BrasÃlia, 3.2.05 – A circulação de veÃculos com seis eixos -conhecidos como bitrens, que transportam até 57 toneladas – sem a necessidade de Autorização Especial de Trânsito (AET) foi regulamentada no ano passado. No entanto, essas composições estão rodando nas estradas há mais de dez anos. Já as rodovias foram projetadas para receber uma tonelagem menor, e essa diferença estaria contribuindo para o desgaste das rodovias, de acordo com o supervisor de operações de infra-estrutura de transporte da 9.ª Unidade Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Unit), David Gouvea.
Segundo ele, as rodovias no Brasil foram construÃdas na década de 1950, e sua classificação era para veÃculos até 24 toneladas, “até porque os veÃculos maiores que tÃnhamos na época eram os Alfa Romeo, que transportavam de 18 a 20 toneladas”. Vinte anos depois, vieram os entroncamentos rodoviários, como os do Paraná, e a classificação aumentou, atualmente para 45 toneladas. “Tivemos que adaptar as estradas para uma nova frota, com maior capacidade”, falou Gouvea.
Os veÃculos que excediam esse peso – classificados como especiais -, precisavam de uma AET para circular. O documento é fornecido por quem administra a via, sejam governos estadual ou federal ou concessionárias. Em setembro de 2004, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) editou a resolução 164, que dispensa a AET para veÃculos de 45 até 57 toneladas. No entanto, caberia ao Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit) fazer a sinalização nas rodovias até 15 de dezembro, mas isso não aconteceu.
De acordo com David Gouvea, a principal implicação desse aumento de peso dos caminhões está refletindo na condições das rodovias. Segundo ele, as estradas são projetadas em cima de estatÃsticas, que levam em consideração diversos fatores. Um deles é o número de eixos. O padrão utilizado é 8,2 toneladas. “Quando se dobra a carga, o dano na via é como se tivessem passado 100 veÃculos do mesmo tipo”, falou.
Desculpas
“Estou falando daqueles afundamentos no pavimento. Isso é provocado pelo excesso de peso dos caminhões”, afirmou. Outro problema é a questão de segurança, uma vez que a frenagem de um veÃculo com muito peso pode não ser eficiente. O supervisor da Unit admite que o governo tem a obrigação de acompanhar a evolução dos veÃculos, melhorando a malha rodoviária. No entanto, não existem recursos suficientes.
Para o presidente da Federação das Empresas de Transportes de Cargas do Estado do Paraná (Fetranspar), Luiz Anselmo Trombini, as afirmações do supervisor não passam de desculpas. “O setor de transporte se adequou à realidade mundial, transportando mais mercadorias com um custo menor. No entanto, o governo não deu a contrapartida, melhorando as rodovias”, disse. Ele afirmou que estudos feitos por entidades de classe e por indústrias fabricantes de veÃculos – como os bitrens-, apontam que essas composições até diminuem os problemas nas estradas, porque existe uma distribuição melhor do peso. “Eles agora estão tendo achar um culpado para os diversos casos de sucateamento que estão aparecendo nas rodovias.”
Fonte: Paraná Online