Frágeis ligações no trecho Sul da 101 – Série Reportagem DC

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Frágeis ligações no trecho Sul da 101 – Série Reportagem DC

Florianópolis, 27.7.04 – Se fossem um carro, as pontes do trecho Sul da BR-101 seriam um modelo popular dos anos 60 que têm levado o triplo do peso que poderia e que por esse motivo está precisando parar na oficina mais próxima, caso contrário deverá se aposentar em breve.
As pontes levam o triplo do peso porque nos anos 60, quando a maioria delas foi feita, o fluxo da rodovia era de 7 mil carros por dia (hoje ultrapassa de 20 mil). E precisam “parar na oficina” porque apresentam falhas que oscilam da falta de placas sinalizadoras à estrutura.
O Diário Catarinense percorreu 19 pontes do trecho Sul com o engenheiro civil Valmir Antunes da Silva, que trabalhou 32 anos no Departamento de Estradas e Rodagem (DER), e percebeu, em análise visual, falhas que dificultam o tráfego e que agem contra à saúde das pontes.
A equipe detectou, por exemplo, uma rachadura perto da junta de dilatação na ponte sobre o Rio Cubatão (em Palhoça) e um desplacamento da camada que reveste a laje da ponte sobre o Rio Massiambu (Palhoça), deixando ferros à mostra.
Em linhas gerais, disse o engenheiro representante da Associação Catarinense de Engenheiros (ACE), as pontes precisam de recuperação. “Podemos dizer que as pontes estão em fase crítica”.
Segundo o especialista, a restauração precisa ser feita para evitar “mais quedas de pontes”. Em 1999, a queda da ponte sobre o Rio Urussanga, entre Sangão e Içara, provocou a morte de um caminhoneiro.
Problemas podem dificultar a duplicação
No entender do Sindicato dos Engenheiros do Estado de Santa Catarina (Senge), do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea) e da ACE, as pontes precisam ser restauradas, senão correm o risco de atrapalhar a duplicação da rodovia no Sul (que ainda não tem data para acontecer).
No relatório Pela Vida, divulgado no ano passado, Senge, Crea e ACE justificam essa hipótese dizendo que “além do tráfego já registrado” as pontes e a pista devem “receber movimentação de cargas e de máquinas” durante as obras, motivo pelo qual precisam estar com a saúde em dia.

Fique por dentro
Descaso
O trecho de Palhoça ao Rio Grande do Sul mede 247 quilômetros
Existem 28 pontes no trecho
A maior mede 370 metros (sobre o Canal Laranjeiras)
A menor mede 29 metros (sobre o Rio Cambirela)
Foram projetadas para um tráfego de 7 mil carros por dia
Atualmente, o fluxo diário passa de 20 mil carros
Quanto custa?
Para fazer uma ponte de 100 metros de comprimento em pista simples, o DNIT gasta em média R$ 970 mil.
(o tipo de terreno pode diminuir ou aumentar esse valor). Fonte: DC

Engenheiros criticam falta de estrutura
O Sindicato dos Engenheiros do Estado de Santa Catarina (Senge), o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea) e a Associação Catarinense de Engenheiros (ACE) dizem que as pontes do trecho Sul oferecem perigo por serem “estreitas” e por não terem sinalização “vertical e horizontal” e proteção adequadas.
No Relatório Pela Vida, Senge, Crea e ACE destacam que nos 247 quilômetros de pista sem duplicação de Palhoça à divisa com o Rio Grande do Sul existem trincas, buracos, ondulações, desníveis, escorregamentos, remendos e “encontros de pontes em péssimas condições”.
No tópico Medidas Prioritárias para a Segurança na Rodovia, destacam que “nas cabeceiras das pontes deve-se colocar marcadores de obstáculo, defensas metálicas com balizadores reflexivos indicando o estreitamento da pista” e, sobre o asfalto, “tachões bireflexivos”.
O levantamento, divulgado no ano passado, observa que o estado das pontes, se não for melhorado, poderá retardar a duplicação da rodovia (a última promessa do governo federal diz que as obras começarão em agosto) porque, “além do tráfego já registrado” elas e a pista deverão “receber a movimentação de cargas e de máquinas” durante a obra.
DNIT defende que manutenção é feita.
O engenheiro do Departamento Nacional de Infra-Estrutura em Transportes (DNIT) Avani de Sá disse que as pontes do trecho Sul da BR-101 não apresentam indícios de comprometimento ou afim porque têm estrutura sadia.
Segundo ele, as pontes foram projetadas para durar mais de cem anos (atualmente elas têm entre 30 e 49 anos). “A durabilidade da ponte depende da conservação. E nós as conservamos: fazemos vistorias a cada ano, e sempre que detectamos algum problema o investigamos a fundo.”
Avani disse que já existem engenheiros estudando os problemas que o DC e o engenheiro Valmir Antunes da Silva detectaram nas pontes sobre os rios Cubatão (rachadura), Massiambu (desplacamento de concreto) e Tubarão (deflexão).
O engenheiro disse que o DNIT reformou nos últimos meses as pontes sobre o Rio Sangão (Sangão) e o Rio Massiambu (Palhoça) e a ponte-viaduto sobre o Rio Laranjeiras (Laguna). O trabalho, disse, recaiu sobre as vigas principais das pontes. Fonte DC

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