Caminhoneiros estão entre o céu e o inferno

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Caminhoneiros estão entre o céu e o inferno

Concórdia, 25.7.05 – Os motoristas de caminhão de Santa Catarina vivem entre o céu o inferno. Ao mesmo tempo em que fazem parte de um setor que tem lucrado com o crescimento econômico em alta, enfrentam problemas que parecem insolúveis, como as más condições das estradas, falta de segurança e encarecimento constante do combustível (veja mais ao lado). “O atual momento é de apreensão. Mas projetando o setor para os próximos meses, tenho motivos para ser otimista”, diz o presidente do Sindicato dos Transportadores de Cargas do Oeste e Meio Oeste de Santa Catarina (Setcon), Tarcízio Vizotto.
A queda no ritmo da expansão produção industrial atingiu em cheio o setor de cargas. O freio na economia diminuiu a perspectiva de lucros dos transportadores, que retraíram também os investimentos.
O sindicato, por exemplo, abriu há três semanas uma compra conjunta de caminhões entre os associados com a previsão de preencher um pedido com 110 caminhões. Até agora, apenas 10 caminhões foram solicitados, apesar de cada veículo ter ficado em torno de R$ 20 mil mais barato.
Vizotto, que é dono de uma frota de 20 caminhões, prefere ser otimista. Ele acredita que as estradas brasileiras vão melhorar bastante até 2006, de acordo com uma promessa feita pelo Ministério dos Transportes. Vizotto dúvida que o transportador de Santa Catarina é o melhor do Brasil. Esse fato é que me traz a certeza de que vamos superar os problemas, como sempre fizemos, afirma o presidente do Setcon.
Para melhorar ainda mais o ânimo do setor, Vizotto queria apenas que o governo federal mexesse o quanto antes no preço do óleo diesel. “Na Argentina, o diesel custa 20 centavos a menos que no Brasil. A Petrobrás tem gordura para queimar, reclama. Segundo a Agência Nacional do Petróleo, o preço médio na bomba no Estado é de R$ 1,703 por litro. O combustível está mais barato em Florianópolis, onde pode ser encontrado a R$ 1,665, em média. O mais caro, em Mafra, a R$ 1,777.

Otimismo

O presidente do sindicato justifica seu otimismo relação ao futuro dos caminhoneiros. “O motorista de caminhão já não pode ser mais representado por alguém bonachão, que gosta de contar piadas em postos de combustível Brasil afora. O caminhão tornou-se uma ilha sofisticada, cheia de comandos. E o lucro do transportador reside na condução correta do veículo, economizando combustível, pneus e tempo. O motorista de hoje precisa ser tão qualificado quanto qualquer trabalhador profissional. ”

Problemas no Meio-oeste

Joaçaba – Caminhoneiros de toda a região de Joaçaba estão preocupados com a falta de carga nos últimos meses. São três os principais reflexos que estão colocando a categoria na berlinda econômica e conduzindo a atividade do posto de lucrativa, para a estagnação. Segundo o presidente da Cooperativa dos Transportadores de Cargas do Meio Oeste Catarinense( Cotramol), Mauro Spagnol, os principais vilões da atividade são: a estiagem prolongada do início do ano, a baixa na cotação do dólar e a crise política.
No primeiro caso, a seca serviu para diminuir a produção de grãos em toda a região e, conseqüentemente, minorar o transporte de cargas. No caso da baixa do dólar, ela está sendo responsável pela estagnação de negócios entre as empresas fomentadoras de carga, Por fim, ele diz que a crise política do País intimida a realização de investimentos, o que também afeta os transportadores, em vários níveis.
Só a estiagem está sendo responsável pela diminuição de 30% no volume de cargas na região. Os caminhoneiros, em contrapartida, não estão conseguindo suprir a necessidade de transporte de forma imediata e em alguns casos, a redução de trabalho chega a 50%. Se a baixa do dólar serviu para paralisar os negócios, não teve o mesmo efeito na diminuição dos preços dos insumos, que comumente tem seu preço elevado quando há aumento na cotação do dólar.
“Não há dúvidas que os insumos são os principais responsáveis pela baixa lucratividade da categoria. Além do óleo, pneus e outras necessidades de uso constante subiram de preço”. Enquanto isso, o frete está congelado e sem absorver estes aumentos. Conseqüentemente, o transportador é que está arcando com o gasto excedente em detrimento da sua lucratividade. “Não sei até quando eles conseguem agüentar nessa situação.”

Festa para quem vive na estrada

Concórdia – Centenas de caminhoneiros participaram ontem em Concórdia da Festa de São Cristôvão, o padroeiro dos motoristas. O encontro serviu também para comemorar a vitória de um concordiense numa das etapas do concurso “O Melhor Motorista de Caminhão do Brasil”, organizado pela Scania, no último dia 17. Marcos Simioni, 38 anos, venceu a eliminatória disputada em Concórdia e já está classificado entre os 12 motoristas que vão disputar o título no final de setembro, em São Paulo.
Marcos parou de viajar há quatro anos e hoje administra a empresa de transporte de cargas da família. O segredo para ganhar o concurso, mesmo não estando diariamente ao volante de um caminhão, foram os cursos de direção econômica, direção defensiva e de primeiros socorros.
Entre os finalistas do concurso havia um candidato que chamava bastante a atenção. Simone Isidoro, 35 anos, natural de Curitibanos e há 17 anos dirigindo um caminhão, escolheu a estrada como meio de vida e de diversão. “Adoro o que faço e não vou parar tão cedo.” Ela possui uma empresa de transporte em sociedade com o marido. Cada um dirige um caminhão. Ela já levou cargas para todos os estados do Brasil, mas nos últimos anos dedicou-se ao transporte de apenas um produto. “São viagens mais curtas.”

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