BrasÃlia, 9.6.04 – Prevenir a ocorrência de acidentes com produtos quÃmicos perigosos e aprimorar o sistema de preparação e resposta a emergências quÃmicas no paÃs. Este é o objetivo do Plano Nacional de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida a Emergências Ambientais com Produtos QuÃmicos Perigosos. O plano foi criado por meio do Decreto 5.098 de 03 Junho de 2004 no Diário Oficial.
DECRETO Nº 5.098 – DE 3 DE JUNHO DE 2004
Dispõe sobre a criação do Plano Nacional de Prevenção,
Preparação e Resposta Rápida a Emergências Ambientais com
Produtos QuÃmicos Perigosos – P2R2, e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso VI, alÃnea ?a?, da Constituição, e Considerando as referências da Constituição ao papel do poder público e da sociedade, no que diz respeito à s medidas de prevenção e proteção à saúde humana e ao meio ambiente;
Considerando o disposto no art. 5o da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, sobre a PolÃtica Nacional de Meio Ambiente, determinando que as diretrizes da referida PolÃtica sejam elaboradas soba forma de normas e planos;
Considerando os compromissos internacionais decorrentes da assinatura ou ratificação mediante decretos legislativos, de instrumentos que tratam do controle de produtos e resÃduos quÃmicos, tais como a Convenção de Roterdã sobre o Procedimento de Consentimento Prévio Informado para o Comércio Internacional de Certas Substâncias QuÃmicas e Agrotóxicos Perigosos, a Convenção de Estolcolmo sobre os Poluentes Orgânicos Persistentes e a Convenção de Basiléia sobre os Movimentos Transfronteiriços de ResÃduos Perigosos;
Considerando as declarações e textos como a Agenda 21 da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio-1992), que trata em seus CapÃtulos 19 e 20, respectivamente, da gestão ambientalmente segura e prevenção do tráfico ilÃcito de produtos quÃmicos tóxicos e também dos resÃduos tóxicos, e o Plano de Implementação da Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Joanesburgo-2002), que determinou a elaboração da Abordagem Estratégica para a Gestão Internacional de Substâncias QuÃmicas;
Considerando as diretrizes do Plano Plurianual 2004/2007, que incluem dentre os seus objetivos a promoção da prevenção e redução de riscos e a mitigação de impactos decorrentes de acidentes e emergências ambientais relacionadas à s atividades quÃmicas que podem ocasionar contaminação ao homem e ao meio ambiente;
D E C R E T A :
Art. 1º Fica criado o Plano Nacional de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida a Emergências Ambientais com Produtos QuÃmicos Perigosos – P2R2, com o objetivo de prevenir a ocorrência de acidentes com produtos quÃmicos perigosos e aprimorar o sistema de preparação e resposta a emergências quÃmicas no PaÃs.
Parágrafo único. O P2R2 será constituÃdo de ações, atividades e projetos a serem formulados e executados de forma participativa e integrada pelos governos federal, distrital, estaduais e municipais e pela sociedade civil, e observará os princÃpios, diretrizes estratégicas e a organização definidos neste Decreto.
Art. 2º São princÃpios orientadores do P2R2, aqueles reconhecidos como princÃpios gerais do direito ambiental brasileiro, tais como:
I – princÃpio da informação;
II – princÃpio da participação;
III – princÃpio da prevenção;
IV – princÃpio da precaução;
V – princÃpio da reparação; e
VI – princÃpio do poluidor-pagador.
Art. 3º São diretrizes estratégicas do P2R2:
I – elaboração e constante atualização de planejamento preventivo que evite a ocorrência de acidentes com produtos quÃmicos perigosos;
II – identificação dos aspectos legais e organizacionais pertinentes a tais ocorrências;
III – criação e operação de estrutura organizacional adequada ao cumprimento das metas e dos objetivos estabelecidos no P2R2;
IV – estÃmulo à adoção de soluções inovadoras que assegurem a plena integração de esforços entre o poder público e a sociedade civil, especialmente no âmbito dos Estados e MunicÃpios;
V – definição das responsabilidades respectivas do poder público e dos setores privados em casos de acidentes com produtos quÃmicos perigosos, e dos compromissos a serem assumidos pelas partes de proteger o meio ambiente e a saúde da população;
VI – desenvolvimento e implementação de sistemas de geração e compilação de informações essenciais à execução eficaz do P2R2, integrando as ações de controle (licenciamento e fiscalização)
e de atendimento a emergências, com as atividades de produção, armazenamento, transporte e manipulação de produtos quÃmicos perigosos, bem como assegurando ao cidadão o acesso à informação sobre os riscos de acidentes com produtos quÃmicos perigosos;
VII – mobilização de recursos humanos e financeiros apropriados e suficientes para assegurar os nÃveis de desempenho estabelecidos pelo P2R2;
VIII – fortalecimento da capacidade de gestão ambiental integrada dos órgãos e instituições públicas no âmbito federal, distrital, estadual e municipal, para o desenvolvimento de planos de ações conjuntas, no atendimento a situações emergenciais envolvendo produtos quÃmicos perigosos, estabelecendo seus nÃveis de competência e otimizando a suficiência de recursos financeiros, humanos ou materiais, no sentido de ampliar a capacidade de resposta; e
IX – aperfeiçoamento contÃnuo do P2R2 por meio de processo sistemático de auditoria e avaliação do desempenho e da revisão periódica das diretrizes, dos objetivos e das metas.
