BrasÃlia, 5.10.04 – Com o passar dos anos, um investimento rodoviário vem ofuscando outras necessidades e se tornou o foco das atenções entre os polÃticos e empresários catarinenses. Todos exigem há mais de dois anos a duplicação do trecho Sul da BR-101 sem olhar para a situação das outras sete estradas federais que cortam o Estado. O clamor obstinado acaba se refletindo no planejamento do Ministério dos Transportes que orçou investimentos de R$ 90 milhões para a duplicação da vedete e R$ 9 milhões para construção de um pequeno trecho da BR-282. Ou seja, 10% do valor previsto para a 101.
Apenas um olhar para o mapa rodoviário catarinense já revela o tamanho da importância da BR-282. Ela cruza todo o Estado de Leste a Oeste e liga Santa Catarina à Argentina. Contudo, carece até de pavimentação em alguns trechos. A 101, no trecho solicitado, liga Palhoça ao Rio Grande do Sul.
No orçamento desse ano, elaborado em 2003 já com as emendas da bancada catarinense, lá está a diferença novamente. Enquanto as BRs 280, 116, 280 e 470 têm que fatiar um orçamento de pouco mais de R$ 20 milhões, a BR-101 sozinha recebeu emenda no valor de R$ 10 milhões. A única explicação possÃvel para tanta histeria em relação a vedete dos investimentos no Estado deve ser o turismo, já que juntas as outras sete rodovias devem ter um fluxo maior de produção do que 101, apesar de ser a ligação mais próxima com os portos do Estado.
Enquanto a duplicação da BR-101 está presente todos os discursos de polÃticos e empresários catarinenses, a BR-282 foi esquecida como via principal de ligação. A BR-116 continua a sofrer com vários trechos esburacados. Quem trafega pela BR-280 não dispõe de acostamento por muitos quilômetros. Os motoristas que precisam diariamente das BRs 158 e 163 enfrentam ralis na pista desgastada, com afundamentos e sinalização precária. Esse é o retrato traçado pelo Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (DNIT) no relatório sobre as “Condições das Rodovias Federais” que está disponÃvel em sua página na Internet.
A obsessão pela duplicação do trecho Sul da BR-101 está tornando a malha viária do Estado antiga e desgastada. A obsessão por apenas um projeto pode empurrar as empresas catarinenses para um apagão logÃstico. Fonte: AN
Compartilhe este post