Florianópolis, 11.7.05 – Maior número de acidentes, mais feridos e mais mortos. As estatÃsticas das polÃcias rodoviárias federal e estadual em Santa Catarina mostram que o primeiro semestre de 2005 foi mais sangrento do que o mesmo perÃodo de 2004, quando morreram 243 pessoas nas estradas federais do Estado. Neste ano foram 274 os que perderam a vida nas mesmas circunstâncias. Nas estradas estaduais aumentaram em 55% as mortes. De janeiro a junho morreram 191 em 2005, contra 123 no ano passado. Mas os números da PRF e PRE mostram apenas óbitos no local do acidente. Ficam fora as mortes ocorridas nos hospitais.
Estradas em péssimas condições de tráfego e imprudência dos motoristas são apontadas como causas das tragédias que atingem milhares de famÃlias. Sem contar os custos com os acidentes e envolvidos.
Outro fator que contribui para o caos é o sentimento de impunidade. Só submete-se ao teste do bafômetro – o álcool é um dos responsáveis pelos números do trânsito – quem quiser.
– Infelizmente o motorista precisa sentir medo. Quando o atual Código de Trânsito entrou em vigor, em 1998, houve uma queda acentuada no número de infrações e de acidentes. Passado um tempo, o receio da perda da carteira e das multas caiu em descrédito – acredita Luiz Graziano, chefe do Núcleo de Comunicação da PolÃcia Rodoviária Federal em Santa Catarina.
Malha viária é fator de risco
Graziano participou recentemente de um evento no Rio Grande do Sul e diz ter ficado surpreso com os dados relativos ao Estado vizinho. Com cerca de 3 mil quilômetros de malha viária a mais do que Santa Catarina, o Rio Grande do Sul tem menos acidentes e menor número de feridos e de mortos. Estradas com melhores condições em conseqüência da terceirização é uma das explicações, na opinião de Graziano.
– Não se pode atribuir o problema apenas aos motoristas imprudentes. Uma malha viária boa dá mais segurança do que, por exemplo, o trecho não duplicado da BR-101 – observa Graziano.
Ele aponta a inexistência de balanças como um dos motivos das péssimas condições da rodovia. Com exceção de Itapema, não há controladores do peso das cargas transportadas.
– Também não temos radares fixos, fatores que estão na lista de causas do aumento das tragédias – aponta Graziano.
Homem jovem é a vÃtima mais comum
O perfil do acidentado em Santa Catarina é implacável. Jovens, maioria do sexo masculino e em idade produtiva. Entre as causas dos acidentes aparecem, por ordem: trânsito, arma de fogo e mergulho em águas rasas.
A falta de uso de cinto de segurança e do capacete, para os motoqueiros, acrescido da falta de conhecimento das estradas por onde trafegam são problemas identificados pela médica PatrÃcia Khan, que trabalha no Centro de Reabilitação do Estado, na Capital.
Faz quase dois anos que PatrÃcia está em Florianópolis. Com nove anos à frente da unidade do complexo Sarah Kubitschek, em Salvador, conclui que o excesso de velocidade é um dos grandes inimigos dos catarinenses.
Uso de álcool nunca é comentado
– Durante o atendimento os pacientes contam como ocorreu o acidente. Velocidade alta e desconhecimento da curva, do trecho, enfim, do local, quase sempre são mencionados. O mesmo não ocorre sobre o uso de álcool, que não é comentado – explica PatrÃcia, especialista em reabilitação dos incapacitados.
A médica diz que quanto mais cedo começa o tratamento, menos risco há de complicações. As deformidades são mais facilmente evitadas, assim como a ocorrência de problemas na pele e neurológicos.
A médica explica que mesmo diante de casos graves, a expressão “sem volta” deve ser evitada. Fonte: Diário Catarinense.