Art. 4º A estrutura organizacional incumbida de formular e supervisionar a execução do P2R2, compreendendo os projetos e as ações de prevenção, preparação e resposta rápida a acidentes ambientais com produtos quÃmicos perigosos nos âmbitos federal, distrital e estadual, bem como a articulação e proposição de parcerias com órgãos públicos e entidades privadas afins, com vistas à sua implementação, constará, basicamente, da Comissão Nacional do P2R2 (CN – P2R2) e de Comissões Estaduais e Distrital do P2R2 (CE – P2R2 e CD – P2R2).
Parágrafo único. A critério das autoridades estaduais e distrital, as CE – P2R2 e CD – P2R2 poderão ser substituÃdas por estruturas equivalentes, desde que formalmente constituÃdas.
Art. 5º A CN – P2R2 terá a seguinte composição:
I – um representante de cada Ministério a seguir indicado:
a) do Meio Ambiente, que a coordenará;
b) da Integração Nacional;
c) da Saúde;
d) de Minas e Energia;
e) do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior;
f) do Trabalho e Emprego;
g) dos Transportes; e
h) da Justiça;
II – cinco representantes de cada instituição a seguir indicada:
a) Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Meio Ambiente – ABEMA; e
b) Associação Nacional de MunicÃpios e Meio Ambiente – ANAMMA;
III – dois representantes de organizações não-governamentais e do setor privado.
§ 1º Os representantes de que tratam os incisos I e II, e seus respectivos suplentes, serão indicados pelos titulares dos Ministérios e instituições representados.
§ 2º Os representantes de que trata o inciso III, e seus respectivos suplentes, serão indicados pelos segmentos representados.
§ 3º Os representantes de que tratam os incisos I a III, e seus respectivos suplentes serão designados pelo Ministro de Estado do Meio Ambiente.
§ 4º A CN – P2R2 contará com uma secretaria-executiva e poderá constituir grupos de apoio a emergências e de preparação a resposta, bem assim comitês técnicos para finalidades especÃficas.
Art. 6º Compete à CN – P2R2:
I – zelar pela observância dos princÃpios e assegurar o cumprimento do objetivo geral e das diretrizes estratégicas do P2R2;
II – articular e propor parcerias com órgãos públicos e entidades privadas afins, visando à implementação do P2R2;
III – identificar as oportunidades e estimular o aperfeiçoamento dos instrumentos de gestão do P2R2;
IV – proceder à análise de acidentes em conjunto com outras entidades, quando julgar necessário;
V – promover o desenvolvimento, implantação, atualização, padronização e acesso ao sistema de informações do P2R2 e apoiar os Estados, o Distrito Federal e os MunicÃpios nesse sentido;
VI – divulgar e disseminar informações relativas ao P2R2, seus objetivos, diretrizes e organização;
VII – mobilizar os recursos humanos e financeiros de suporte ao plano, visando garantir a implantação e manutenção do P2R2;
VIII – incentivar a criação de Comissões Estaduais e Distrital e colaborar com elas na implementação do P2R2;
IX – apoiar as CE – P2R2, CD – P2R2 e entidades municipais, mediante solicitação dessas, na ocorrência de acidentes de maior gravidade;
X – elaborar o seu regimento interno e unidades vinculadas.
Art. 7º A participação nas atividades das CN – P2R2 será considerada função relevante, não remunerada.
Art. 8º Poderão ser convidados a participar das reuniões da CN – P2R2 representantes de órgãos públicos e entidades privadas afins.
Parágrafo único. As despesas decorrentes do desempenho da função de membros na CN – P2R2 correrão à conta das dotações dos Ministérios, instituições e segmentos representados.
Art. 9º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
BrasÃlia, 3 de junho de 2004; 183º da Independência e 116º da República.
LUIZ INÃCIO LULA DA SILVA
Marina Silva
Ministra do Meio Ambiente. Fonte: ABTI