para ele, os transportadores estão sendo os mais prejudicados. “Nossas estradas estão ruins, mas de outros Estados está pior ainda. Não podemos nos enganar”, protesta. Para ele, os principais problemas estão na não duplicação da BR-101 (trecho Sul), BR-470 (Blumenau), BR-116 e a BR-280 (Jaraguá do Sul).

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Versão dos
caminhoneiros

Joinville – Poucos conhecem mais das condições das estradas brasileiras do que motoristas de caminhão. Eles trafegam pelos principais trechos, conhecem cada buraco e desvios da malha rodoviária do País. Estacionados num posto de fiscalização na BR-101, na região Norte do Estado, a opinião dos caminhoneiros é quase uma unanimidade: a pior trajeto de Santa Catarina é na BR-101 entre Palhoça e Osório. “Tem que tirar o pé do acelerador senão é morte certa”, avisa, em tom catastrófico, o motorista Vanderlei Luiz Lorencini, 42 anos, que há 23 percorre as estradas brasileiras.
A principal e mais movimentada rodovia catarinense está com conceito baixo entre os motoristas de caminhão. É justamente entre Palhoça e Osório, o trecho ainda não duplicado da BR-101, que provoca maior temor. “Tem gente que reza antes de entrar na rodovia”, conta Valdir de Souza, 48 anos, outro veterano do volante, como 20 anos de experiência. Para Souza, no entanto, o pior trecho do Brasil é na BR-101 na região sul do Rio Grande do Sul, próximo ao município de Mostardas, onde é chamada de “estrada do inferno”.
No geral, os profissionais avaliam como “razoáveis” as condições das estradas catarinenses. Quem circula no eixo Paraná-Santa Catarina compara as condições nos dois Estados. Eduardo Sierdovski, 54 anos, diz que as rodovias de Santa Catarina são melhores que as do Paraná. “Lá no Paraná, onde não tem pedágio é ruim.” Fonte AN

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