Florianópolis, 19.7.04 – Não seria espantoso constatar alguns setores catarinenses torcendo para que não haja um grande aquecimento simultâneo dos mercados interno e externo, ou mesmo para que as safras de commodities não insistam muito em continuar batendo sucessivos recordes. O fato incontestável é que, se a economia catarinense crescer acima de um determinado patamar, como tende a crescer, nossa infra-estrutura de transportes entrará em colapso. Pior que não poder exportar é vender e não entregar, atrasar ou fazer chegar produtos comprometidos pela demora e condições inadequadas de transporte e armazenagem. O assunto é grave. É urgente a necessidade de investimentos imediatos em estradas, portos, aeroportos e ferrovias para se reverter a ameaça de um apagão logÃstico. Em seguida, mais injeção de recursos permitiria avançar na busca da excelência em logÃstica e infra-estrutura, o que quer dizer reduzir custos e aumentar a competitividade.
É razoável cobrar do Executivo um olhar atento, já que a União historicamente tem deixado de lado os investimentos em infra-estrutura. A porcentagem de recursos investidos em relação ao PIB, nos últimos dez anos, teve seu melhor ano em 2000, quando foram destinados 0,39%. Em 2003, apenas 0,1% do PIB foi investido em infra-estrutura. Enquanto isso, continuamos pagando o dobro que nossos concorrentes no transporte rodoviário.
Nossos navios saem com meia carga, para não encalhar em canais que não são dragados. Isso depois de enfrentar sobreestadias de mais de 20 dias em épocas de safra nos portos, por onde saem 88% de nossas exportações. Nossos aeroportos têm custos proibitivos e as ferrovias carregam uma tal herança de desprezo que levarão décadas para se tornar competitivas. O custo desses gargalos está comprometendo os negócios. Para que o Estado afaste de vez a possibilidade de colapso nos embarques, é necessário, segundo apurou a Fiesc, que a infra-estrutura de SC receba investimentos federais de R$ 2,5 bilhões para construir, renovar, ampliar e adaptar estradas, aeroportos, ferrovias e portos.
*ALCANTARO CORRÊA/Primeiro vice-presidente do Sistema Fiesc